Carry On é da autora Rainbow Rowell, que também escreveu Anexos, Eleanor & Park, Fangirl e Ligações, todos publicados no Brasil pela editora Novo Século.

Sobre o livro

CONTEXTUALIZANDO

No livro Fangirl, a personagem principal, Cath, escreve uma fan-fiction sobre Simon Snow. Esse personagem, no mundo de Cath, é um equivalente ao Harry Potter que tanto conhecemos. Durante Fangirl acompanhamos alguns trechos do que ela escreve, mas nunca foca na história de Snow. O que mais diferencia ela para os fãs do personagem é que ela shippa o Simon com seu arqui-inimigo, Baz (como se tivéssemos um romance entre Harry e Draco).

Pensando em dar vida aos personagens, Rainbow resolveu escrever um livro de fantasia contando uma história sobre eles, além do que aparece em Fangirl. Preciso ler esse livro antes de Carry On? Não. A história é completamente independente e a única coisa relevante a se saber é que há inspiração em Harry Potter e portanto, semelhanças.

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“É sempre fogo com Baz. Eu não acredito que ele ainda não me incinerou.”

Simon Snow está voltando para Watford para encarar seu último ano na escola de bruxos. Há sete anos atrás ele foi retirado de um orfanato por alguém que lhe disse que ele era especial. Ao adentrar esse mundo, descobriu que fazia parte de uma profecia e que ele era aguardado como o Mago mais poderoso já visto. E sim, Simon tinha poder, mas um poder que ele não fazia a menor ideia de como controlar, mesmo depois de todos esses anos.

Ele não conheceu os pais e viveu de orfanato em orfanato, mesmo depois de começar sua “educação bruxa” era obrigado a retornar nas férias de verão para alguma instituição, sempre em algum lugar diferente. Havia um vilão nesse mundo bruxo e ele estava caçando Snow.

Mas quando ele retornou a Watford para o novo ano não foi isso que lhe causou preocupação. Baz Pitch, seu colega de quarto e arqui-inimigo dentro da escola, não voltou quando deveria, e seu sumiço deixou Simon preocupado e em alerta. Desde que foram colocados junto a vida de ambos tem sido uma guerra travada nos bastidores. Baz vem de uma família bem posicionada na hierarquia bruxa e, se não fosse pela morte da mãe, e a tomada do poder pelo Mago, aquele que achou e trouxe Simon para debaixo de sua asa, a família e posição de Baz não estariam ameaçadas.

“Eu quero beijar um cara. Isso, sim, é uma mudança, mas não é algo que eu esteja preparado para pensar no momento.”

Em meio à procura de Simon por Baz e às respostas ou mais dúvidas que ele vai alcançar, algo mais do que animosidade pode surgir entre esses dois. Aliás, parece que já estava ali há muito tempo.

Minha Opinião

Hoje é Dia Mundial do Orgulho Gay e a convite da Novo Século recebi a prova antecipada de Carry On para fazer a leitura, e liberar a resenha nessa data tão especial, que tem tudo a ver com o desenrolar da trama do livro. Sou super fã da Rainbow Rowell, mas confesso que fiquei apreensiva como lançamento desse livro. Como comentei na abertura do post, o personagem Simon Snow é o equivalente ao Harry no mundo da Cath, e termos uma história inspirada em um grande sucesso da literatura mundial pode ser complicado.

Contra todas as minhas ressalvas, acho que a autora fez um bom trabalho em reconstruir a história dando a sua cara para os detalhes e criando desdobramentos completamente diferentes. Sim, você vai começar a ler o livro com a sensação de estar lendo HP, mas logo isso vai passar e é possível mergulhar na trama de Carry On tranquilamente.

Dentre os livros da autora esse é o que a leitura foi menos fluída. No começo, com todas as explicações, parecia que a Rowell não ia dar conta de explicar tudo o que precisava ser comentado para que o leitor se situasse, mas isso também é solucionado pelo dom maravilhoso que ela tem com as palavras. E não, você não precisa ler Fangirl, para ler Carry On.

carry onSimon se mostra um adolescente perdido logo no começo da história. Ele foi tirado do seu mundo, descobriu que era um mago, que tinha um vilão para combater, que estava no meio de uma guerra e que era o elemento mais importante e poderoso no meio disso tudo. Porém, ele não detém controle da sua magia e ela vem como uma tempestade, quando aparece. Além disso, ele ainda precisa lidar com Baz, seu colega de quarto e arqui-inimigo.

Nesse mundo, não há um chapéu seletor ou casas, mas sim um outro elemento que indica com quem eles vão dividir o quarto durante os anos em que passarão na escola. E Snow, muito azarado (ou não), caiu no quarto em que estava Baz, aquele que teria toda a atenção, caso Simon não tivesse sido profetizado e detivesse tamanho poder.

Porém, o especial desse livro, é que os dois acabam por cultivar sentimentos que nem eles sabem que existem e que floresce quando menos se espera. Acostumados a se odiar e antagonizar, é complicado tentar trilhar outro caminho e deixar tudo pra trás, porém se unir por um objetivo em comum possa resolver parte disso, construindo uma história super bacana envolvendo o relacionamento dos dois personagens.

E não há preconceito a se lidar, todo e qualquer receio habita somente a cabeça deles. Ao aceitar que gostam do mesmo sexo, há apenas a aceitação e preocupação em viver o que está pela frente, como deveria ser sempre, e não somente na ficção.

Os dois personagens são um amoooor! Gosto do Simon, mas meu preferido é de longe o Baz. Ele é ácido e sarcástico, mas quando o mundo cai às escuras, vemos o coração bonito que há por trás dele e as coisas que ele sente.

“Palavras mágicas são complicadas. Às vezes, para revelar algo escondido, você precisa usar a linguagem da época em que o objeto foi ocultado. E às vezes uma frase antiga para de funcionar quando o resto do mundo enjoa de utilizá-la. Eu nunca fui bom com as palavras. Em parte é por isso que sou um bruxo tão inútil.”

Uma coisa muito legal sobre esse livro e que acho bacana ressaltar é que os nomes dos feitiços são muito engraçados e dizem logo de cara o que são. Imagino que a tradução tenha tido algum trabalho para manter coerente, sem perder o sentido e ao mesmo tempo trazendo as expressões que usamos por aqui.

Nunca consegui entender direito porque há tanto ódio no mundo, ou porque as pessoas são tão preconceituosas e agressivas com aqueles que são “diferentes” delas. Não há nada de errado nisso, e até onde me cabe, se não estiver prejudicando ao outro, toda forma de amor é válida. Dito isso, fico sempre muito feliz quando pego um livro que se preocupa em trazer a temática para debate, mas além de tudo, apresentá-la de forma natural, sem fazer tudo um auê. Essa realidade de normalidade pode não ser a nossa, mas é por ela que lutamos, sendo parte da comunidade gay ou não.

Carry On chega no momento certo e mostra outra faceta da Rainbow, como sua primeira obra de fantasia. Inspirada? Sim. Mas com um toque em nosso coração que só ela é capaz de dar. O livro chega ao Brasil para fazer companhia aos outros livros da autora e eu não vejo a hora de ter mais Rainbow Rowell para ler <3

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Simon Snow é um bruxo que estuda numa escola de magia na Inglaterra. Profecias dizem que ele é o Escolhido. Você pode até estar pensando que já conhece uma história parecida. O que você não sabe é que Simon Snow é o pior escolhido que alguém já escolheu.
Poderosíssimo, mas desastroso a ponto de não conseguir controlar sequer sua própria varinha, Simon está tendo um ano difícil na Escola de Magia de Watford. Seu mentor o evita, sua namorada termina com ele e uma entidade sinistra ronda por aí usando seu rosto. Para piorar, seu antagonista e colega de quarto, Baz, está desaparecido, provavelmente maquinando algum plano insano a fim de derrotá-lo.
Carry On é uma história de fantasma, de amor e de mistério. Tem todos os beijos e diálogos que se pode esperar de uma história de Rainbow Rowell, mas com muito, muito mais monstros.

 

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