E Se Acontece? É um livro escrito por Malanie Harlow e David Romanov. Sua publicação é de 2018 pela hoo Editora.

Sobre o Livro

Aos 36 anos, tudo o que Derek quer é ter sua própria família. Crianças correndo pela casa, uma relação de afeto e companheirismo com uma mulher que não ligue para sua mania de limpeza e sua necessidade de ser controlador. Mas está muito difícil conseguir encontrar uma parceira ideal desde que ele  tomou um fora de sua quase noiva. O motivo? Ela sentia falta de algo no relacionamento. Era como se ele estivesse ali e não estivesse ao mesmo tempo, e ele sabe disso. Todos os seus relacionamentos até então aconteceram para suprir uma necessidade de agradar aos outros, ou a sua própria necessidade de manter as aparências.

Ter sido criação em uma família bem tradicional e religiosa, daquele tipo que considerava pecado tudo o que fugisse da regra, fez com que Derek enterrasse bem fundo qualquer ideia ou sentimento que fugisse desse padrão. A atração por homens era considerada um desvio perigoso, que ia contra todos os princípios que se enraizaram nele. Não porque ele de fato os sentisse, mas porque fora condicionado a pensar desta forma pela simples necessidade de agradar ao pai. Por uma carência afetiva e pela necessidade de ser considerado perfeito aos olhos do progenitor. Mas até quando? Até quando valeria a pena abrir mão de tudo o que ele lutou tanto para esconder simplesmente porque não queria ser julgado, não queria trazer à tona um lado dele que poderia não ser socialmente bem aceito? Essas dúvidas já estavam surgindo, sempre que ele voltava para sua casa perfeita. E vazia.

“Era minha obrigação provar que eu conseguia resistir à tentação, não importando o quão poderosa fosse. Eu podia superá-la. Eu podia vencê-la. Eu não estava me saindo muito bem.”

Sendo o oposto disso, Maxin deseja viver o sonho americano. Saindo da Rússia com seus poucos pertences e com um visto de turista, ele desembarca na cidade dos anjos com o objetivo de simplesmente ser tudo o que deseja, e de se transformar em uma pessoa realizada profissionalmente. O que ele não esperava é que suas primeiras experiências na cidade do cinema o levassem diretamente a dividir a casa com um cara mais velho, mais experiente e bem sucedido que ele. Derek era uma espécie de personificação de tudo o que Maxin almejava ser, e era também uma espécie de anjo enviado pelos céus no momento em que o jovem russo mais precisou. Até que numa noite algo incrivelmente interessante acontece entre os dois… E ao mesmo tempo em que Maxin fica extasiado, Derek entra em surto. E agora? O que fazer com o desejo avassalador? O que fazer com aquela batalha interna entre o sim e o não? Que direção tomar quando o que o coração manda fazer vai na contramão do que a sociedade julga ser adequado? E de que importa a opinião dos outros quando, pela primeira vez na vida, se experimenta algo capaz de encher o coração de amor e da certeza que aquilo sim vale a pena?

E se acontece? conta a história de dois homens que podem ser o oposto um do outro, mas que guardam no coração o desejo em comum de ter uma felicidade real e duradoura. É a história de duas pessoas que precisam descobrir o que vale a pena viver e em detrimento de que (ou de quem) devem escolher o caminho a seguir. É um livro que fala sobre o amor, sobre a autoaceitação, sobre a abertura necessária para amar e ser amado… Independente da opinião alheia.


Minha Opinião

Já disse por aqui que sou a louca dos romances? Pois sou. Adoro todos os tipos de romance: de época, históricos, água com açúcar, melodramáticos, fofinhos e eróticos. Romance erótico inclusive é gênero facilmente encontrado por aqui, mas em sua maioria uma literatura totalmente hétero. Sim, temos livros LGBTQ nacionais e traduzidos, mas hot mesmo são poucos, por este motivo fiquei bem animadinha quando a hoo publicou E Se acontece? por aqui. Comecei a leitura sem grandes expectativas, esperando apenas cme entreter com uma história bacana e conhecer o trabalho dos autores do livro. Adoro quando começo uma história sem esperar demais e ela me surpreende, e o caso aqui foi justamente esse.

Derek despertou minha empatia desde o começo. Um cara sério, bem sucedido, que tem aparentemente tudo o que se espera ter para que a vida beire a perfeição, pelo menos aos olhos de quem está de fora. Isso porque praticamente toda a imagem que ele construiu foi alicerçada em padrões que não eram exatamente aqueles fieis aos seus desejos mais íntimos. E quantas vezes não fazemos isso, não é mesmo? Vamos dos desenvolvendo, nos aperfeiçoando e construindo nossa imagem levando em consideração mais a opinião alheia do que a nossa. O mercado aponta nessa direção, então a gente a segue fielmente. A Família impõe determinados padrões, e a gente os segue para não magoar quem nos é querido ou para que nossa imagem se mantenha límpida diante do olhar de quem amamos. Os conhecidos seguem um fluxo que imediatamente se torna universal. As redes sociais apontam o que é belo, correto, tendência, e a gente prontamente diz amém. Mas e a nossa opinião, fica onde? Nossos desejos mais intrínsecos, nossas vontades, os anseios que disparam o coração e ocupam a mente lutando por espaço? Depois de muito tempo sem se permitir tais questionamentos, Derek Pareceu começar a acordar.

“Tudo fazia sentido. Aquilo era tão parte de mim quanto meu coração batendo no peito ou o sangue correndo nas minhas veias. E era bonito.”

Claro que a mudança não aconteceu do nada. Foi preciso uma boa dose de destino, de coincidência, de azar e claro, uma dose extra de Maxin. Um jovem sonhador que conseguiu manter, apesar das dificuldades, uma ingenuidade e gentileza que são capazes de conquistar desde o início, e acredito que foram essas características as responsáveis por ir quebrando o gelo que envolvia a personalidade de Derek. Bem aos poucos, claro, porque nem o maior dos príncipes encantados é capaz de dissolver uma armadura constituída de regras rígidas e preconceitos impregnados em alguém desde a infância. Então o leitor se diverte com conversas, troca de olhares e pensamentos impuros até que Ops… Algo acontece. E acontece de novo. E de novo. 

Neste ponto a gente acompanha a mudança dos dois personagens: enquanto Derek vai assumindo que a relação com Maxin se aproxima muito do que seu coração deseja, mas seu receio de decepcionar as pessoas com suas escolhas acaba tendo um peso maior do que o amor; Maxin vai percebendo que nem todo o sentimento que ele tem para oferecer pode ser suficiente para estabelecer uma relação mais séria, porque para isso acontecer as duas pessoas precisam seguir juntas. À vista de todos.

“Era um tipo de excitação diferente de nervosismo, desejo, expectativa, medo, esperança, pavor, cobiça e alegria. E, no centro de tudo isso, no olho do furacão, minha percepção dele.”

Entre cenas eróticas muito bem escritas e com certa dose de autobiografia, os autores entrelaçam discussões que são extremamente necessárias. Aqui nos lemos sobre questões relacionadas a imigrar em busca de uma situação de vida melhor, porque todos temos sonhos que precisam ser realizados e nem sempre nosso país de origem nos oferece as condições necessárias para tal. Os autores falam sobre a importância da religiosidade, mas deixam claro sobre como uma fé bitolada pode causar mais danos do que fazer bem. Eles falam também sobre como é cruel tentar atender às expectativas alheias e sobre como somos condicionados a nos colocar em segundo lugar e sempre pensar primeiro no outro. Em como supervalorizamos a opinião alheia mesmo sabendo que ela vai nos aprisionando cada vez mais. Mas, sobretudo, este livro fala sobre amor.

Sem forçar a barra, a história mostra que cada ser humano tem o direito de ser feliz, e que o amor não diz respeito a gênero ou a orientação sexual. O amor é um sentimento que simplesmente existe e pronto. Ele precisa ser sentido, vivenciado e experienciado em suas mais diversas formas e intensidades. E achei tão legal experimentar o amor através de um romance gay que a única coisa que me desagradou no livro foi o fato dele ter terminado. Eu queria, eu quero, saber mais sobre estes personagens. O que o futuro reservou para eles? Como eles estarão daqui há décadas? Como o mundo estará com relação a eles daqui um tempo? Será que eles estarão andando de mãos dadas pelas ruas sem correr o risco de sofrer agressões? Será que terão construido família simplesmente pelo fato de que têm direito a isso, como qualquer outra pessoa? Eu leria mais sobre eles. Eu espero ler mais sobre eles e sobre outros personagens que, assim como Derek e Maxin, me encantaram e cativaram desde as primeiras páginas. E que merecem viver suas histórias, seja nas páginas dos livros ou na vida real. Principalmente na vida real.

 

E SE ACONTECE?

Autor: Melanie Harlow & David Romanov

Editora: hoo

Ano de publicação:2018

Eu não queria me envolver com Derek Wolfe. Eu não queria me envolver com ninguém. Tudo o que eu queria era começar uma nova vida na América. Mas, quando me encontrei sem ninguém e sem abrigo, ele veio em meu socorro, oferecendo-me um lugar para ficar. Ele é inteligente, bem-sucedido e sexy como o inferno, mal posso dormir sabendo que ele está bem no corredor. E, quando a química entre nós explode uma noite com uma paixão feroz e ardente, é difícil negar que existe algo real entre nós. Mas ele nega. Ele diz que estava bêbado. Ele diz que não voltará a acontecer. Ele diz que não quer este tipo de relação, e que nós não significamos nada. Ele está mentindo. Porque aconteceu novamente, e novamente, e novamente. E é melhor sempre do que a última vez. Sei que podemos ser bons juntos, e eu quero ter a chance de tentar, mas acabei por fugir dele. Porém, o universo parece nos colocar juntos uma e outra vez nos dando sempre o questionamento inevitável “E se acontece” e nos deixamos amar um ao outro?

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