A Guerra Que Me Ensinou a Viver é da autora Kimberly Breadley, um lançamento de 2018 da editora Darkside Books, e da sequência a história de Ada, que começamos a acompanhar em A Guerra Que Salvou a Minha Vida.

*Essa resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Ada viveu uma vida dura sendo agredida pela mãe e privada de realmente viver. Quando a guerra bate à porta e ela é retirada de Londres junto com o irmão e entregue a Suzan temporariamente, muitas das barreiras e medos que a cercam precisam ser lentamente derrubados para que ela possa, finalmente aproveitar a vida.

Depois dos muitos acontecimento, idas e vindas e um reencontro traumático, Ada está de volta na companhia de sua guardiã e prestes a fazer uma cirurgia que vai mudar definitivamente a sua vida. A mal formação em seu pé vai deixar de existir, mas ainda há muitos outros tormentos que a perseguem.

Com a casa de Suzan destruída, elas e Jaime vão morar em uma casa cedida pela família Thorton e, com isso, uma série de pequenos novos desafios vão se mostrar, principalmente quando pessoas inesperadas vão começar a fazer parte do dia a dia de Ada, que por muito tempo teve apenas o irmão.


Minha Opinião

Para começar, preciso dizer que estava um pouco receosa quando vi o anúncio desse lançamento. A história de Ada no primeiro livro me tomou de uma forma simples, mas profunda. Foi um daqueles livros que eu devorei e senti tantas coisas com ele, que quando a perspectiva de voltar à história aparece, o primeiro sentimento é o medo de estragar algo que havia sido incrível.

Porém, quando iniciei a leitura, vi que fazia sim bastante sentido seguir acompanhando a garota mais a frente. Os muros criados por Ada, em decorrência do tratamento imposto pela mãe, são extensos e difíceis de escalar. Para ela é muito difícil acreditar que será aceita sem julgamentos, que outras pessoas a amarão do jeito que ela é, quando a própria mãe não conseguia lhe proporcionar isso. E, junto com essa situação, a guerra e o medo.

Enquanto vemos novas batalhas sendo travadas dentro da garota, muitas das velhas questões ainda estão ali. Parece haver sempre uma dúvida gigante que acompanha Ada, porque para ela, para não sofrer ainda mais, parece mais sábio não se agarrar a certezas. Portanto, é uma luta constante que em muitos momentos pode ser confundida com birra ou pura teimosia da menina em dar um voto de confiança. Mas que ao mesmo tempo ecoa como algo real para alguém que passou pelas coisas que ela passou e é ainda tão nova ao ponto de não compreender completamente o mundo e as relações ao seu redor.

“Porque o Hitler é horrível? Ninguém sabe.”

Como alguém que se interessa muito por conhecer histórias que tem conexão com a guerra, conhecer a trama escrita com Bradley é por novas perspectivas em foco. Afinal, não eram somente os judeus e os alemães que estavam tendo suas vidas modificadas com os acontecimentos. É claro, que tudo é uma questão de proporção, mas olhar uma mesma realidade por outros pontos e, em como pessoas que não tinha nada a ver com o problema principal também viraram suas vidas de cabeça pra baixo em função disso, é dar ainda mais densidade à compreensão desse período.

Acho que algo que Ada me ensinou nesses dois livros, foi a ser mais empática. É muito fácil você julgar quando não está na pele. É fácil falar que ela deveria se abrir, que ela não valoriza a “sorte” que tem, quando todos os medos que a acompanham, não acompanham também a quem julga. É um exercício tentar se pôr em seu lugar, e foi isso que eu tentei fazer. Eu sou uma pessoas receosa também, eu demoro a confiar no outro, nas suas intenções e nos seus propósitos. Então porque não tentar compreender como Ada se sente?

E, além desse tópico central, há uma segundo assunto que é trazido mais na segunda metade que eu acho bastante relevante sempre que é trabalhado. É justo culpar toda uma nação pelas atitudes de uma porção? A guerra não é algo fácil e certamente não é uma situação preto no branco. Há muitas nuances a serem trabalhadas e acho que a autora conseguiu inserir nesse segundo livro mais uma pitadinha de questionamento, enquanto nos conduzia, mais uma vez, de forma fluída e rápida pelas páginas.

O que vemos em A guerra que me ensinou a viver é mais um passo em direção a felicidade. Não há um rompante final que vai trazer luz a tudo e solucionar todos os problemas. Não é assim que acontece na vida real e isso dá ainda mais credibilidade à história. É uma lenta compreensão, um novo olhar, pequenos passos. É a reconstrução de uma alma, a solidificação da confiança. Reaprender a amar.

Não tenho certeza se voltarei a me encontrar com Ada, mas posso dizer que ela já deixou a sua marca e, certamente, existindo um futuro ou não para ela nas páginas, há um futuro para as coisas que ela nos ensinou.

A GUERRA QUE ME ENSINOU A VIVER

Autor: Kimberly Bradley

Editora: Darkside

Ano de publicação: 2018

pós uma infância de maus-tratos, Ada finalmente recebe o cuidado que merece ao ter seu pé operado. Enquanto tenta se ajustar à sua nova realidade e superar os traumas do passado, ela se muda com Jamie, lady Thorton e Susan — agora sua guardiã legal — para um chalé em busca de um recomeço. Com a guerra se intensificando lá fora, as adversidades batem à porta: o racionamento de alimentos é uma preocupante realidade, e os sacrifícios que todos devem fazer em nome do confronto partem corações e deixam cicatrizes. Outra questão é a chegada de Ruth, uma garota judia e alemã, que gera uma comoção no chalé. Seria ela uma espiã disfarçada? Ou uma aliada em meio à calamidade? Mais uma vez, Kimberly Brubaker Bradley conquista com sua narrativa carregada de sensibilidade. Seu registro historicamente preciso revela o conflito armado pela perspectiva de uma criança, além de lançar luz sobre a atual crise de refugiados, a maior desde a guerra de Hitler, que já obrigou milhões de pessoas a deixarem seus lares em busca de paz. Discutindo assuntos delicados com ternura, a autora guia o leitor por uma jornada que mostra a beleza dos pequenos gestos. E, ao revelar as camadas de seus personagens, apresenta uma história sobre amadurecimento e aceitação — principalmente para Ada, que precisa aprender a acreditar. Acreditar em sua família e em si mesma. Na resiliência que vem da dor. Na superação que vem do medo. Na empatia, que reacende a humanidade. E no amor, é claro. Em sua forma mais pura e sincera. A Guerra Que Salvou a Minha Vida foi vencedor de diversos prêmios e adotado em escolas nos Estados Unidos. Agora, A Guerra Que Me Ensinou a Viver chega em uma edição capa dura e cheia de amor, como deve ser. A linha DarkLove ganhou mais um título que deixa marcado na memória que algumas heroínas salvam leitores pelo coração. Corajosa, justa e inteligente, Ada é realmente invencível.

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros