Guerra Mundial Z é do autor Max Brooks e foi lançado pela Rocco em 2010.

Sobre o livro

Um homem que encontrou sobreviventes 12 anos depois da grande Guerra dos Zumbis, reúne seus relatos para contar a história da chegada desse surto, seu impacto na mundo, sua destruição e seu fim. Um mundo praticamente destruído, quase toda a população dizimada. É nesse cenário que ele encontra o médico Kwang Jingshu, na Federação Unida da China, que conta sobre como aconteceu o primeiro caso, na remota aldeia chamada “Nova Dachang”. O paciente zero, uma criança de aproximadamente 12 anos apresentou sintomas jamais vistos antes. E logo o pânico foi instaurado entre os moradores que não sabiam o que estava acontecendo. O corpo do menino apresentava mordidas humanas, febre alta e tremores violentos. Ninguém sabia explicar o que ou quem o mordeu.

“Seus pulsos e pés estavam amarrados com barbante de plástico. Embora esfregasse a pele em volta das amarras, não havia sangue. […] Ele se contorcia como um animal; uma mordaça abafando seus grunhidos. A pele do menino era fria e cinzenta como o cimento que se deitava. Não consegui encontrar seu batimento cardíaco, nem pulsação. Os olhos eram desvairados, arregalados e afundados nas órbitas. Ficaram fixos em mim como uma fera predatória. Em todo o exame, ele ficou inexplicavelmente hostil, tentando me pegar com as mãos amarradas e estalando os dentes para mim através da mordaça.”

Na República Popular do Tibete, Nury Televadi conta da tentativa falha do governo de tentar abafar o surto. Mesmo com todas evidências e com a rapidez com que essa ameaça se espalha. Autoridades completamente despreparadas tentam passar a imagem de que a infecção está controlada e que a população não tem nada a temer. Rapidamente esse surto toma conta do mundo. Na Floresta Amazônica, no Brasil, conhecemos o médico Fernando Oliveira que conta como a “Peste Ambulante”, como eles chamavam, chegou ao seu país. E no despreparo e incredulidade de todos com o que estava acontecendo.

O caos generalizado, sangue, membros decepados, tristeza e morte. Um verdadeiro cenário de guerra onde humanos agem como animais raivosos. Pessoas perdidas, sem entender o que está acontecendo e sem o apoio de seu governo. Apenas correndo pelas suas vidas sem direção. Conhecemos o início do surto, o momento do Grande Pânico e o período de recuperação dos parcos sobreviventes que restaram. Como eles estão hoje? Será que o surto foi completamente controlado? Como tudo isso começou? Desenrolamos essa narrativa em busca dessas e outras respostas.


Minha opinião

Uma história maravilhosa e cheia de detalhes. Com um ritmo envolvente e alucinante adentramos em um mundo pós-apocalípticos onde zumbis são reais e a raça humana tenta se restabelecer após uma guerra. Descobrimos como a história começou através dos relatos do nosso narrador. Ele vai encontrando pessoas durante sua trajetória e através do que é passado por elas, ele nos expõe uma ordem cronológica de como tudo aconteceu. Visitamos todos esses lugares juntamente com ele e conhecemos diversas figuras que conseguiram sobreviver ao período pré-guerra e que lutam para restaurar suas vidas no pós.

O livro é narrado em primeira pessoa por um locutor que não conhecemos. Em nenhum momento ele apresenta sua verdadeira identidade, sabemos muito pouco sobre ele. Fica a critério do leitor imaginar quem é e qual o seu papel nessa história, achei esse detalhe maravilhoso e instigante. Comecei a ler esperando algo relacionado ao filme, mas percebi que o que temos aqui é totalmente diferente. Não temos apenas uma história se desenrolando, mas um compilado de várias entrevistas, feitas pelo nosso narrador. E é entrevistando esses sobreviventes que ele transforma suas anotações em um livro. Sempre dando voz aqueles que estão compartilhando suas lembranças.

Todo a história passa tantas informações que parecem verídicas. Por muitos momentos, acreditamos que tudo aquilo realmente aconteceu, mesmo sabendo que de fato não tivemos um apocalipse zumbi. Mas a riqueza de detalhes é tanta e passada com tanta convicção que fica muito fácil entrar nesse mundo devastado e imaginar todas essas tramas se desenrolando. O autor consegue trazer diversos personagens, cada um com as suas peculiaridades, e narrar várias situações em vários países de uma forma esplêndida e com uma exatidão abismante.

“Embora este seja principalmente um livro de memórias, inclui muitos detalhes, tecnológicos, sociais, econômicos e assim por diante, encontrados no relatório original da comissão, uma vez que se relacionam com histórias daquelas vozes retratadas nestas páginas. Este é o livro deles, e não meu, e tentei manter minha presença o mais invisível possível. Foram incluídas perguntas no texto apenas para ilustrar aquelas que poderiam ser feitas pelo leitor. Tentei limitar a crítica, ou qualquer tipo de comentário; e se houver um fator humano que deve ser eliminado, que seja o meu.”

Um mundo devastado, onde os inimigos são extremamente perigosos, mas que também acaba colocando humano contra humano em uma jornada pela salvação. Descobrimos que essa história é muito mais que uma guerra contra os zumbis. O jogo de interesse dos poderosos também está em pauta. A ilusão de que não estava acontecendo nada e que tudo estava sob controle, a relutância de certas pessoas em acreditarem no que estava acontecendo, as tentativas falhas do governo em tentar esconder um risco que era eminente, a falsa vacina e finalmente o Grande Pânico.

Pessoas desesperadas para escaparem e que em meio a essas investidas acabam esquecendo do seu lado humano. O que os separa dos inimigos é a sua consciência que acaba por ser deixada de lado na hora do desespero. Situações precárias para sobrevivência e o medo constante, esses elementos estão presentes a todo instante no livro. A mudança em uma sociedade pós-guerra. Patrões estão virando empregados. Uma inversão de papéis, pois a necessidade maior agora é reconstruir suas cidades e vidas. Após o desespero e destruição, finalmente avistamos a esperança. Uma população unida para se reerguer.

Não sei explicar o quanto esse livro me cativou. Assistimos a infestação zumbi sob diversos ângulos e olhos, desde o seu começo, sua proliferação e combate, assim como a vida após esses eventos. Essa variedade de relatos, pessoas e lugares foi um prato cheio para mim. Repito: a história parece sempre muito real. É quase como se ela fosse palpável e pudéssemos visualizar esses zumbis. Sentimos o desespero junto com os sobreviventes, sofremos com suas perdas e incertezas, buscamos a esperança em um final que apesar de não ser feliz, foi o mais próximo de felicidade que encontramos.

Desde o começo me coloquei no lugar desses sobreviventes e me questionei sobre o que eu faria se estivesse nessa situação de terror. Essa é uma história que nos leva a pensar e refletir sobre a fragilidade do ser humano e no quanto nossas vidas podem mudar completamente de uma hora para outra. Se você deseja um livro diferente de tudo que você já leu sobre zumbis não deixe de ler esse, mas esqueça o filme, aqui a história é muito mais sombria.

 

5estrelasB

GUERRA MUNDIAL Z

Autor: Max Brooks

Editora: Rocco

Ano de publicação: 2010

Com Guerra Mundial Z, o norte-americano Max Brooks faz uma paródia dos guias de sobrevivência convencionais e expõe a paranoia coletiva que tomou conta do mundo, em especial dos Estados Unidos, na era Bush. No livro, que dá continuidade ao bem-sucedido O guia de sobrevivência aos zumbis, o autor adota um tom científico nas pretensas entrevistas que conduziu com os sobreviventes do ataque que quase extinguiu a humanidade. O narrador de Brooks é um integrante da comissão da ONU encarregado de elaborar o relatório sobre o assustador conflito que quase aniquilou o planeta. Da identificação do paciente zero, contaminado nas ruínas de Dachang, na China, até Mary Jô Miller, a arquiteta de elite que pode pagar para se proteger, passando pelo depoimento de um soldado da infantaria que lutou no conflito, nada escapa à verve do autor. Irônico, Brooks destaca ainda o quanto os homens são ingênuos em achar que podem se defender de pragas e criaturas alienígenas. Governos corruptos e com interesses eleitoreiros podem destruir qualquer Departamento de Defesa, ou conduzi-lo para o front errado. O autor mostra ainda como as sociedades desmoronaram e foram forçadas a se reorganizar após o colapso das instituições que as mantinham, levando as pessoas a atos extremos de heroísmo e altruísmo, bem como de egoísmo e mesquinhez.Além de recorrer ao fantástico para traçar um painel das reações humanas diante de crises e tragédias inexplicáveis, Brooks tece comentários ácidos sobre temas diversos como o autoritarismo na China e na União Soviética; a falsificação de relatórios de inteligência por parte do governo dos Estados Unidos para justificar a invasão ao Iraque em 2003; o impacto social e ambiental de grandes empreendimentos como a represa de Três Gargantas, na China; a opressão imposta por regimes fundamentalistas, como o talibã no Afeganistão e o tráfico internacional de órgãos, envolvendo países como o Brasil.

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