akira

Chegando ao Netflix agora em abril, nada mais justo que uma breve homenagem a uma das mais importantes obras dos quadrinhos e animações japonesas (e, em minha humilde opinião uma das melhores adaptações de todos os tempos).
Lançado em 1988, Akira, de Katsuhiro Ôtomo, é um dos mais importantes animes da história ajudando a cimentar no final da década de 80 a popularidade pelas produções japonesas em quadrinhos e animações, possibilitando, inclusive, uma substancial elevação à cultura de animações pré-existente no ocidente.

Akira não estava sozinho neste fronte, longe disso. No mesmo 1988, o Studio Ghibli lançava também Tonari no Totoro (Meu Amigo Totoro, no Brasil) de Hayao Miyazaki, uma das mais inventivas e brilhantes obras do estúdio que, junto do Miyazaki se tornaria sinônimo de uma visão bem diferente na produção de animações (tanto que as excelentes animações da Warner, Batman: A série animada de 1992 que foi a primeira animação a ganhar um Emmy foi produzida no Japão). Mesmo com todo o colorido e um tom que facilmente pode entreter e divertir crianças, há uma enorme preocupação com subtemas e complexidade que, não só vá prender a atenção de adultos, como buscá-los como público. O supracitado ‘Meu Amigo Totoro’ é um grande exemplo disso, com os espíritos da floresta e animais sorridentes mas com uma trama que pode muito bem refletir tons mais nefastos.

Nos quadrinhos, ou, ‘mangás‘ como se define aos quadrinhos japoneses, a saga de Itto Ogami narrada por Kazuo Koike e Goseki Kojima de 1970 a 1976 em Lobo Solitário nas suas quase oito mil páginas (28 volumes cada qual com pouco mais de 300 páginas) no que facilmente é uma das melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos, começa a chegar aos Estados Unidos, e, com isso, se traduzida para o restante do mundo a partir da década de 80, permitindo aos poucos que outros trabalhos como de Akira Toriyama (Dragon Ball, Dr Slump e o espetacular Chrono Trigger).

Akira com um tom mais adulto, chegou aos cinemas norte-americanos no momento certo, surpreendendo tanto público e crítica, e, verdade seja dita, ainda resiste bravamente ao teste do tempo pelo seu contexto e análise da cultura japonesa, afinal, Akira é uma alegoria do Japão pós-guerra e sua rápida ascensão de uma cultura semi-feudal para um berço de avanço e tecnologia global. A qualidade das produções permite uma elevação à arte, e com isso, não parece uma aberração ao trazer violência, sexo e profanações – pelo contrário.

A ausência de um tom adulto em uma história que envolve um futuro distópico onde Tóquio foi bombardeada e gangues de adolescentes motoqueiros brigam nas ruas pelo controle, bem, soaria estúpido se essa premissa fosse livre para todas as idades.

Em minha humilde opinião, o filme é uma versão bem melhorada da obra em quadrinhos ao eliminar uma quantidade enorme de tramas secundárias/terciárias que pouco ou nada acrescentam no contexto geral (tanto nos quadrinhos quanto no filme a trama dos protagonistas Kei, Tetsuo… Digo, TETSUOOOOOOOO, e Kaneda… Também, digo KÂ-NEDAAAAAAAAAAA), que torna a história mais fluída e direta.

Efetivamente, a história é uma analogia à condição japonesa do pós-guerra com o crescimento amórfico (o rápido desenvolvimento de 1945 até a década de 80 quando o país se tornou amplamente um baluarte da tecnologia) e sua dificuldade de manter uma/sua identidade cultural.

Dizer mais que isso, entrar em detalhes sobre a trama e personagens é estragar a experiência do leitor/espectador, e, vai por mim, vale a pena conferir o material. Seja no Netflix, disponível a partir de 16/04 ou na publicação da JBC anunciada (ainda que sem data de publicação).

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