A Invasão de Tearling é a continuação de A Rainha de Tearling, da autora Erika Johansen. A publicação é de 2017 pela editora Suma.

*Essa resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Kelsea tomou o seu trono de direito e sua primeira medida foi romper o acordo com Mortmesne, irritando profundamente a Rainha Vermelha. Com o fim das remessas, essa perigosa mulher tem um problema em mãos e não vai aceitar facilmente o desafio da jovem garota, mesmo que aquele que a apadrinha com sua juventude tenha exigido distância da soberana Tear.

“Kelsea se odiava quando ficava com raiva, mesmo com o coração disparado e um véu denso de fúria obscurecendo sua visão, ela ainda conseguia ver claramente que o caminho da raiva desenfreada terminava na autodestruição.”

Enquanto se prepara para a guerra, Kelsea tenta buscar alternativas e também compreender melhor sua família, aqueles que há cercam, sua corte e, principalmente seus sentimentos. Depois de ter ativado suas joias algo nela começou a mudar e há um apego pulsante e presente nessa relação. Porém, as mudanças se tornam externas e logo ela começa a ver no espelho algo diferente.

Algo que também passa a assombrá-la é que de tempos em tempos mergulha em um sono profundo e volta no tempo, para a época pré-travessia, acompanhando os passos de Lily, uma mulher que mora em Manhattan e tem um marido abusivo. Algo parece lhe dizer que há uma conexão entre ela e essa memória, mas o que seria?


Minha Opinião

Minhas expectativas para A Invasão de Tearling eram bem baixas. Eu gostei do primeiro livro, mas ao mesmo tempo não estava tão empolgada assim para continuar. Preciso dizer que isso tem bem pouco a ver com a história e bastante com a edição, que tem uma diagramação bem fechada, o que dificulta na leitura. Porém, com certa perseverança, tive uma surpresinha com esse livro.

Em A Rainha de Tearling muitas perguntas surgiram. Aprendemos que havia um mundo igual ao nosso “antes”, algo aconteceu, uma travessia marítima foi feita, barcos naufragaram e muito se perdeu, levando os sobreviventes à era medieval novamente. Porém, as explicações pararam por ai. Com isso, eu tinha duas coisas em mente: ou isso seria toda a informação que receberíamos e seria um típico “lide com isso”, ou a autora iria começar a explicar algumas coisas, e eis que era exatamente essa segunda opção. Entretanto, o que ela explicou não chegou nem perto do que eu estava pensando e minha cabeça praticamente entrou em colapso conforme eu ia juntando as peças dessa história.

E não, eu não vou tentar explicar o que foi explicado, porque seria um gigante spoiler e a experiência de descoberta aqui vale muito a pena, então minha recomendação fica já no começo dessa resenha: leia A Invasão de Tearling.

Eu, particulamente, achei esse livro mais  leve e fluído que o primeiro e talvez por isso a diagramação tenha incomodado menos. Parece que há uma maior cadência na trama, o que facilita o andamento da história. Com isso, logo depois de já ter virado a página 100, estava ansiosíssima pra saber onde tudo aquilo ia levar.

A narrativa se divide em dois momentos: o presente de Kelsea, e o passado de Lily. Não vou mentir que até a trama de Lily fazer sentido, foi um porre acompanhar as partes onde o ponto de vista mudava para o dela. É uma personagem oprimida e agredida pelo marido, vivendo num momento do mundo onde já há pouca ou quase nenhuma voz às mulheres e a impotência que ela representava me atormentou. O fato de não entender porque precisamos acompanhá-la num primeiro momento também não ajuda. Mas, a coisa se desenrola de forma a corrermos pela sua parte para retornar a Kelsea e logo vemos que há um pouco mais escondido nessa parte da narrativa.

“Ela não parecia as rainhas das histórias de seu pai, que eram sempre mulheres delicadas e bonitas como a ruiva do regente. Essa mulher parecia… forte. Talvez fosse o cabelo curto, curto como o de um homem, ou talvez fosse o porte, de pé com os pés separados e uma das mãos batendo com impaciência no quadril. Uma das frases favoritas do pai surgiu na cabeça de Ewen: ela parecia uma pessoa com quem ninguém devia se meter.”

Em contra partida, ver a evolução de Kelsea foi uma faca de dois gumes. Primeiro foi interessante ver ela se tornando mais inteligente, se descobrindo mulher, buscando soluções e tentando se encontrar. Por outro lado o fator “representatividade e diferencial” que marcava o físico da personagem foi aos poucos alterado pela influência das pedras e a não tão bonita ou magra Rainha acabou por se tornar bonita e magra Rainha. E ai, digo a vocês, não sei bem como eu me sinto com relação a isso. Eu gostava desse “Q” de ela não ter o perfil tradicional, é inclusive o que ajuda a vender o livro como diferencial. E ai, foi retirado. Pode ser que haja uma grande mudança nesse aspecto quando aprendermos mais sobre as joias, porém ficou um gosto agridoce com relação a isso.

Vamos ter vários novos personagens aqui que vão ajudar a evoluir a trama e foi bacana já iniciar com um deles e perceber que o livro iria tomar caminhos diferentes. Também vamos descobrir muitas coisas sobre a Rainha Vermelha e o encantamento que a cerca. A “criatura” que lhe deu o que ela tem também vai ser mais trabalhada aqui e a trama termina em um ponto de completo caos, mas muitas descobertas. Sabe aqueles finais impossíveis de esperar pelo próximo? Pois é, quero pra ontem. E lembra que lá em cima eu disse que nem tava muito no pique de ler o livro? Vejam só.

Quero deixar uma menção honrosa ao Pen, nessa resenha. Ele super cresceu no meu conceito, enquanto o Clava, que prometia fazer e acontecer, se manteve apagado. Outro que aparece e desaparece e que acho que ainda vai dar o que falar é o Fetch, ainda temos muito o que descobrir sobre ele e espero que a autora não se esqueça disso.

A Invasão de Tearling entrou para a minha lista de melhores continuações lidas em 2017 pela forma como foge pera tangente para nos apresentar o verdadeiro background da história que estamos lendo. Como aos poucos, página a página, conecta elementos que parecem não fazer sentido uma centena atrás. E, quando temos todas as peças, parece que as perguntas só fazem aumentar junto com a gama de possibilidades que se abre sobre essa história.

Então, caso você já tenha lido A Rainha de Tearling, só vai, porque esse livro vale muuuito a pena. Agora, se você nem começou, fica aqui a dica de uma daquelas trilogias que tem muito mais a revelar do que o que está na superfície e que deve estar toda lançada ainda no primeiro semestre de 2018.

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A INVASÃO DE TEARLING

Autor: Erika Johansen

Editora: Suma

Ano de publicação: 2017

Kelsea Glynn é a rainha de Tearling. Apesar de ter apenas dezenove anos e nenhuma experiência no trono, Kelsea ficou rapidamente conhecida como uma monarca justa e corajosa. No entanto, o poder é uma faca de dois gumes. Ao interromper o comércio de escravos com o reino vizinho e tentar conseguir justiça para seu povo, ela enfurece a Rainha Vermelha, uma feiticeira poderosa com um exército imbatível. Agora, à beira de ver o Tearling invadido pelas tropas inimigas, Kelsea precisa recorrer ao passado, aos tempos de antes da Travessia, para encontrar respostas que podem dar ao seu povo uma chance de sobrevivência. Mas seu tempo está acabando…

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