Garota em Pedaços é da autora americana Kathleen Glasgow, publicado aqui no Brasil em 2017 pela editora Planeta.

SOBRE O LIVRO

Você sabe se a pessoa que está do seu lado tem algum problema psicológico? Você consegue imaginar os fantasmas que assombram seu coração quando ela está quieta em sua cama? Sabia que estima-se que uma a cada 200 garotas entre as idades de 13 e 19 anos cometa automutilação? Que mais de 70% delas se cortam? Doença psicológica NÃO é frescura e o livro Garota em Pedaços vem para nos mostrar a pele de uma dessas adolescentes.

Charlotte Davis nunca tivera uma vida fácil. Sua pai e sua melhor amiga morreram e como se não bastasse isso, ela sofreu um bullying pesado durante a época da escola. Foi tanto sofrimento que ela não vê outra saída, a não ser tirar a própria vida. E é isso que ela faz, se corta até quase morrer, até ir parar em um hospital com o corpo coberto de sangue. Após receber o devido tratamento, ela é encaminhada para Creeley Center, uma clínica de reabilitação para jovens que também têm problemas psicológicos.

“Eu cortei todas as minhas palavras fora. Meu coração estava cheio demais delas.”

Indo muito bem com o tratamento, Charlie se sente segura, porém, por causa de uma mudança do convênio médico, ela terá que deixar a clínica e ver se consegue caminhar com as próprias pernas, pois cada dia que passa é uma vitória em sua vida, uma vitória por estar viva. Ela decide ir para Tucson, e lá terá que viver completamente sozinha numa cidade grande.

Charlie tem medo do fracasso, tem medo de voltar para aquele mundo terrível que ela estava, porém, com força de vontade, amizade e muito amor próprio, ela terá que superar, e irá se apoiar em sua arte para conseguir continuar vivendo e não apenas sobrevivendo.


MINHA OPINIÃO

Quando vi que a capa desse livro seria igual a capa original, fiquei mega feliz, pois mesmo simples ela representa completamente o que essa história retrata. E sem contar na linda edição que a editora Planeta preparou, amei cada detalhe das páginas.

Durante os últimos dias, com o estouro da série 13 Reasons Why, nós vemos muita gente dar sua opinião sobre problema psicológicos vividos pelas pessoas. Alguns entendem, mas alguns apenas julgam. Não devemos condenar o que se passa na cabeça de alguém que chega imaginar que tirar a própria vida seja a melhor saída para alguma coisa. Para pessoas que não passam por isso é fácil apontar o dedo e julgar, como sempre, é mais fácil criticar do que procurar uma maneira de ajudar, não é? Devemos sim nos atentar as pessoas ao nosso redor, para que elas vejam que não estão sozinhas. Às vezes uma simples conversa pode ser a salvação para essas pessoas. Pensem nisso…

“A vida de uma garota é a pior vida do mundo. A vida de uma garota é: você nasce, sangra e queima.”

Todas as minhas expectativas quanto a esse livro foram superadas logo em suas primeiras páginas. No romance de estreia de Kathleen, ela fez com que me apaixonasse por sua escrita rápida e simples, mas ao mesmo tempo trazendo um turbilhão de sentimentos vividos por Charlotte. Eu consegui ver o quanto ela se via sem esperança, morando na rua com dois amigos, até não aguentar mais.

Os personagens secundários são bastante importante para a história. Primeiro somos apresentados as garotas que vivem na clínica, segundo o ponto de vista da protagonista. Cada uma está ali por um determinado motivo. E temos Misty, uma das piores pessoas da vida de Charlotte, sua mãe. Após saber que terá que deixar a clínica, ela prefere se mudar para longe, do que voltar a viver com essa mulher, pois ela sabe, que para voltar para o fundo do poço vivendo com ela, será fácil.

Em Tucson, apesar de ter que se inventar cada novo amanhecer, Charlotte tem uma grata surpresa quando conhece o jovem Riley West, que também viveu anos de puro abuso e sofrimento. Duas almas que sofreram tanto, podem encontrar a paz? Foram inúmeras coisas que eles tiveram que superar para conseguirem estar ali, vivos e de cabeça erguida.

“Cada aberração na minha pele é uma música. Encoste a boca em mim. Você vai ouvir uma infinita cantoria.”

O livro me fez pensar na quantidade de jovens que passam sozinhos, enfrentando uma doença séria. Muitos deles tem medo de contar o que sentem por retaliação da própria família e amigos. Meninas sofrendo abusos na escola, sendo humilhadas por causa de boatos, sem poder falar com ninguém. Pense como isso pode ser sufocante. Precisamos sim ter um acompanhamento psicológico em nossas escolas. Pessoas assim têm que saber que não estão sozinhas, seja o seu motivo, elas precisam ser ouvidas, precisamos tratar de forma séria esse problema.

Esse livro com certeza se tornou um dos meus favoritos da vida, por ser tão real e pesado do jeito que é. Marquei tantos quotes durante a leitura que foi até difícil colocar meus favoritos aqui. Não foi o romance que me fiz me apaixonar, mas sim os tramas vividos pelos personagens dessa incrível história. Recomendo para todo mundo que quer se emocionar, quer sofrer e chorar, com tramas que retratam o nosso mundo de hoje em dia.

GAROTA EM PEDAÇOS

Autor: Kathleen Glasgow

Editora: Planeta

Ano de publicação: 2017

Além de enfrentar anos de bullying na escola, Charlotte Davis perde o pai e a melhor amiga, precisando então lidar com essa dor e com as consequências do Transtorno do Controle do Impulso – um distúrbio que leva as pessoas a se automutilarem. “Viver não é fácil”. Quando o plano de saúde de sua mãe suspende seu tratamento numa clínica psiquiátrica – para onde foi após se cortar até quase ficar sem vida -, Charlotte Davis troca a gelada Minneapolis pela ensolarada Tucson, no Arizona (EUA), na tentativa de superar seus medos e decepções. Apesar do esforço em acertar, nessa nova fase da vida ela acaba se envolvendo com uma série de tipos não muito inspiradores. Cansada de se alimentar do sofrimento, a jovem se imbui de uma enorme força de vontade e decide viver e não mais sobreviver. Para fugir do círculo vicioso da dor, Charlotte usa seu talento para o desenho e foca em algo produtivo, embarcando de cabeça no mundo das artes. Esse é o caminho que ela traça em busca da cura para as feridas deixadas por suas perdas e os cortes profundos e reais que imprimiu em seu corpo.

 

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