As Elizas é um livro de Sara Shepard, autora da série Pretty Little Liars. Ele foi lançado em 2018 pela HarperCollins Brasil.

Sobre o livro

Eliza Fontaine é uma jovem e promissora escritora. Seu romance de estreia, As Dots, está com data de lançamento marcado. Ao hospedar-se no Tranquility Resort, seus planos podem estar prestes a mudar. A jovem acorda em um hospital com a família e todos afirmam que ela tentou se suicidar na piscina no hotel. Acontece que ela não lembra de nada disso e, nas suas últimas memórias, afirma que alguém a empurrou. Isso não seria questionável se Eliza não tivesse tentado suicídio diversas outras vezes e da mesma maneira.

“Paro perto da água, procurando freneticamente em torno. O quê? E sinto medo… Mas por quê? Então ouço passos. Há uma confusão de movimento, e tropeço. Ouço um gemido – meu gemido -, e a risada de um estranho.”

Desacreditada de todos, ela vai em busca de sua única testemunha que também foi responsável pelo seu salvamento. O misterioso e excêntrico Desmond Wells. É nele que ela buscará amparo para desvendar o que aconteceu naquele noite. A sensação que alguém a está perseguindo, memórias faltando e uma confusão dentro da sua cabeça farão com que Eliza embarque em uma busca alucinante por respostas.

Quando suas memórias passam a se misturar com as das personagens do seu livro, veremos que nem tudo aconteceu como esperamos. A verdade pode ser bem maior e muito mais complexa do que podemos imaginar. Entre diversas revelações, divergências e estranhos eventos veremos Eliza destrinchando o seu passado em busca de respostas. Sempre com medo de que um antigo pesadelo retorne para assombrá-la.


Minha opinião

Um livro deliciosamente insano. A autora que inspirou a série de Pretty Little Liars com seus livros de mesmo nome, Sara Shepard nos entrega aqui uma narrativa cheia de reviravoltas, onde o leitor fica perdido e compenetrado até as últimas páginas. As mentiras e verdades são tantas que muitas vezes até você se sentirá perdido igual a protagonista. Esse é um detalhe chave: o que é ficção e o que realidade? Elas caminham juntas? Uma anula a outra? Podemos confiar totalmente na nossa narradora?

Eliza é uma personagem com diversos problemas. No começo, fiquei irritada com suas atitudes, mas, quando entendi o motivo dela ser assim, deixei de julgar e passei a vê-la com outros olhos. A jovem vem de uma série de tentativas de suicídio fracassadas. Notamos desde o começo que ela possui problemas psicológicos. E são justamente eles que nos fazem questionar suas palavras. Não é de admirar que todos a sua volta duvidem dela também. Ela é uma pessoa muito instável, duvidosa, destrutiva e difícil de confiar, entretanto, é extremamente obstinada e interessante.

“Entendo eles concluírem que pulei. Meu histórico me compromete. Mas dessa vez não entrei naquela água por vontade própria. Tenho certeza disso. Alguém queria me matar.”

Percorrer as suas memórias é como entrar em um labirinto. Nunca sabemos o que vamos encontrar ao virarmos na próxima esquina. E não sabemos se vamos conseguir sair de lá. Ela é tão envolvente que desisti de tentar adivinhar o que estava acontecendo, deixei para ser surpreendida ao final. Quando alguns eventos da sua vida passam a se confundir com a história do seu livro, nos perdemos entre real e imaginário. O livro deu tantas voltas durante o seu percurso, que pensei que a escritora não teria tempo de responder todas as incógnitas que ficaram. Engano meu. Ela nos entrega um final arrematado, aceitável e coeso. Mesmo que não entregue o jogo totalmente.

Dorothy e Dot, tia e sobrinha do seu livro, são personagens enigmáticas e que merecem destaque. Sempre me intrigou a relação existente entre elas, essa dependência e esse amor que beira a loucura. Esse é outro detalhe que deixa a narrativa muito mais corrida, temos trechos do livro de Eliza intercalando com suas ações. A vontade de chegar ao final é tão grande que quase pulamos esses capítulos que aparecem no meio de uma revelação. Porém, eles possuem tantas pistas e segredos, e nos prendem tanto com sua história de horror, que é impossível não devorar cada palavra. Queremos um desfecho para a história das duas, assim como queremos para a de Eliza. No começo, não havia percebido a importância de ter esses trechos junto de sua história.

“Eu era a criança que enforcava cada um dos meus bichos de pelúcia com nós na entrada do closet, posicionando mensagens suicidas nos corpos. Minha mãe me perguntava por que eu fazia aquilo, mas, como não tinha vocabulário para expressar meus sentimentos, acreditava estar curiosa para entender tal nível de desespero. “

O gosto de Eliza por coisas grotescas e mórbidas também é um fator interessante. Desde muito nova ela demonstra que não é uma criança comum. Seu fascínio pela morte e coisas macabras tem explicação depois que desvendamos o que ela deixou pra trás. Todos seus lapsos de memória nos levam a crer que ela esconde muita coisas e que desvendar o que está lá, no canto mais escuro da sua mente, pode ser algo assustador. Nunca sabemos o que esperar dela. Sabemos que tem algo estranho nessa trama, mas não conseguimos precisar exatamente o quê.

Como o livro é narrado em primeiro pessoa nas partes de Eliza, é impossível não ficar confusa. Não sabemos nada, assim como ela. Temos apenas aquilo que ela se lembra e que falam. Cabe a nós montarmos esse quebra-cabeça. Porém, selecionar informações que são realmente confiáveis é um trabalho árduo e juntar todas as peças só é possível mais para o final. É um misto de emoções, uma roda gigante de eventos. Perdemos o fio da meada e desacreditamos de tudo e todos. Suas lembranças tornam-se duvidosas e cheias de lacunas. Nem ela sabe mais se pode confiar nelas, suas memórias são muito efêmeras.

“Grande parte das minhas decisões não faz sentido. Eu irrito as pessoas. Queimo pontes. E não faça nada para recuperá-las. Além disso, tenho amnésia de vários episódios da minha vida.”

Tenho certeza que essa história daria um excelente filme. É possível visualizar as personagens. Elas parecem tão vivas e reais, que quase podem sair caminhando de dentro do livro. Seus problemas, tristezas e anseios revelam muito sobre elas. Não deixe de conhecer essa protagonista duvidosa. Tente juntar os pedaços das suas memórias para revelar esse final surpreendente e extremamente complexo.

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AS ELIZAS

Autores: Sara Shepard

Editora: HarperCollins Brasil

Ano de publicação: 2018

Quando a escritora estreante Eliza Fontaine é encontrada no fundo da piscina de um hotel, sua família acredita ter sido mais uma tentativa de suicídio fracassada. Mas Eliza jura que foi empurrada, e sua única testemunha é quem a salvou. Desesperada para encontrar o culpado, Eliza toma para si a investigação do caso. Mas, conforme a data de lançamento do seu primeiro livro se aproxima, ela se vê com mais perguntas do que respostas. Por que a editora, agente e a família estão misturando os acontecimentos de sua vida com os de seu livro? Ele não é totalmente ficcional?

 

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