Holy Cow, uma fábula animal foi escrito em cow-autoria entre a vaca Elsie e o astro de Arquivo X e Californication, David Duchovny. O livro é um lançamento de 2016 da editora Record.

Sobre o livro

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Elsie vive em uma fazenda junto com os outros animais e tem bem definido em sua cabeça o que é ser uma vaca e quais suas obrigações. Ela sabe que sua missão é dar leite e, no tempo certo procriar, bem como, quando sua prole estiver crescida, vai desaparecer como sua mãe um dia fez. Essa é a lógica da sua vida.

Porém, um dia ela e sua melhor amiga resolvem dar uma escapadinha e ir até o lugar onde ficam os touros, para darem uma espiada e flertar. É nesse dia que Elsie acaba se aproximando demais da casa dos humanos, os donos da fazenda, e assiste na televisão um programa que mostra de onde vem os tipos de carne.

“A ignorância é uma bênção, mas o mundo tem mais a oferecer que isso, e é errado não aproveitar o que ele oferece. Não se pode ser bezerra para sempre.”

É vendo seus amigos animais e depois outras tantas vacas serem carneadas e mortas que a jovem Elsie descobre que seu mundo é uma mentira, e começa a buscar opções para escapar dessa realidade. Com a ajuda inesperada de um porco e um peru que também querem ser livres, eles traçam um plano de fuga para irem em busca de lugares no mundo onde serão tratados com respeito e não somente como algo a ser devorado pelo humanos.

Elsie é engraçada e esperta e seus amigos não ficam pra trás, tendo cada um um papel muito importante no trajeto. Com uma pegada de A Revolução dos Bichos, a vaca Elsie conta sua história pelas mãos do ator David Duchovny.

Minha opinião

A proposta do livro já é super divertida sem deixar de também tratar de alguns assuntos sérios, lembrando o clássico de George Orwell. Mas, estando mais voltado em ser uma fábula e trazer as questões de forma leve, apelando para o cômico e podendo ser apreciado em todas as idades com a mesma moral, ela se afasta da Revolução dos Bichos nesse ponto, criando uma história que é somente sua.

“Ei, olha essa foto minha fazendo uma careta, e essa outra com uma cara diferente. Selfie, é como eles chamam, e faz todo o sentido, porque, mesmo enviado essas fotos para outras pessoas, isso ainda me cheira a selfish.”

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Elsie é super bem humorada e em vários pontos do livro ela para de contar a história para falar com o leitor, expondo algumas das coisas que seu “editor” pediu que ela inserisse no livro, como referências à cultura pop, com bandas, cantores e filmes. Isso torna a narrativa ainda mais agradável, pois do ponto de vista de uma vaca tudo é muito novo quando ela põe seu olhar em cima das coisas.

Eu particularmente gosto bastante desse recurso, principalmente quando ele é bem usado. Tive maiores experiências com ele sendo usado na tv do que em livros, mas foi interessante ver sua inserção aqui, já que o fluxo desorganizado de pensamentos da protagonista combina com essa situação. Elsie quer ser ela mesma, mas sem desagradar seu editor e o leitor, portanto as vezes se vira pra nós e pergunta se está indo tudo bem. Ao contrário de livros em que já vi isso acontecer, aqui a trama não fica chata e nem pede ritmo por causa disso.

Na jornada de Elsie passaremos por vários momentos e por várias lições, a principal delas é a amizade e o fato de que o lar é onde você se sente bem com as pessoas ao seu redor, e isso não necessariamente significa o lugar que você pensa que quer ir ou pra onde querem que você vá. Esses três animais inusitados vão desenvolver uma amizade e dela muitas aventuras virão, bem como situações que sempre tem uma boa lição ou risada por trás.

Essas lições não estão escrachadas ou são postas como verdades absolutas e acho que isso é bastante positivo, pois impõe ao leitor o ato de pensar. Não é pra você deixar de comer carne, ou algo assim, é pra refletir sobre a forma como o homem trata os animais de acordo com as culturas de cada lugar e, como uma “simples” vaca aqui pode ser somente carne enquanto em outros lugares é um ser sagrado e intocável.

Dizem que a maldade está nos olhos de quem vê. Aqui, nesse livro, a moral é que estará nos olhos de quem lê. As interpretações e significados serão diferentes de acordo com as convicções de cada um, e isso é muito interessante de se analisar.

O livro fui super rápido e, apesar de ter páginas brancas pra combinar com toda a composição, tudo está muito bonito na edição e na disposição do texto, que por vezes ganha formato de roteiro e também é recheado de ilustrações que ajudam o leitor a imaginar a história e os personagens.

Assim, acredito que essa primeira parceria entre David Duchovny e a jovem Elsie deu bons frutos e quem sabe no futuro, não teremos mais aventuras dessa personagem e autora tão querida?

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Elsie Bovary é uma vaca muito feliz em sua bovinidade. Até o dia que resolve sair sorrateiramente do pasto e se vê atraída pela casa da fazenda. Através da janela, observa a família do fazendeiro reunida em volta de um Deus Caixa luminoso – e o que o Deus Caixa revela sobre algo chamado “fazenda industrial” deixa Elsie e tudo o que ela sabia sobre seu mundo de pernas para o ar. A única saída? Fugir para um mundo melhor e mais seguro. Assim, um grupo para lá de heterogêneo é formado: Elsie; Shalom, um porco rabugento que acaba de se converter ao judaísmo; e Tom, um peru tranquilão que não sabe voar, mas que com o bico consegue usar um iPhone como ninguém. Munidos de passaportes falsos e disfarçados de seres humanos, eles fogem da fazenda e é aí que a aventura deles alça voo – literalmente.
Elsie é uma narradora marrenta e espirituosa; Tom dá conselhos psiquiátricos com um sotaque alemão um tanto forçado; e Shalom, sem querer, acaba unindo israelenses e palestinos. As criaturas carismáticas de David Duchovny indicam o caminho para um entendimento e uma aceitação mútuos dos quais esse planeta tanto precisa.

 

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