Eu Perdi o Rumo é um lançamento de 2018 da Editora Arqueiro da autora americana Gayle Forman.

SOBRE O LIVRO

Freya, Harun e Nathaniel vagam por Nova York, cada um deles envolvido em seus próprios problemas. Freya perdeu a voz enquanto gravava o que deveria ser o seu álbum de estreia, e sua carreira pode ter acabado antes mesmo de começar de verdade. Harun está em uma encruzilhada, entre o garoto que ama e a família tradicional que não sabe que ele é gay. Nathaniel é cercado de mistérios, e parece, desde o início, ser o mais perdido dos três.

“Às vezes a situação sai dos trilhos.”

Um acidente inusitado, porém, fará com que os três se conheçam e acabem se vendo juntos neste momento em que tudo parece perdido. Em uma narrativa onde acompanhamos os pontos de vista dos três protagonistas, iremos desvendar os fatos que os levaram até este momento e descobrir até que ponto eles serão capazes de ajudar uns aos outros a encontrarem seu caminho novamente.


MINHA OPINIÃO

Embora a situação que faz com que os três personagens se conheçam seja um pouco absurda demais para ser crível, nasce desse encontro algo muito interessante: três jovens muito diferentes, com passado e presente bastante distintos, se conhecem e acabam por reconhecer nos outros dois o mesmo desespero que sentem. Ainda que não seja uma conexão instantânea, as circunstâncias vão levando os três a revelarem, aos poucos, as razões por trás desse sentimento de ter “perdido o rumo”, e a partir dessas revelações vai nascendo um forte companheirismo entre eles.

“As pessoas têm que ser pacientes umas com as outras”.

Como a autora escolhe dividir a narrativa na perspectiva dos três personagens, temos a chance de conhecer de perto a perspectiva de cada um diante desse encontro, o que é uma excelente forma de apresentar os personagens. Afinal, pessoas diferentes lidam com uma mesma situação de forma diferente, e já podemos extrair muito da personalidade de cada um deles pelo que pensam e pela forma que agem nesse momento.

Porém isso faz com que o leitor já tenha, de início, maior conexão com um personagem do que com os outros. No meu caso, por exemplo, tive bastante dificuldade de me conectar com a Freya, talvez porque seus problemas não pareçam nem de longe tão importantes quanto dos outros dois. Nathaniel é bem misterioso e, mesmo nos capítulos sob a sua perspectiva, demora bastante para revelar ao leitor o que o levou àquele ponto. Harun, entretanto, é o personagem que nos conectamos mais rapidamente, talvez porque sua história, mesmo tendo detalhes que a tornam mais específica, é mais familiar àqueles de nós que estamos acostumados a ler histórias jovens contemporâneas: o jovem gay que nasceu em uma família conservadora e tem medo de sair do armário e perder tudo que conheceu até então.

“Se Alá criou o mundo, por que fez Harun errado?”.

Até o final, Harun seguiu sendo meu personagem favorito, não só por sua história, mas pela forma como ele se comporta com os outros. Ele está disposto até a perder o garoto que ama em nome do amor que nutre por sua família. É impossível não se apaixonar e sentir por ele quando o vemos até mesmo questionando seu direito de ser quem ele é, questionando o seu valor enquanto pessoa por não ser o que a sua fé determina como certo.

Mesmo gostando da história, senti que a forma como Gayle Forman a conta é bastante repetitiva. Primeiro, porque ela sente necessidade de repetir a expressão “eu perdi o rumo” frequentemente, dando a entender que o título e as primeiras menções do termo não seriam ainda suficientes para o seu leitor entender o que liga os três personagens. Além disso, o próprio desenvolvimento dos personagens é um pouco mais lento do que poderia, deixando o leitor cansado em um ou outro momento.

Ainda assim, o livro passa uma mensagem poderosa e inspiradora de que estar perdido e sem saber que rumo tomar não é o fim do mundo. Às vezes, tudo que precisamos é ter alguém diferente, que nos mostre uma nova perspectiva e que nos ajude a descobrirmos por nós mesmos novos caminhos. Alguns empecilhos não tem realmente solução, mas isso não significa que não podemos contorná-los ou até mesmo transformá-los em pontos de partidas, em vez de pensá-los como o fim de algo.

A edição física está muito confortável de ler, com uma capa bonita e que é a cara da história. A capa tem um leve acabamento soft e a diagramação está na medida certa, com margens boas e folha amarelada. No final, é uma ótima leitura, principalmente para quem está atrás de um bom jovem adulto para se distrair e, sem nem perceber, pensar um pouquinho na vida. Acho que os fãs da autora vão gostar bastante desta sua volta à literatura jovem.

EU PERDI O RUMO

Autor: Gayle Forman

Tradução: Mariana Serpa

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

O novo romance de Gayle Forman, autora dos best-sellers Se eu ficar e Eu estive aqui. Suas obras já venderam mais 9 milhões de livros pelo mundo. Freya perdeu a voz no meio das gravações de seu álbum de estreia. Harun planeja fugir de casa para encontrar o garoto que ama. Nathaniel acaba de chegar a Nova York com uma mochila, um plano elaborado em meio ao desespero e nada a perder. Os três se esbarram por acaso no Central Park e, ao longo de um único dia, lentamente revelam trechos do passado que não conseguiram enfrentar sozinhos. Juntos, eles começam a entender que a saída do lugar triste e escuro em que se acham pode estar no gesto de ajudar o próximo a descobrir o próprio caminho. Contado a partir de três perspectivas diferentes, o romance inédito de Gayle Forman aborda o poder da amizade e a audácia de ser fiel a si mesmo. Eu perdi o rumo marca a volta de Gayle aos livros jovens, que a consagraram internacionalmente, e traz a prosa elegante que seus fãs conhecem e amam.

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