Crueldade é o primeiro livro de ficção do autor Scott Bergstrom e foi lançado pela Seguinte em 2017.

Sobre o livro

Gwendolyn Bloom é uma jovem americana comum da cidade de Nova York. No auge dos seus 17 anos ela vivencia os mesmos dramas enfrentados pelos outros adolescentes da sua idade. Problemas com colegas, professores exigentes e a ausência da mãe que morreu de maneira trágica e traumatizante há 10 anos deixando ela apenas com o pai. A diferença é que além de tudo isso, Gwen precisa lidar com as constantes mudanças de país e a dificuldade em criar laços que ela enfrenta por causa do trabalho do seu pai William Bloom, que é um diplomata.

Dividida entre estudos, uma paixão adolescente e aulas de ginástica, ela fica completamente desorientada quando sua vida vira de cabeça para baixo no momento que seu pai, ao ir a Paris a uma reunião, desaparece, e a sua real identidade é revelada: ele é um agente da CIA disfarçado que prende o pior tipo de gente. Sem ter respostas e completamente perdida, ela decide encontrar o pai e tentar desvendar o que aconteceu com ele. A jovem conta com a ajuda de um vizinho e amigo da família: Bela Atzmon, um senhor húngaro que acaba sendo decisivo para ajudá-la.

“Tenho que pensar nisso, certo? A gente se sente mal quando esconde essas coisas bem lá no fundo, não é? Muito bem. Chega de resistir. Volte para lá, digo a mim mesma, viva aquilo outra vez. Seja corajosa só dessa vez. Faz dez anos hoje.”

A adolescente acaba contando com a ajuda de parcos amigos para decifrar o que ela acredita ser pistas deixadas pelo seu pai. Ao ir para Paris atrás de respostas, ela conhece a espiã israelense Yael, que a treina de maneira dura e árdua para que ela possa enfrentar os desafios que aparecerão. É assim que ela assume uma nova identidade, transformando-se na russa Sofia Timurovna. E precisa dar realidade a esse disfarce, virar realmente Sofia. Estudar o seu passado e assumir sua vida. Em meio a uma rede de mentiras e um passado quase que completamente desconhecido, Gwen parte numa arriscada jornada para saber o que aconteceu ao seu pai e tentar resgatá-lo. Mas em quem ela pode realmente confiar?


Minha opinião

Assassinos, traficantes de drogas e pessoas, gente realmente má. Isso e muito mais você encontra em Crueldade. Com grande fluidez na leitura e diálogos bem elaborados e estruturados, nem percebemos o quão rápido a história avança. E sentimos junto com Gwendolyn sua angústia de não saber o que aconteceu com o seu pai. A jovem precisou amadurecer muito rápido e todo esse processo é acompanhado por nós, leitores, que ficamos maravilhados com a forma com que tudo acontece.

Antigamente os seus problemas resumiam-se a não se sentir encaixada e sofrer em silêncio com o bullying dos colegas, hoje em dia os seus problemas são bem maiores. Usando a ginástica para fugir dos seus problemas e tristezas e sempre escondendo seus reais sentimentos de todos, por muitos momentos senti grande pena dela. A achava muito fraca e não acreditava que ela conseguiria realizar seus intentos. Pensava que uma adolescente mimada que não sabia quase nada sobre a vida, não se adaptaria ao submundo do crime e não sobreviveria aos primeiros dias. De um menina grandalhona e desengonçada, como ela mesma se define, observamos sua metamorfose para uma mulher ágil e letal.

“Meu pai deve estar se perguntando o que está acontecendo. O que está acontecendo é que eu odeio esse lugar. Odeio Danton e todo mundo lá. Odeio o trabalho dele e tudo relacionado ao que faz.”

E uma das grandes responsáveis por essa transformação é Yael, que é simplesmente maravilhosa. Um exemplo de força e determinação. Fria e cética. Uma das maiores seguranças que Gwen encontra nessa caminhada. Seu passado misterioso, a sua seriedade e dureza despertam nossa curiosidade desde o começo, além de sua filosofia de “homens descartáveis”. Ela é cheia de segredos e esperamos as respostas até o final. A israelense ensina uma jovem molenga a não ser morta. O treinamento, apesar de árduo, nos mostra que ela não quer que sua discípula desista, e procura, da melhor maneira possível, fazer com ela entenda que não está lidando com pessoas fáceis e nem bondosas. O que ela vai enfrentar serão pessoas da pior estirpe.

“Embaixo das roupas chiques de Paris e do francês impecável, há algo duro, que vem de anos passados nas ruas das cidades mais cruéis que esta. Há um controle cheio de frieza e habilidade, próprio de alguém que às vezes,como ela disse, faz favor as pessoas. A mulher que chamam de Yael não é nenhuma mensageira. Tenho quase certeza de que há uma arma em algum lugar em seu casaco.”

Quando comecei a ler o livro, confesso, não esperava muito dele. Inclusive esperava algo completamente diferente do que encontrei aqui. Fiquei muito satisfeita por ser surpreendida por essa história. No começo pensamos se tratar de algo frívolo e sem grandes atrativos, mas após passarmos para a parte do treinamento da protagonista, sentimos a história mudar de direção e cada novo capítulo guarda grandes surpresas que nos fazem vibrar com a ousadia e audácia que Gwen vai tomando. Além de contar com um pouco de sorte, é claro. Observamos a transformação de uma adolescente comum em uma arma.

Ao conhecer o mundo sombrio de Berlim e todo o que se esconde nos seus cantos mais escondidos, descobrimos junto com ela sobre os perigos que uma jovem desacompanhada enfrenta. Sozinha e sem saber o que fazer ela acaba contando com a ajuda de algumas pessoas que conhece na sua jornada. Aprende seus costumes e o que acontece nas ruas. Não existe mais aquela menina fraca e assustada, apenas uma jovem dura e completamente focada no que quer. Ela não mede esforços para alcançar seus objetivos. Ao conhecer o lado feio e real do mundo ela não se abala. Ela engana, mente, passa para trás e vira tão má quanto os seus inimigos. Além de recebermos uma descrição minuciosa e magnífica sobre os lugares que são visitados por ela, não pelos olhos de uma turista, mas de uma jovem que arrisca sua vida para salvar a do pai.

Essa história representa a força feminina. Um livro onde mulheres roubam a cena. Fortes e destemidas. Isso que cresce dentro dela, que a leva a cometer atos de crueldade, é o ponto chave da narrativa. Além do conflito que sente, ao deixar de ser uma criança e virar uma adulta. Ela luta contra o poder de homens perigosos, quase não encontramos resquícios daquela adolescente do início do livro. Ela leva a sério o conselho que recebe: uma mulher que procura crescer nesse mundo deve ser ainda mais cruel que os homens. Ainda faltaram lacunas a serem preenchidas, pois o livro termina no seu ápice e ficamos ansiosos pela continuação que só deve sair em 2018 no exterior. Mal posso esperar para dar continuidade a história de Gwendolyn e descobrir o que de fato aconteceu, além de finalmente desvendar quem está falando a verdade para ela.

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CRUELDADE

Autor: Scott Bergstrom

Editora: Seguinte

Ano de publicação: 2017

O mundo de Gwendolyn Bloom vira de cabeça para baixo quando seu pai desaparece durante uma viagem de trabalho. Ela logo descobre que ele não é o homem que, por dezessete anos, achou que fosse — e essa é só a primeira de muitas revelações que Gwendolyn terá pela frente. Sem poder contar com a ajuda de mais ninguém para encontrá-lo, a garota parte em uma jornada tão perigosa quanto alucinante, seguindo os rastros do pai pela Europa. Porém, para se infiltrar — e sobreviver — em um novo mundo cheio de maldade e perversão, ela precisará deixar toda a sua vida para trás, assumir uma nova identidade e se tornar alguém tão cruel quanto seus piores inimigos.

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