As Sobreviventes, de Riley Sager, é um thriller lançado em 2017 pela editora Gutenberg.

Sobre o Livro

Há 1o anos Quincy Carter viajou para o Chalé Pine para comemorar o aniversário de sua melhor amiga e passar um tempo as pessoas que mais gostava. Porém, as coisas não saíram nem perto do planejado e somente Quincy saiu de lá viva. Mas, mesmo todo esse tempo depois, ela não se lembra do que aconteceu.

Tenho reconstruído sua vida, com um namorado, um blog de culinária e pensando ter deixado o estigma daquilo pra trás, as coisas começam a desmoronar quando ela recebe a visita do agora amigo e policial, que a resgatou, para avisar que Lisa Milner foi encontrada morta, onde tudo indica ter sido suicídio.

“Você não pode mudar o que aconteceu. Mas pode controlar a maneira como lida com isso.”

Lisa Milner passou pelo mesmo que ela, anos antes, assim como Samantha Boyd, outra sobrevivente de um massacre. As três são chamadas de Garotas Remanescentes e foram alvos constantes da imprensa. E, com a morte de uma delas, tudo isso vai voltar a tona, junto com as dúvidas sobre a memória de Quincy e o mistério que envolve o paradeiro de Samantha. E, será que Lisa realmente se matou? Envolta em uma teia de impressões onde ela não pode confiar nem em sua memória, Quincy terá de descobrir quem ela realmente é.


Minha Opinião

Essa resenha precisa começar com um desabafo sobre spoilers: porque, em nome de algo importante, alguém conta a um leitor o final de um livro de suspense, sem que ele tenha pedido? Maldade, só pode. Porque não há nada mais essencial e que precisa de clímax quanto um livro que pertence a esse gênero. É a alma do negócio. E, infelizmente, alguém muito má intencionado achou interessante me contar o fim de As Sobreviventes sem ser chamado.

O engraçado – se é que dá pra chamar assim – é que a história estava tão fora daquele rumo, que eu achei que era zueira. E fui até perto do fim pensando como aquilo poderia ser possível na configuração do livro. Sim, o final foi o que tinham me dito e mesmo eu estando desacreditada, o fato de saber previamente estragou a coisa em parte pra mim. Antes disso, eu estava adorando e devorando o livro, porque a narrativa inicial é muito boa, mas do meio pra fim eu só precisava constatar se aquilo era real, enquanto por dentro eu me desmanchava em insatisfação. Não com o livro, mas com a pessoa  #$@ que causou todo o drama.

“Demos muito azar, querida. A vida nos engoliu, depois cagou e todo mundo só quer que a gente supere e aja como se nada tivesse acontecido.”

O livro é dividido em dois momentos: o presente e o passado. Por mais que a protagonista não se lembre do que aconteceu, o leitor vai aos poucos recebendo vislumbres de como a coisa se desenrolou e por ir começando a montar o quebra-cabeça. No presente temos uma Quincy que acha que está no controle de sua vida, mas que sequer consegue mencionar o nome do homem que assassinou seus amigos. Ela tenta ter uma vida normal, mergulhando na confeitaria como válvula de escape. Mas não há como negar que a situação ainda a assombra.

O principal sinal é porque ela não consegue lidar com a situação. A negação constante, a vontade de esquecer, o fato de ela sempre ter detestado o conceito de “garota remanescente” é um indício que a personagem ou esconde algo ou pode se despedaçar a qualquer momento. Tudo isso cercada por uma vida que pode parecer perfeita. Ela tem um apartamento num local privilegiado de NY, namora um advogado em ascensão e vive entre bolos e cupcakes estrategicamente fotografados para parecerem perfeitos em seu blog.

Por dentro, entretanto, ela é um mar de confusão, que só precisa de um impulso para entrar em colapso. E é exatamente isso que começa a acontecer quanto a notícia da morte da primeira sobrevivente das três “garotas remanescentes” chega até ela pelo policial Coop, e pelo aparecimento de outras coisas que ajudam a incrementar a tensão.

Coop é um “amigo” de longa data. Desde o dia em que a achou ensanguentada na floresta e atirou para matar no agressor, o policial mantém uma barreira de segurança em Quincy. Por mais que os outros detetives não acreditassem totalmente em sua amnésia dissociativa, ele sempre a defendeu, e isso se manteve durante os dez anos que se seguiram. Sempre que Quincy tinha um ataque nervoso ou tudo voltava para assombrá-la, ela podia correr pra ele. E é por isso que, ao saber da morte de Lisa, ele se sente responsável por lhe dar a notícia. E, ainda existe uma peça desaparecida em tudo isso. Samantha Boyd sumiu do mapa há anos e ninguém sabe onde ela está. Como uma das remanescentes, seu nome também voltará a ser mencionado, bem como a curiosidade de saber o que ela anda fazendo todos esses anos.

Aos poucos as peças vão se encaixando e a narrativa é bem envolvente para que a gente se sinta confortável sem acomapanhar a história. Porém também há momentos onde há tanta manipulação ou descontrole por parte dos personagens que eu ficava com vontade de simplesmente pegá-los pelos ombros e sacudir, sabe? E livros que mexem com a gente a esse ponto tem o seu mérito. A protagonista aqui é uma gangorra que tenta se manter sempre no meio termo, mas quanto mais nos aproximamos do final, mais fácil fica de perceber que uma hora o estupor do problema vai alcançar a trama.

“A floresta tinha garras e dentes.”

Mesmo eu “sabendo” o fim da história, me peguei duvidando dele. Os principais pontos que podem entregar o desfecho ficam realmente na terceira parte da narrativa, e a verdade só é entregue nas últimas partes. Até lá trocamos de opinião uma ou duas vezes sobre o que aconteceu no Chalé Pine.

Acredito realmente que se eu não tivesse a minha experiência estragada, iria ter uma boa surpresa com o desfecho e o livro. As partes do passado, que podem começar um pouco lentas, vão ficando bem instigantes também e os últimos três capítulos que voltam no tempo são bem reveladores.

As Sobreviventes é um bom livro de suspense e que mexe com o psicológico do leitor, ao questionar a sanidade do que acontece nas páginas e a verdade entre as manipulações, também faz com que enxerguemos o quanto colocamos nossos próprios esqueletos muitas vezes em baixo do tapete e os deixamos lá, até que seja extremamente necessário lidar com a situação.

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AS SOBREVIVENTES

Autor: Riley Sager

Editora: Gutenberg

Ano de publicação: 2017

Há dez anos, a estudante universitária Quincy Carpenter viajou com seus melhores amigos e retornou sozinha, foi a única sobrevivente de um crime terrível. Num piscar de olhos, ela se viu pertencendo a um grupo do qual ninguém quer fazer parte: um grupo de garotas sobreviventes com histórias similares. Lisa, que perdeu nove amigas esfaqueadas na universidade; Sam, que enfrentou um assassino no hotel onde trabalhava; e agora Quincy, que correu sangrando pelos bosques para escapar do homem a quem ela se refere apenas como Ele. As três jovens se esforçam para afastar seus pesadelos, e, com isso, permanecem longe uma da outra; apesar das tentativas da mídia, elas nunca se encontraram.
Um bloqueio na memória de Quincy não permite que ela se lembre dos acontecimentos daquela noite, e por causa disso a jovem seguiu em frente: é uma blogueira culinária de sucesso, tem um namorado amoroso e mantém uma forte amizade com Coop, o policial que salvou sua vida naquela noite. Até que um dia, Lisa, a primeira sobrevivente, é encontrada morta na banheira de sua casa com os pulsos cortados; e Sam, a outra garota, surge na porta de Quincy determinada a fazê-la reviver o passado, o que provocará consequências cada vez mais assustadoras. O que Sam realmente procura na história de vida de Quincy?
Quando novos detalhes sobre a morte de Lisa vem à tona, Quincy percebe que precisa se lembrar do que aconteceu naquela noite traumática se quiser as respostas para as verdades e mentiras de Sam, esquivar-se da polícia e dos repórteres insaciáveis. Mas recuperar a memória pode revelar muito mais do que ela gostaria.

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