Cosmos é um livro de divulgação científica escrito por Carl Sagan na década de 1980. Foi relançado pela editora Companhia das Letras em 2017.

SOBRE O LIVRO

Em 1934 nascia um dos maiores gênios da divulgação científica e também um dos mais amado e respeitado astrônomo de todos os tempos: Carl Sagan. O legado deixado por esse brilhante astrônomo é imensurável, e até hoje suas obras são alvo de grande admiração. Ao contrário de muitos outros, Carl Sagan acreditava que todo mundo deveria ter acesso à ciência e às suas maravilhas. O segredo do mundo e do universo devia ser compartilhado com todos.

Assim nasceu o livro –  e a série – Cosmos em 1980, época do avanço tecnológico e interesse humano pelas estrelas, e voltado à simplificar o entendimento do universo, das galáxias e de nós, seres humanos, como parte dele. Tanto a série quanto o livro se complementam, tendo pouca diferença de conteúdo entre si. No livro, entretanto, Sagan focou em tornar mais extensas as explicações a aprofundar as compreensões sobre o que compõem o espaço a nossa volta. É uma grande viagem ao passado, à origem de tudo.

“Uma célula viva é um regime tão complexo e tão belo quanto o reino das galáxias e das estrelas.”

Com treze capítulos, Sagan reinicia o tempo, questiona as condições que favoreceram o surgimento da vida, critica as ações humanas perante o planeta e vislumbra um futuro promissor para a nossa civilização. Sagan nos leva ao início da nossa longa e prematura jornada pelas estrelas, nos apresenta civilizações que há milhares de anos atrás dominaram a arte da matemática e astronomia e nos convida a descobrir novos segredos que ainda nos aguardam lá em cima, no céu.

MINHA OPINIÃO

Quando eu era criança, tinha muitos sonhos. Um deles era ser astronauta ou astrônomo e poder estudar os planetas e galáxias. Infelizmente cresci e não sou nenhum dos dois, mas meu interesse na ciência do universo nunca morreu. Pelo contrário, se mantém sempre viva e faminta por mais e mais informações. Seja por meio de livros, séries, filmes ou artigos, sempre estou em busca de ir além.

Com Cosmos, eu pude fazer uma viagem interestelar sem sequer tirar o pé do chão. Me pergunto porque demorei tanto para ler esse livro na vida. A menos que a pessoa que lê-lo não se interesse pelo assunto, acho meio improvável não se maravilhar com a capacidade humana e, ao mesmo tempo, sua insignificância perante o todo, o obscuro e frio espaço que nos cerca. Somos como grãozinhos de areia perdidos em um oceano agitado e desconhecido, seres tão minúsculos que em uma escala de tempo universal mal nascemos.

“Nossa tecnologia permite que exploremos cada vez mais as maravilhas do cosmos e também que reduzamos a Terra ao caos.”

E de fato, Carl Sagan mostra como nós seres humanos, sabemos tão pouco sobre nosso próprio passado. Muitas eras se passaram, civilizações ascenderam e caíram, culturas inteiras surgiram e desapareceram e, mesmo assim, temos poucos registros do que de fato aconteceu. Se quase não temos história para contar sobre quem éramos, que dirá sobre o que havia antes de nós. Mas é aí que Sagan se mostra instigante com Cosmos. Através de evidências científicas, podemos deduzir com grande precisão o que aconteceu no início de tudo. E vai além disso, pois o Cosmos não é apenas o universo observável, mas sim, tudo aquilo que não vemos nele também: a luz, as radiações, as leis da natureza, as contantes matemáticas, etc.

Nos treze capítulos que compõem o livro, o autor busca as principais evidências sobre o começo de tudo e nos leva em uma jornada que começa há pelo menos 14 bilhões de anos no passado. O que havia no início de tudo? De onde vem a matéria? De forma dinâmica Sagan dá explicações sobre o surgimento dos primeiros átomos, depois das massas de matéria em condensação, e vai retrocedendo até chegar em casa, na formação do planeta Terra. Os dois últimos capítulos, em questão, são direcionados ao próprio ser humano, e questiona como nós seriamos visto por uma visita alienígena ou, em todo caso, se nossas ambições por armas e guerras não nos destruirão antes de encontrarmos alguém lá fora.

“Não perguntamos para qual propósito útil os pássaros cantam, pois o canto é seu prazer, já que foram criados para cantar. Da mesma forma, não devíamos perguntar por que a mente humana se esforça por penetrar os segredos dos céus?”

Uma coisa bacana do livro é que em cada início de capítulo há fragmentos de notas, sejam elas de histórias sagradas, artigos científicos ou mesmo histórias contadas de boca em boca. Todas elas se relacionam de alguma forma com o Cosmos, com a energia cósmica e também dá uma base para o assunto que vai ser explanado pelo autor naquela seção. Além disso, também gostei do fato de em todo o livro o autor deixar espaço para o leitor questionar o que é apresentado. Com sua linguagem de fácil absorção, Sagan nos incita a questionar e a buscar conhecer mais sobre os mistérios e maravilhas do universo. Ele te mostra o que até agora foi descoberto, mas te motiva a querer saber mais.

Vale lembrar, claro, que o livro foi escrito há quase 40 anos atrás, ou seja, muita coisa mudou de lá para cá. Hoje temos tecnologia aeroespacial mais avançada, temos novas áreas de estudo científico dentro da cosmologia, como a astrobiologia, destinada a estudar de que forma a vida surgiu e como ela seria em outros locais do Sistema Solar (e porque não, do universo?). Há também muito mais informação sobre cometas, luas de Júpiter, etc. Nesse sentido, sempre que uma informação apresentada pelo autor se mostra desatualizada, há indicativo na página de uma nota, que pode ou estar no rodapé ou então nas páginas finais do livro, complementando a informação.

Para quem já tem certo conhecimento no assunto, não será surpresa encontrar nomes como Copérnico, Kepler, Ptolomeu, Galileu, Isaac Newton, Einstein, Hipatia,  entre de grande importância, que com suas tecnologias primitivas – se comparadas às atuais – conseguiram revelar segredos que nunca ninguém antes havia sequer cogitado perguntar. Sem Copérnico, quanto tempo levaria para a teoria do Geocentrismo desmoronar? Sem Kepler, quantos séculos levariam para alguém olhar para o céu e ver que há um certo padrão na dança dos planetas? De fato, Cosmos é uma maravilhosa viagem pelo espaço e tempo, pela história de todos nós e que nos abre as portas da imaginação para o futuro.

“Os cometas sempre provocaram medo, reverência e superstição. Suas aparições ocasionais desafiavam de maneira perturbadora a noção de um cosmos inalterável e ordenado por Deus.”

Tenho apenas uma ressalva em relação ao livro. Acredito que, dada a grande relevância científica destra obra – que já perdura 4 décadas -, a editora poderia ter se dado ao trabalho de fazer uma versão mais bonita, talvez em capa dura, maior, e principalmente, algo que me incomoda bastante, a diagramação da capa. A capa poderia ser mais organizada e com um design mais atraente (a logo está jogada num canto, as fontes com tamanho qualquer, parece feito às pressas). No mais, as imagens adicionais, os gráficos e notas estão ok.

Cosmos foi uma leitura pra lá de interessante e que mais uma vez mexeu com a minha imaginação. Há poucos meses atrás eu tinha assistido a série homônima apresentada pelo Neil deGrasse Tysson (outro que admiro bastante) e também havia ficado estupefato. Agora, pretendo encontrar a série original e ver na tela tudo aquilo que a leitura me proporcionou: a beleza dos segredos cósmicos, a maravilha das leis da natureza, a graça das descobertas científicas e a compreensão da nossa insignificância diante deste imenso lugar escuro e infinito chamado universo.

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COSMOS

Autor: Carl Sagan

Editora: Companhia das Letras

Ano de publicação: 2017

Escrito por um dos maiores divulgadores de ciência do século XX, Cosmos retraça 14 bilhões de anos de evolução cósmica, explorando tópicos como a origem da vida, o cérebro humano, hieróglifos egípcios, missões espaciais, a morte do sol, a evolução das galáxias e as forças e indivíduos que ajudaram a moldar a ciência moderna. Numa prosa transparente, Carl Sagan revela os segredos do planeta azul habitado por uma forma de vida que apenas começa a descobrir sua própria identidade e a se aventurar no vasto oceano do espaço sideral. Aqui, o tratamento dos temas científicos está sempre imbricado com outros campos de estudo tradicionais, como história, antropologia, arte e filosofia. Publicado pela primeira vez em 1980, Cosmos reúne alguns dos conhecimentos mais avançados da época sobre a natureza, a vida e o Universo — e se mantém até hoje como uma das mais importantes obras de divulgação científica da história. Embora diversas descobertas fascinantes tenham ocorrido nos últimos quarenta anos, o tema central deste livro nunca estará desatualizado: nosso fascínio pelo conhecimento e a prática da ciência como atividade cultural.

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