Assassinato no Expresso do Oriente é um livro policial da autora Agatha Christie. Foi publicado em uma nova edição pela Haper Collins Brasil em 2015.

SOBRE O LIVRO

Desfrutando de suas férias na Turquia, o renomado detetive belga Hercule Poirot é chamado de última hora à Londres para resolver outros assuntos, Poirot viaja no luxuoso Expresso do Oriente, que por incrível – e estranho – que pareça, estava lotado para aquela época do ano.

O fato chama a atenção de Poirot, mas tudo parecia ser apenas obra do acaso. Após alguns dias de viagem, entretanto, o trem é parado devido a uma nevasca forte. A tensão entre os passageiros cresce, até que um corpo é encontrado em um dos vagões, e ninguém sabe quem foi o assassino.

“Tenho o meu palpite, meu caro amigo, que este crime foi cuidadosamente planejado. É um crime longamente premeditado, até mesmo ensaiado.”

Relutante, Poirot acaba assumindo o caso e passa a investigar todos os presentes, já que na cena do crime foram encontradas duas pistas, porém, de forma intencional e sugestiva, dando a crer um acobertamento. Para Poirot, o assassino está entre eles, e somente ele detém da habilidade mental de correlacionar os fatos e apontar o culpado.


MINHA OPINIÃO

Quando se fala em suspense policial, não é raro alguém citar Agatha Christie. Esse nome já me era muito familiar, mas confesso que meu interesse em ler os seus livros era bem pequeno. Mas isso mudou graças a este belo exemplar publicado pela Harper Collins, em uma edição de capa dura e muito bonita.

Antes de mais nada, preciso citar alguns pontos. A história original foi publicada pela primeira vez em 1934, ou seja, há 83 anos. Esse é um dos vários livros protagonizado pelo detetive Hercule Poirot, um belga que tem uma mente afiada para resolver casos complicados. Entretanto, é fascinante notar que a linguagem utilizada pela autora é tão moderna quanto qualquer outro suspense policial publicado recentemente. E mais, ela não perde tempo com conversinhas ou reviravoltas desnecessárias. São histórias curtas, diretas ao ponto, claras como a luz. Ponto para Agatha.

“Trata-se de uma vantagem. Quando se confronta com a verdade alguém que está mentindo, ela é costumeiramente aceita, muitas vezes sem surpresa. Todo o necessário é imaginar certo, para produzir tal efeito.”

Sendo sincero, conheço bem pouco sobre o seus personagens, mas é fato que Agatha se tornou muito famosa e vendeu pra caramba, ganhando o título de Rainha do Crime. Não é a toa: em número de vendas, ela só fica atrás da Bíblia e de Shaskpeare. E seu famoso personagem, Hercule Poirot é, muitas vezes, comparado ao famoso Sherlock Holmes. Resumindo, eu ia ter uma experiência com um livro “antigo” porém com muito peso de fama. Meu principal receio com livros mais velhos se concentra na dificuldade de compreender a linguagem ou o sentido proposto pelo autor. Mas neste caso, a experiência foi bastante satisfatória.

Hercule Poirot dispensa comentários. Não precisamos de uma apresentação formal do personagem, ou de sua característica pessoal, já que conforme a narrativa vai se desenvolvendo, vamos captando esses dados. Sutilezas em suas falas, formas de pensar e de agir, bem como o seu senso aguçado para detectar inconformidades no ambiente são perceptíveis logo de cara. Até mesmo um pouco de sarcasmo pode ser notado no personagem. Houve momentos, claro, onde o achei meio estúpido em sua forma de responder; mas por outro lado, pode ter sido apenas erro de interpretação. Nem sempre num texto é possível detectar o sentimento que a fala tenta passar, ou que o autor tentou nos passar.

“Mon ami, se quiser pegar um coelho, enfie alguma coisa em sua toca. Se houver coelho ali, ele correrá”

Poirot contracena com vários outros personagens bem interessantes. Há um italiano, alto, forte, e que para alguns é visto como mafioso (já que italianos tem essa fama). Há um casal de condes, com ares de arrogância e superioridade. Há também uma princesa russa bem idosa, mas bastante comunicativa; um homem de negócios, com seus assistentes, porém mau encarado pelos demais; americanos, belgas, franceses. Há gente de todo canto, cada um com suas manias, esquisitices, e segredos. Poirot não consegue olhar para cada um deles como uma pessoa normal. Quando se tem experiência no ramo de investigação, para qualquer canto que se olha, qualquer um parece ser suspeito de algo. Fiquei me perguntando como deve ser complicado viver em uma sociedade e, para onde você olhar, ter desconfiança. No mínimo eu me sentiria um pouco para baixo, sem saber em quem poder confiar.

Como eu disse no começo, a autora não perde tempo descrevendo ou enrolando acerca de cada integrante da trama. Eles já são entregues com um certo ar de suspeita e, conforme a investigação ocorre, é que vamos mudando – ou não – de pensamento. A narrativa é em terceira pessoa, e às vezes, a mudança de ponto de vista ajuda para inocentar ou mesmo levantar suspeita do personagem que está em foco. O interessante é que, dado ao espaço onde tudo acontece, há pouca ação no livro, e grande parte fica a cabo dos diálogos e conflitos mentais e lógicos que Poirot e seu amigo Bouc encontram ao analisar o caso. Mas isso não quer dizer que a história seja monótona, pelo contrário, cada capítulo consegue nos prender e desejar ir adiante para saber quem é o assassino e porque ele cometeu o crime.

“Será que essa gente diz a verdade ou está mentindo? Não temos como saber. Tudo se resume em exercício mental.”

Conclusão disso tudo? Cheguei às últimas páginas do livro sem fazer ideia de quem seria o assassino. A única certeza que temos é que ele está dentro do trem, mas quem ele é, se é homem ou mulher, isso não foi uma tarefa fácil de descobrir. É um final agradável e realmente eu não tinha chegado a imaginar que pudesse ser daquela forma. Fiquei fascinado pela forma como Poirot conseguiu manter a clareza da mente e resolver o caso, mesmo quando tudo apontava para o impossível. Os únicos problemas do livro foram: 1) expressões em francês que eu não entendi; 2) a mudança de perspectiva do personagem não era bem sinalizada (não tem aquele típico espaço entre parágrafos). Mas fora isso, é uma ótima história.

Outra coisa que me deixa contente em relação ao livro é que, em novembro, chegará aos cinemas a nova adaptação com alguns nomes bem famosos no elenco, como Johnny Depp, Judie Dench e Willem Dafoe. Considerando isso e a experiência positiva que tive com a leitura, estou com a expectativa bem alta. E enquanto o filme não chega, vou procurar me aventurar por outros livros da autora. Estaria nascendo um novo fã de Agatha Christie? É provável que sim.

 

ASSASSINATO NO EXPRESSO DO ORIENTE

Autor: Agatha Christie

Editora: HarperCollins Brasil

Ano de publicação: 2015

Nada menos que um telegrama aguarda Hercule Poirot na recepção do hotel em que se hospedaria, na Turquia, requisitando seu retorno imediato a Londres. O detetive belga, então, embarca às pressas no Expresso do Oriente, inesperadamente lotado para aquela época do ano.
O trem expresso, porém, é detido a meio caminho da Iugoslávia por uma forte nevasca, e um passageiro com muitos inimigos é brutalmente assassinado durante a madrugada. Caberá a Poirot descobrir quem entre os passageiros teria sido capaz de tamanha atrocidade, antes que o criminoso volte a atacar ou escape de suas mãos.

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