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A Menina que Roubava livros foi o primeiro livro que comprei
com o meu dinheiro, lá em 2007, em uma feira de cultura no centro da pequena São Sepé. Naquela época eu estava no 3º ano do ensino médio e ainda sabia pouco da vida. No colégio, assistindo as aulas de história, a gente aprendeu o nazismo como algo que marcou uma data, que durou de 1933 a 1945 na Alemanha, que nos apresentou Hitler. Conhecemos o significado da palavra genocídio, e é claro o holocausto, onde cerca de seis milhões de judeus foram mortos. Mas o que é difícil de imaginar, é como foi viver nessa época, que agora parece tão distante e diferente da sociedade que temos hoje. Mas não se engane, essas coisas são mais reais do que parecem, e não estão tão longe da gente.

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Eu nunca tinha ouvido falar do livro, mas o título e essa frase me chamaram a atenção, captaram o meu olhar, e fizeram com que eu desembolsasse R$ 49,90, que na época, era uma fortuna pra mim, pois eu só fazia uns galhos e ganhava uns R$ 200 reais por mês. Eu levei a menina pra casa, e me apaixonei por ela. Porque o livro é lindo, a história é linda e porque ele foi o meu primeiro, e é aquele velho ditado, mesmo hoje, no meio de dezenas de outros, o primeiro a gente nunca esquece.

A História da Menina que Roubava Livros é uma história triste, mas é bela. Bela porque mostra a esperança, a luta e a superação. Mostra o amor e a amizade em tempos que foram muitos difíceis e nos traz um pouco mais pra perto desse momento na história que parece tão abstrato.
a_menina_que_roubava_livros_frase1Alguns anos depois, caiu na minha mão O Menino do Pijama Listrado, li o livro, depois vi o filme e dai me perguntei o porque de a A Menina não ter virado um filme também. Os dois estão situados no mesmo cenário, mas como focos diferentes. O Menino do Pijama Listrado é focado no contraste entre o escalão alemão e os judeus, que aparecem separados apenas por uma cerca, mostrando um pouco sobre os campos de concentração, e como A Menina, mostra o amor que pode surgir em tempos de guerra, mesmo entre pessoas que poderiam se odiar.

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Esse final de semana saiu o filme e eu corri pra ver. Liesel, Bruno e Shmuel (os dois últimos, protagonistas do Pijama Listrado) tem muito em comum, não só pela história, mas pela lição que vieram nos ensinar. Os autores escolheram um forma diferente de contar um história dura, trouxeram o ponto de vista infantil, trouxeram os sonhos e necessidades de uma criança para mostrar o quanto todos sofreram. Eu não tinha me dado conta disso quando vi O Menino do Pijama Listrado, mas me dei por conta vendo A Menina que Roubava livros. Hoje percorri a internet atras de alguma resenha que refletisse o que eu senti, e achei uma que explicita de uma forma diferente, mas que no fim quer dizer o mesmo.

A crítica do Cinema com Rapadura denomina o filme de horror infantilizado e aponta inúmeros defeitos, dá nota 5 e diz que o filme é ruim. Eu achei o filme muito bom, exatamente pelo ponto que ele achou negativo, a implicidade do horror. Não é preciso mostrar corpos cheios de sangue ou gente sendo morta em câmaras de gás, TODOS sabem que isso aconteceu, todos conhecem a história, ou se são muito novos, vão conhecer. Há algo mais bonito do que emocionar pela simplicidade e não pelo exagero? Eu chorei em vários momentos do filme, e não fui a única. Muita gente saiu da sala fungando e com os olhos vermelhos. Velhos, novos, homens e mulheres, todos tocados pela sutileza do horror, que mesmo implícito, se fez presente.

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O livro é de autoria de Markus Zusak (entrevista com ele aqui), australiano, que lançou seu primeiro livro em 1999 (O Azarão). Confesso que do mesmo autor só tive a oportunidade de ler O Mensageiro (2002), que também é muito bem construído. Lançado em 2005, A Menina que Roubava Livros apresenta a perspectiva de a narrativa ser contada pela Morte, e encanta logo no primeiro olhar. A leitura é leve e fluída.

Na minha opinião, o autor pecou somente por ser sucinto demais. Gostaria de saber mais sobre o Max, sobre como era a vida dele antes, durante e depois. Poderia ter sido escrito um livro somente sobre ele, contando a perspectiva dele sobre o tempo em que passou com ela. Ele é um personagem encantador, que merecia ter mais desdobramentos. E, acaba por sendo esse minha única decepção com o filme também, a falta de aprofundamento dos personagens.

 

Sinopse do livro:

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A trajetória de Liesel Meminger é contada por uma narradora mórbida, porém surpreendentemente simpática. Ao perceber que a pequena ladra de livros lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. Traços de uma sobrevivente – a mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los em troca de dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. Essa obra, que ela ainda não sabe ler, é seu único vínculo com a família. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a cumplicidade do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que a ensina a ler. Em tempos de livros incendiados, o gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. A vida na rua Himmel é a pseudorrealidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um jovem judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela história. A Morte, perplexa diante da violência humana, dá um tom leve e divertido à narrativa desse duro confronto entre a infância perdida e a crueldade do mundo adulto.

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