Como Agarrar Uma Herdeira é o primeiro livro da duologia Agentes da Coroa, da autora Julia Quinn. O lançamento é de 2017 pela editora Arqueiro.

Sobre o livro

Caroline Trent ficou órfã cedo e desde então passou por diversos lares adotivos, com tutores que conseguiam ser um pior que o outro. Interesseiros, mesquinhos ou simplesmente desinteressados, transformando a jovem solitária – e rica – em uma mulher com mais astúcia do que o século XVIII achava adequado.

Prestes a completar 21 anos e assim finalmente tomar posse da fortuna que até então era de responsabilidade do tutor da vez, Caroline se vê obrigada a casar com o filho sem graça de um aristocrata interesseiro. Para evitar a união forçada ela foge, e ao sair de maneira soturna da mansão em que ocupava um quartinho medíocre,  é confundida com uma espiã procurada pela Coroa. Blake Ravenscroft é o agente responsável por capturar Carllota e entregá-la às autoridades, mas acaba colocando as mãos na pessoa errada.

“Aquela missão – aquela última missão, se ele tivesse algo a dizer a respeito – acabara sendo um fiasco. Um pesadelo. Um desastre ambulante com olhos azul-esverdeados.”

Uma última missão antes que ele deixe de lado essa vida cheia de perigos e más recordações. Quando finalmente leva para sua mansão a jovem que prendeu durante a noite, não imagina que por trás daquela mudez seletiva e dos garranchos que jamais podem ser confundidos com a caligrafia de uma dama, está a mulher que pode mudar sua vida para sempre. Mas de uma maneira boa, para variar.


Minha Opinião

Julia Quinn pode ser considerada uma gênia dos romances de época. Com uma escrita que é ao mesmo tempo doce e sensual, ela tem o dom de divertir e encantar o leitor com suas histórias cheias de mocinhas à frente de seu tempo e rapazes traumatizados com algum acontecimento do passado, mas que não veem a hora – mesmo que de maneira inconsciente – de ter suas feridas curadas pelo amor de uma bela dama. Este livro não foge da regra, embora apresente alguns pontos que deixam a desejar quando pensamos nas expectativas de alguém que aprecia esse gênero literário. O que é o meu caso.

Ambientado em uma pequena cidade no interior da Inglaterra de 1814, um período em que mulheres eram vistas como objeto de barganha nas associações por interesse, e seres inferiores sem o direito de pensar e agir por vontade própria – muito menos dignas de terem levados em consideração seus medos e anseios – encontramos uma protagonista que precisou se moldar fora dos padrões esperados para a época. Caroline é filha de negociantes, que aproveitaram a força que a revolução industrial deu aos não aristocratas para se transformarem nos ‘novos ricos’, por assim dizer. Pessoas que fizeram fortuna através do trabalho, e que mesmo não tendo sangue azul nem os modos polidos da nobreza encontravam uma forma de buscar seu lugar ao sol. E a protagonista vivia bem e em segurança, até que se viu órfã e sujeita às vontades e maldades dos tutores que não enxergavam nela a pessoa incrível que era.

Com o passar do tempo e de todas as dificuldades que encontrou pelo caminho, a jovem adquiriu uma predileção pelos livros, aprendeu a atirar e a se defender, desenvolveu uma imaginação fértil e perdeu todas as papas da língua – característica que com frequência a coloca em enrascadas. E foi justamente por precisar ser a salvadora de si mesma que, ao perceber que seria obrigada a casar com alguém que não amava resolveu fugir de casa – mesmo que constituir família sempre tenha sido um imenso desejo dela. Ao ser sequestrada por engano pelo perigosamente lindo e irritado Blake, ela decide não revelar sua verdadeira identidade,  de modo que consiga usar a situação em benefício próprio e assim se manter longe do tutor e da possibilidade de um casamento infeliz, até completar 21 anos e finalmente ser dona de si.

“Era irônico, na verdade. Caroline teria ficado feliz em compartilhar sua fortuna – até mesmo doá-la – se houvesse encontrado um lar com uma família que a amasse, que se importasse com ela. Alguém que visse nela algo além de um burro de carga com uma conta bancária.”

Acontece que esse mal entendido logo é solucionado, e Blake e Caroline que até então eram aparentemente inimigos, se tornam aliados; já que descobrem interesses em comum. E enquanto ela se refugia na mansão do belo Lorde, a aliança se transforma em outra coisa, e o desejo se torna mais forte do que eles conseguem admitir. É aqui que entra o clichê que já esperamos encontrar: a garota se mostra diferente de tudo aquilo que o mocinho imagina, e prova que está ali para lhe curar das dores do passado. Infelizmente, neste livro, essas dores mais se parecem com um ‘mimimi’ eterno;  o personagem que tinha tudo para ser objeto de fantasia das românticas de plantão se mostra chato, sem graça e entediante.

Em contrapartida Caroline demonstra ser a estrela do livro. As risadas proporcionadas durante a leitura acontecem sempre por causa dela, ou por conta dos personagens secundários que interagem com ela; todos rabugentos de um jeito agradável e muito bem construídos. Mesmo assim a parte boa não é suficiente para se sobrepor ao que é repetitivo e sem graça, e por isso senti dificuldades em decidir se gostei do livro – porque me diverti bastante – ou se o detestei – porque me via querendo passar todas as partes em que o mocinho aparecia. E vamos combinar, em um romance de época, não conseguir manter a atenção nos momentos em que o cavalheiro lindo, forte e misterioso aparece? É praticamente uma heresia romântica literária. E isso aconteceu comigo.

“a.gi.ta.ção (substantivo). Estado de trêmula empolgação ou apreensão; hesitação; estado de confusão. Basta uma palavra dele para me colocar em um estado de agitação, e juro que não gosto nem um pouco disso. – Do dicionário pessoal de Caroline Trent.”

Felizmente livro é questão de momento, e leitura é algo muito subjetivo. Então se você gosta de romance de época ou tem curiosidade em conhecer o gênero, este livro pode ser uma boa pedida ou porta de entrada. É leve e divertido, tem personagens sagazes e irônicos que conseguem manter diálogos bem interessantes. E se por acaso você perceber que não está gostado tanto assim do Blake, insista mais um pouquinho. Pode ser que você se surpreenda.

COMO AGARRAR UMA HERDEIRA

Autor: Julia Quinn

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2017

Quando Caroline Trent é sequestrada por engano por Blake Ravenscroft, não faz o menor esforço para se libertar das garras do agente perigosamente sedutor. Afinal, está mesmo querendo escapar do casamento forçado com um homem que só se interessa pela fortuna que ela herdou.
Blake a confundiu com a famosa espiã espanhola Carlotta De Leon, e Caroline não vai se preocupar em esclarecer nada até completar 21 anos, dali a seis semanas, quando passará a controlar a própria herança milionária. Enquanto isso, é muito mais conveniente ficar escondida ao lado desse sequestrador misterioso.
A missão de Blake era levar “Carlotta” à justiça, e não se apaixonar por ela. Depois de anos de intriga e espionagem a serviço da Coroa, o coração dele ficou frio e insensível, mas essa prisioneira se prova uma verdadeira tentação, que o desarma completamente.

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