Ecos do Espaço é o primeiro livro da trilogia Earth & Sky, da autora Megan Crewe. Foi lançado no Brasil em 2015 pela editora Jangada.

SOBRE O LIVRO

Skylar é uma jovem adolescente de 17 anos que aparentemente tem uma vida normal, muitos amigos e uma vida social muito intensa. Mas no fundo, ela é atormentada por estranhas sensações de coisas erradas e visões de tragédias que muitas vezes a deixam fora de si por minutos. Apesar de esconder isso dos amigos, ela se sente amargurada e acredita que está ficando louca. Até o dia em que vê o prédio onde esta explodir. Quando a alucinação passa e ela percebe que nada explodiu, nota que há um garoto estranho observando ela, e a sensação de algo errado fica mais forte.

Decidida a descobrir quem é o garoto e porque ele desperta nela essas sensações erradas. Ao questionar o porque de estar sendo observada, o garoto chamado Win diz conhecer o seu segredo e que na verdade é uma rara anomalia em que humanos podem perceber alterações no fluxo do espaço-tempo. Descrente do que o garoto diz, Skylar debocha do rapaz, mas quando ele dá uma demonstração real de uma viagem no tempo, ela fica sem saber o que falar.

“Eu nunca senti nada assim antes, tão vívido, tão intenso. O que foi isso? Já cheguei a três vezes 59.049 é 177.147 e a sensação de errado ainda persiste, zumbindo em minha cabeça.”

Win então revela ser um alienígena do planeta Kemya, e que sua espécie tem usado a Terra como laboratório a milhares de anos, fazendo pequenas alterações no tempo e na história da humanidade. Porém, ele e alguns outros alienígenas se rebelaram e decidiram libertar a Terra da manipulação, mas para isso, precisam encontrar quatro peças de uma arma poderosa que está escondida em diferentes épocas da história do planeta. É uma busca difícil, já que as pistas são rasas, mas com as sensações que Skylar tem, pode ser que eles encontrem as partes da arma mais rápido. O destino do planeta está nas mãos de Skylar, e cabe a ela decidir se é tudo verdade ou se não é mais uma alucinação de sua cabeça.

MINHA OPINIÃO

Eu já tinha visto esse livro há algum tempo atrás mas estava com uma certa relutância em pegá-lo para ler. É um tema que eu gosto muito, alienígenas, espaço, etc, mas a sinopse não havia me convencido e fiquei com receio de que fosse só mais uma história de romance adolescente, mas com seres de outro mundo.

O meu receio se mostrou errado, já que romance é praticamente zero nessa história. Há um leve momento onde dá a entender uma atração romântica entre os personagens, mas ficou só naquele ponto, não foi desenvolvida. Meu desapontamento veio com a história mesmo, com a forma como ela é construída. Tem uma base legal, com enredo interessante, mas o desenvolvimento se tornou monótono e pouco atrativo.

“Há uma confiabilidade perfeita na matemática. Não importa quantas vezes você realize a mesma operação, a resposta é sempre a mesma.”

Esta é uma história de alienígenas bem diferente do que eu estou acostumado a ler. Aqui, o foco principal não será uma invasão, mas sim viagens no tempo que já estão sendo feitas há milhares de anos. Muito tempo atrás, alienígenas do planeta Kemya encontraram a Terra e decidiram fazer algumas experiências nela, já que era um planeta jovem, cheio de vida e potencial candidato à colonização. Kemya estava em ruínas e já não havia mais tempo para os cientistas de lá desenvolver métodos de salvar o planeta. Logo, era mais fácil procurar outros que fossem possíveis de morar. Dessa forma, construíram um gigante gerador temporal ao redor da Terra, e dentro desse campo é possível saltar no tempo, fazer alterações, e voltar para o presente e observar o impacto causado. A grande maioria dos cientistas kemyanos moram em uma estação espacial oculta em algum lugar no sistema solar, longe de qualquer possibilidade de ser identificada pelos humanos.

Mas viajar no tempo é algo que pode acabar corroendo o tecido que mantém o planeta no espaço e, quando isso ocorrer a Terra deixará de existir. Os principais efeitos que isso tem causado são terremotos, tsunamis, furacões mais intensos, além de outras catástrofes naturais. Claro que os cientistas kemyanos estão cientes dessas complicações, mas prosseguem com os testes sem maiores preocupações. Para eles, é uma diversão ficar alterando nosso planeta quantas vezes forem necessário. Eles são os observadores, enquanto nós não passamos de pequenos e indefesos peixinhos dentro de nosso “seguro” aquário.

“Eu me pergunto, como faço todas vez que ela recita esse slogan, se mamãe realmente pensa positivo sobre tudo ou se, como eu, ela é boa apenas em parecer positiva, não importa o que esteja acontecendo em sua cabeça.”

Enquanto acompanhamos Skylar e Win, vamos descobrindo mais segredos sobre a presença dos kemyanos e suas reais intenções. Algumas perguntas  que eu fazia durante a leitura foram respondidas; outras a própria personagem questionava e arranca a resposta de Win. Porém, muitas outras ficaram em aberto e tanto a história quanto a personagem não são capazes de responder. Deu a impressão que a própria autora não sabia explicar o que tinha acabado de narrar, então resolveu deixar passar em branco.

Skylar é uma jovem inteligente, mas insegura. Ela possui grande capacidade cognitiva e alta concentração quando se trata de ciências exatas. Mas vive assombrada com o medo de possuir algum problema mental. Quando descobre que suas sensações e visões são na verdade efeitos sensitivos à mudanças no tempo, seu medo ameniza e começamos a notar uma leve evolução em sua forma de pensar e agir. Até o final do livro, vamos ter uma personagem muito diferente do começo, e isso foi algo que considerei interessante.

Já Win é um personagem que não apresenta muita evolução dentro da trama, ficando várias vezes em segundo plano. É um garoto misterioso, quieto, observador e tímido. É a primeira vez que ele está na Terra, e os protocolos kemyanos nunca permitiram contato com seres humanos. Logo, sua aproximação com Skylar é uma experiência totalmente nova, e tudo para ele se torna uma grande aventura científica. Tomar café, respirar, correr, beijar: tudo é novo, fascinante e ao mesmo tempo, estranho. Pra falar a verdade, eu esperava que este personagem fosse mais desenvolvido na história. Ele é um alienígena, então queremos saber tudo sobre ele e sua espécie, mas quando confrontado com as perguntas, o personagem tende a se manter fechado, resguardado.

“Não sei por que a história da Terra importaria muito a alguma raça alienígena, mas posso imaginar como alguém pode achar difícil abdicar dessa liberdade.”

Eu gosto muito de narrativas sobre viagens no tempo ou com alienígenas, mas só isso não basta. A história precisa ter ação, reviravoltas, razões que justifiquem as ações dos personagens e que também gerem conflito entre eles. Gosto de tramas onde eu tenha que pensar nela o tempo todo, sem conseguir concluir tudo antes das coisas realmente acontecerem. Porém, Ecos do Espaço falhou nesses quesitos  Logo no começo quando Win e Skylar fazem a primeira viagem no tempo para encontrar as peças da suposta máquina que destruiria o gerador, eu consegui antecipar 80% do restante do livro. Já tinha uma experiência parecida ano passado com um outro título, e aqui novamente a estrutura monótona e repetitiva aparece. O conflito entre os vilões e os personagens principais quase nunca acontece e tudo parece acontecer fácil demais. A maioria dos diálogos se tornam fracos e várias vezes Win e Skylar acabam em uma discussão adolescente sobre o que um pode fazer em relação ao outro.

O final, que poderia salvar a história, pareceu igualmente fora de tom e pouco convincente. Esperava algo surpreendente, uma reviravolta, um novo segredo vindo a tona e que mudasse tudo, mas nada de empolgante ocorreu. Fiquei desapontado e confesso que ainda não decidi se vou dar uma segunda chance e ler o segundo volume, ou se realmente paro por aqui.

“A razão pelo qual estou aqui. O plano de Jeanant para destruir o gerador do campo temporal. Possivelmente, a única chance que temos de libertar a Terra do controle de Kemya… a única chance em milhares de anos. Eu sei, eu sei, não se pode remover um  número de uma equação sem invalidar toda a sequência.”

Apesar de tudo, há alguns pontos positivos que quero mencionar. A tecnologia kemyana foi uma das coisas que mais me chamaram a atenção, e acho até que é bem original, já que não lembro de descrição parecida em outros livros. Para viajar no tempo, os alienígenas usam uma espécie de pano ultra leve, tipo uma seda, porém, totalmente high-tec. O pano se transforma em tenda, barraca, computador, porta, cadeira, etc. Tudo depende de como é operado. Também, há pequenas metáforas presentes na narrativa, como por exemplo, a ideia de que Kemya está em ruínas e a única salvação é encontrar outro planeta para morar. Querendo ou não, mesmo que hoje em dia se fale bastante em sustentabilidade, a ideia de encontrar outro planeta habitável para colonização não é mais só ficção. Já é algo que vem sendo debatido e encorajado a acontecer.

Ecos do Espaço pode não ter me conquistado de primeira e sua constante monotonia pode ter ofuscado o potencial da trama, mas mesmo assim, ainda quero indicar para quem gosta de alienígenas e viagens no tempo. Afinal, há muitas coisas a serem exploradas nessa trama e o que não me surpreendeu pode ter um efeito mais positivo em outros leitores.

ECOS DO ESPAÇO

Autor: Megan Crewe

Editora: Editora Jangada

Ano de publicação: 2015

Skylar tem 17 anos e, desde que se entende por gente, é perseguida por sensações de que algo está terrivelmente errado. Mas, apesar dos ataques de pânico que a atormentam, nada nunca acontece, e Sky já está começando a acreditar simplesmente que ela não é normal. Sua vida sofre uma reviravolta quando ela Win, e descobre a chocante verdade que é a causa de suas premonições: somos todos cobaias. Há milhares de anos, a Terra está à mercê de cientistas alienígenas que não se importam nem um pouco com os seus habitantes e nos utilizam em seus experimentos de manipulação do tempo. Win é membro de uma facção rebelde que está tentando colocar um fim nisso e ele precisa da ajuda de Skylar – mas, a cada alteração do passado, o próprio tecido do espaço-tempo se fraciona um pouco mais e logo poderá não restar mais nenhum planeta Terra para se salvar.

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