Festim das 12 Cadeiras é do autor Elvis delBagno e é lançamento de 2015 da Editora Schoba.

Sobre o livro

Festim das 12 cadeiras vai contar a história de Laerte e Carlão, um casal homossexual rico que todo ano promove um jantar em sua casa para alguns convidados. Esse ano, para a festividade, o casal encomendou um conjunto de 12 cadeiras russas e, ao receber as peças, descobriram no estofado de uma delas uma fortuna em jóias.

Como são muito ricos, eles resolvem preparar uma brincadeira para a hora do jantar e pretendem dar aquele que sentar na cadeira toda a fortuna que esta escondida no estofado. Porém a coisa não vai ser tão fácil assim, já que um dos convidados acaba por avisar que poderá não comparecer o que pode resultar em ninguém sentando na cadeira premiada.

“O ato de escolher os lugares em um jantar é uma forma de reconhecimento de humildade, de educação e caráter. Existe uma hierarquia em uma mesa, sendo assim, o mais caridoso ficaria de pé.”

Dessa forma é necessário encontrar um substituto para o possível não comparecimento e com os convidados já chegando, vamos ter um pouco de suas histórias reveladas e os segredos e bizarrices que cada um esconde, expostos aos olhos do leitor.


Capa e Diagramação

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A capa é simplesmente linda e se por acaso a sinopse não lhe chamar a atenção, com toda a certeza a capa vai. A edição está super bem trabalhada e sendo há alguns diferenciais, como por exemplo “supostas” notas do editor que entram no meio da história, ajudando a mudar o rumo da trama. Nunca tinha visto esse recurso, por isso achei bem bacana.

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Vale ressaltar a notabilidade do cuidado da Editora Schoba com a publicação. Eu como Diretora de Arte sei o quanto é difícil conseguir, por exemplo, uma aplicação de relevo impecável, sem que escorregue um pouquinho pra cá ou pra lá e, por mais que possa não dar pra notar. Na capa, a cadeira está em relevo, incluindo todos os detalhes de seu contorno, e isso dá um toque especial a já bonita arte da capa.


Minha opinião

A uns dois meses eu anunciei por aqui o lançamento desse livro e realmente me mostrei empolgada, pois a premissa é muito bacana e como são poucas páginas, imaginei que a narrativa seria rápida e cheia de reviravoltas, porém não foi bem isso que aconteceu.

O livro começa bem, ao longo da história são introduzidos capítulos falando sobre a vida de cada um dos convidados, o que se apresenta interessante num primeiro momento, pois todas as tramas são divertidas, porém alguns deles não são importantes para a história e parece perda de tempo saber sobre todos eles, quando o foco poderia ser em apenas alguns. A narrativa parece novelística e se você é adepto do estilo, provavelmente vai curtir. No meu caso, achei o livro bem arrastado. Como mencionei no início, achei que as histórias dos convidados davam uma dinâmica a história principal, porém com a repetição constante, acho que acabou surtindo o efeito contrário a partir da metade do livro.

Achei que o tal jantar iria ocorrer logo nas primeira páginas, já que a sinopse já entrega isso, e que a trama se desenrolaria realmente no que os convidados fariam ao descobrir o tesouro. O que acontece porém, é que na página 140 de um livro de 180, o fatídico jantar sequer começou. É nessa hora que uma das bem colocadas “nota do editor” entra no meio da narrativa e pede para o autor voltar pra história real e posso dizer que traduziu completamente meu sentimento: vamos parar de enrolar e ir direto ao que interessa?

O fim do livro contém uma surpresinha bem narcisista e talvez tenha salvado um pouco da história pra mim, pois não é algo usual de acontecer, o que pode ser um diferencial para o livro, já que para muitas pessoas um final surpreendente define um bom livro.

Festim das 12 Cadeiras é uma paródia ao conto russo 12 Cadeiras, de Ilf and Petrov e ao filme de Alfred Hitchcock, Festim Diabólico. E sim, eu sei que em Festim Diabólico a trama é em volta do tal baú e que corre um certo tempo até a descoberta, porém, mesmo sendo uma paródia, esperada um twist no meio da história, que distanciasse um pouco a trama de delBagno, da trabalhada por Hitchcock.

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Mas antes de tudo isso, a primeira coisa que me incomodou foi a forma como os gays são estigmatizados. Num momento onde a comunidade LGBT está cada vez mais em foco em função de suas lutas por igualdade, é necessário ter muito cuidado na forma como eles são representados. Afirmações como “ele sabe que tom de azul é esse porque ele é gay” pra mim são completamente desnecessárias e sim, estigmatiza, e não de forma positiva. E não querendo ser injusta, apresentei o trecho a amigos homossexuais e vi no rosto deles o quanto foi uma escolha ruim de palavras nessas comparações. Em dias da sutileza de David Levithan ao abordar esses temas, é perigoso escrever e ver o tiro saindo pela culatra. Resta saber se esses “drops” na história fazem parte de toda a proposta com a qual a obra foi divulgada, de que seria uma crítica a sociedade e ao preconceito. Fora isso temos questões sociais e religiosas debatidas ao longo da narrativa, além de histórias bem bizarras de alguns dos personagens.

Como mencionei lá em cima, me senti lendo uma típica novela brasileira, e como uma pessoa não muito adepta de novelas, acho que o livro acabou abaixo das expectativas pra mim. Mas como sempre digo por aqui, talvez esse seja um título pra entrar no seu top 10, se houver inclinação para o estilo e história, portanto é sempre válido dar uma chance ao livro e tirar suas próprias conclusões.

FESTIM DAS 12 CADEIRAS

Autor: Elvis DelBagno

Editora: Schoba

Ano de publicação: 2015

o comprar um conjunto de 12 cadeiras russas para o jantar anual, um casal homossexual descobre um tesouro embaixo do estofado de uma delas. Com as contas bancárias transbordando, os milionários resolvem manter o tesouro na cadeira e doá-lo ao primeiro convidado que se sentar nela. No entanto, eles percebem que isso será um problema quando um dos convidados não comparece ao jantar.
Estruturando-se nas comédias de costumes, nos deparamos com uma crítica social de um humor ácido extravasante dos diálogos preconceituosos dos personagens mais bizarros que poderiam surgir numa sociedade cheia de interesses.
Narrado de forma corrida como um roteiro cinematográfico e com diversas referências à cultura popular, o autor traça uma paródia ao clássico conto russo 12 cadeiras, de Ilf and Petrov, e ao filme Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock.

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