Agente do Caos faz parte da duologia The X-Files: Origins e foi escrito por Kami Garcia. É um lançamento de 2017 pela editora Harper Collins.

SOBRE O LIVRO

Ele nem sempre acreditou.

Fox Mulder é um jovem de 17 anos com vários dilemas a resolver. Além de ter um convívio nada bom com o seu pai, ele também precisa se adequar a constante mudança de cidade e também superar a dor da perda de sua irmã, Samantha, que ocorrera alguns anos antes. Sua última mudança foi para Washington, e para Mulder, ali poderia ser uma boa opção de esquecer os problemas e seguir em frente.

Mas quando uma garotinha é sequestrada em circunstâncias parecidas com a de Samantha, a esperança ressurge no coração de Mulder e ele se convence de que se encontrarem o criminoso, poderão descobrir onde sua irmã foi parar. Para piorar a situação, alguns dias depois do rapto da garota, um corpo de um menino é encontrado em um cemitério local, com indícios do que pode ser um culto satânico, ritual espiritual ou até mesmo uma assinatura doentia do assassino.

“A natureza não cria monstros. Apenas os humanos fazem isso”.

Diante de tantas coincidências, Mulder carregará seus amigos Gimble e Phoebe em uma aventura arriscada em busca da identidade do assassino, para tentar salvar a vida da garotinha. Enquanto vai descobrindo pistas que a polícia e o FBI não conseguem ver, Mulder mergulhará em um mundo de conspiração, ocultismo e até mesmo possíveis evidências de contato alienígena, onde cada pista aleatória pode compor uma peça única do quebra-cabeça.


MINHA OPINIÃO

Há algum tempo, mencionei aqui no blog que a série The X-Files: Origins seria lançada no Brasil. E logo que ela foi publicada, eu corri comprar, afinal de contas, me considero um mega fã do seriado e queria muito conhecer um pouco sobre o passado dos dois personagens ícones da TV. Mas, por serem livros com uma linguagem mais jovem, minha maior preocupação era com a possível descaracterização que os personagens poderiam sofrer. Por sorte, Kami Garcia conseguiu absorver a essência do seriado e apresentou um Fox Mulder jovem muito próximo àquele mais velho.

Agente do Caos buscará explicar, de uma forma bem simples, como Fox Mulder começou a acreditar em teorias da conspiração, segredos do governo, alienígenas, entre outras ideias fora do comum. Não é uma história que aprofundará muito estas questões, mas servirá de ponte para justificar o que acontece nas 9 temporadas da série da TV. Logo, pode ser que alguns leitores e fãs se sintam um pouco frustrados com a história, já que ela não mostra presença alienígena, óvnis ou contatos de terceiro e quarto grau, ainda que os mencione.

“A raça humana violou os princípios da Lei e pertubou o Equilíbrio Cósmico. Por isso os alienígenas nos escolheram para ser as cobaias deles, e não vão parar até alcançar a meta.”

A personalidade do protagonista é condizente em vários aspectos. Mulder tem 17 anos e é um garoto diferente e bastante reservado. Possui inteligência acima da média e sua memória fotográfica o ajuda a lembrar de qualquer detalhe e/ou informação que pudesse passar desapercebida pelas demais pessoas. Porém, uma lembrança em específico ele não consegue ter, nem mesmo os menores detalhes que poderiam lhe dar um pouco de paz: o que aconteceu na noite em que sua irmã, Samantha, desapareceu.

É esta falta de detalhes sobre a irmã que o motivará a investigar o aparecimento de crianças mortas na região, sempre com a ajuda de seus dois melhores amigos: Gimble e Phoebe. Para Fox, a ligação entre os recentes crimes e o sumiço da irmã eram muito óbvios: desde a forma como o crime ocorrera, até a idade e perfil das crianças. Não acreditando que a irmã está morta, Mulder imagina que capturar o assassino destas pode ser a chave para encontrar a irmã.

“X não conseguia entender como o chefe conseguia fumar e conversar ao mesmo tempo sem deixar o cigarro cair da boca. Mas a avó dele costumava dizer: o diabo tem seus truques.”

Por um lado é um pouco complicado imaginar o personagem conduzindo uma investigação por contra própria e com a ajuda dos amigos. Mas para quem assistiu a série, sabe o quanto Fox era imprevisível e teimoso. Além do fato, também, que a esperança de descobrir a verdade lhe dava forças para desafiar as autoridades.

O que torna a história um pouco chata é que, como são três jovens, haverá momentos em que os personagens vão discutir por coisas bobas, como por exemplo, qual personagem de Star Wars é melhor, ou qual nave é a melhor entre a Entreprise (Star Trek) e a Millenium Falcon (Star Wars), fora outras discussões, como o ciúme de Mulder por Phoebe, que no final das contas não agrega nada de interessante. Além de ser entediante, acredito que grande parte das discussões bobas não condizem com a idade dos personagens, que já estão quase fazendo 18 anos. A autora poderia ter dado um ‘ar’ mais adulto para eles.

“Um pensamento se repetia enquanto Mulder corria: Coincidências não existem.”

Um detalhe que notei sobre a trama é que ela possui duas linhas de pensamento, que juntas no final justificam o personagem por completo. A primeira é que a investigação que Mulder e seus amigos fazem contribui apenas para incentivá-lo a entrar para o FBI, já que ele mostra grande potencial para traçar perfis criminais. A segunda linha de pensamento é a que ocorre toda vez em que Mulder conversa com o Major, o pai de Gimble.

Este personagem em questão é um ex-militar de alta patente, mas que após perder a esposa em um trágico – e suspeito – acidente acabou ficando meio paranoico. Ele acredita que a casa está sendo o tempo todo vigiada, se comunica por códigos tratando o filho como um soldado. Nas conversas que tem com Mulder, mais da metade das coisas que ele fala são sem sentido, porém, aos poucos, o protagonista vai captando pequenos fragmentos de informações úteis que acabam ajudando ele na investigação que fazia por conta. Esse é o momento em que personagem começa a abrir a mente para o impossível, inclusive a respeito de alienígenas.

O Major foi o personagem que eu mais gostei. Eu acredito em vida alienígena e, ainda que eu não seja paranoico como o personagem, compreendo porque ele é tachado como maluco. Afinal, ainda que o assunto esteja em alta, muitas pessoas consideram loucura ou bobeira. O fato é que não há provas que digam que sim, nem que digam que não. Então até lá, a máxima contínua valendo: a verdade está lá fora, e nesse sentido, o Major já sabia de cor.

“O Caos não existe sem Ordem.”

Para finalizar, preciso dizer duas coisas: a primeira é que o nome do livro está diretamente relacionada à Teoria do Caos. Formulada por Edward Lorenz em 1963, afirma que eventos aparentemente independentes possuem uma ligação e que, no final das contas, todas formam uma coisa maior. É nessa linha que segue o livro. Acontecimentos e informações avulsas estão todas interligadas, e Fox consegue percebe-las, e assim, ver o que os outros não viam (o que também justifica os objetos presentes na capa). Para mim, que já conhecia o conceito da teoria, foi uma sacada e tanto nortear o enredo com ela. A segunda coisa que quero dizer é que a trama se passa nos anos 80, o que também é muito legal pois aqui vemos a tudo acontecer sem o uso de celulares, computadores e todos os aparatos tecnológicos que poderiam tirar o brilho da história.

Agente do Caos é um bom livro, mas deixa a desejar um pouco por se perder em dilemas adolescentes que não condizem muito com a idade dos personagens. Mas, acredito que para quem não conhece o seriado é uma boa forma de começar a se aventurar nesse universo. Além é claro, de indicar o livro também para quem é fã. Afinal, mesmo sendo uma história jovem, conhecer o passado do personagem torna o seriado ainda mais interessante, e a personalidade dele mais compreensível.

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AGENTE DO CAOS (THE X-FILES ORIGINS)

Autor: Kami Garcia

Editora: Harper Collins

Ano de publicação: 2017

Na primavera de 1979, Fox Mulder um adolescente de 17 anos com problemas maiores que se inscrever para a faculdade. Cinco anos antes, sua irmã mais nova desapareceu de casa e nunca mais foi encontrada. Mulder culpa a si mesmo, e sua mãe culpa o ex-marido, que se enfurnou em seu trabalho ultrassecreto para o Departamento de Estado. No último ano da escola, Fox foi obrigado a se mudar com o pai para Washington, longe de todos os amigos de Martha’s Vineryard.
Por um lado, Mulder fica feliz pela chance de começar do zero e não ser mais conhecido como “o garoto que perdeu a irmã”, mas por outro, ele continua obcecado por reencontrar Samatha. Por isso, quando um garotinho da idade da irmã aparece morto e outra criança está desaparecida, Mulder não consegue se segurar e precisa investigar. Será que existe alguma conexão com o caso Samatha? Conforme a verdade vem à tona, Mulder e seus amigos se veem na pista de um perigoso assassino em série…. Arrastado para um mundo em que teorias da conspiração, ocultismo e loucura se misturam, Fox Mulder começa a acreditar.

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