Jogador Nº 1 é um livro de ficção científica do autor Ernest Cline, lançado pela primeira vez no Brasil em 2012, e posteriormente com nova capa em 2015 pela editora Leya. Agora, ganhou nova capa relativa ao filme.

Sobre o Livro

O mundo está um verdadeiro caos. As pessoas vivem em meio a pobreza, fome e doenças. As mudanças climáticas mudaram a realidade e a guerra bateu à porta. Porém, há um lugar onde é possível se esconder de tudo isso e viver a vida que você quiser.

No OASIS tudo é possível e as pessoas passam mais tempo dentro dele do que vivendo suas vidas reais. Desenvolvido por James Donovan Halliday, primeiramente como um jogo, acabou ganhando dimensões enormes e se transformou em uma realidade virtual extremamente avançada para onde todo o sistema global migrou. É lá que você trabalha, estuda, faz amigos e vive aventuras.

Porém, Halliday morreu e deixou em seu testamento um bela surpresa: a pessoa que encontrasse o easter egg deixado por ele no OASIS, escondido atrás de portais, chaves e enigmas, herdaria toda a sua fortuna e o controle da plataforma. Com isso, todos quiseram se tornar “caça-ovos”, nessa busca cheia de mistérios. Depois de 5 anos de procura e uma descrença total, foi um garoto de 18 anos, que mora em uma das pilhas mais pobres que marcou o primeiro ponto no placar, e fez o jogo voltar a despertar.


Minha Opinião

Primeiro de tudo: eu ouvi tantas coisas boas sobre esse livro que se por acaso ele fosse ruim, iria ser uma das grandes decepções do ano. Felizmente, atendeu todas as expectativas e de uma forma bem estranha.

Eu nasci nos anos 90 e tive quase zero contato com vídeo games. Minha família era pobre e portanto nunca foi uma prioridade. Quando eu cresci e talvez pudesse ter adquirido um console pra jogar, já não era mais a minha praia e nunca foi algo que me chamou a atenção. Logo, quase 100% das referências citadas aqui dentro dos vídeo games me fizeram boiar. Em qualquer situação isso poderia ter sido uma catástrofe, mas Cline é didático e propõe um estilo descritivo de narrativa que me inseriu dentro do livro mesmo sendo a primeira vez que eu “via” um Atari.

Salvo referências a Senhor dos Anéis, outros filmes e alguns livros, Jogador nº 1 foi o meu próprio OASIS. Um universo completamente novo onde eu adentrei e pude encontrar uma realidade paralela em que fiz mil descobertas e consegui ver as coisas com clareza. E, mesmo sendo um livro descritivo em vários pontos, é muito interessante e não fica cansativo.

Eu sei que para várias pessoas pode ser massante, principalmente se você tem zero interesse no assunto games ou acha bobagem. Porém, meu desinteresse nisso sempre foi por falta de oportunidade e tempo, e não esse outro aspecto. Portanto, foi quase como se eu tivesse preenchido a cota que nunca consegui durante os meus 27 anos de vida.

Na parte da experiência pessoal de imersão, nosso narrador é muito bom. Wade Watts tem 18 anos e é um garoto muito esperto. Precisou ser pra sobreviver e encontrou no OASIS, assim como a maioria dos jovens, um lugar seu. Assim que o testamento de Halliday se tornou público ele virou um caça-ovos, afinal, era sua chance de mudar de vida e sair do buraco que morava junto com a dia e outra dezena de pessoas. Mas, diferente da maioria dos outros caçadores, Wade não desistiu com o passar dos anos e mesmo 5 anos depois ainda estava à procura. Mais do que isso, usou cada minuto que tinha de sobra para pesquisar sobre a vida do criador, jogar seus jogos preferidos, assistir seus filmes, ler seus livros, buscando pistas que pudessem lhe ajudar. Através de sua voz, voltamos um pouco no tempo para acompanhar sua jornada e vamos dai em frente, vendo tudo o que acontece nessa busca.

Ele, entretanto, não será o único personagem a ter destaque. Temos pelo menos outros cinco caça-ovos, entre eles o melhor amigo de Wade e Art3mis, uma das mais famosas jogadoras. E, claro, temos o vilão dentro da história, uma corporação que quer vencer o jogo para tomar poder sobre o OASIS e monetizar tudo, cobrando taxas para uso, limitando acessos e, basicamente, expulsando aqueles que não tem dinheiro nem pra viver do lado de fora. É montado então um time de pessoas que vão trabalhar pra resolver os enigmas primeiro e tentar por no bolso da empresa o que Halliday queria ver na mão de algum jovem genial.

Preciso fazer um parênteses aqui pra exaltar um aspecto desse livro que eu acho necessário: o romance. Essa é uma pauta que eu sempre bato e que muita gente acha que sou chata por estar sempre reclamando. A questão é que tem sim como um livro ter um pouco de romance, ter personagens jovens, ser inteligente, de um gênero que não romance e trabalhar a narrativa de forma harmônica. Jogador nº 1 é a prova disso.

Temos uma relação aqui que se forma, ela é trabalhada durante grande parte do livro, tendo destaque em um ponto específico. Nunca toma o foco, nunca ninguém abre mão de tudo por amor, nunca a narrativa fica melosa desnecessariamente, nunca o livro deixa de ser uma ficção científica pra se tornar um romance água com açúcar e é isso que eu sempre desejo que os autores façam. Não coloquem suas histórias no lixo ou em segundo plano só pra fazer dois (ou três) personagens se apaixonarem. Então, podem tirar uma aula com o Sr. Ernest Cline, ok?

Além disso, as mais de 400 páginas do livro são uma grande aventura. Revisitamos velhos jogos, entramos pra dentro de mundos completamente novos, visitamos planetas, revemos filmes antigos e caminhamos ao lado de Wade por situações que vão de zerar um game, a explosões e a um medo real. Tem gente que simplesmente não está para brincadeira.

Há momentos de humor também e algumas questões importantes trabalhadas, como o bullying, homossexualidade, preconceito social e racial, e questões de abandono familiar. A ganância e a fuga de realidade são tópicos constantes. Eu me vi muitas vezes desejando visitar o OASIS e pensando o quão incrível era aquilo, ao mesmo tempo em que parava pra pensar que triste seria só poder “viver” virtualmente. Sem sentir as coisas de verdade. Sem existir de verdade.

Mesmo tendo uma pegada jovem, é impossível que uma criança dos anos 80, hoje com quase 40 anos não vá se divertir imensamente relembrando todas as referências e se enxergando em Wade nas sua caça ao tesouro. Assim como as gerações que vieram depois, como a minha. Em 2018 tivemos a adaptação chegando os cinemas e o filme passou bem longe do conteúdo do livro, porém, mesmo assim achei que foi uma boa produção individual e que se sustenta sozinha, mesmo que claramente voltada a um público mais jovem.

Jogador nº 1 foi uma experiência incrível de leitura e eu super recomendo se foi um tipo de livro que te interesse. Como eu falei, é preciso ter pelo menos afinidade caso falte o conhecimento, porque mesmo entrando cega como eu, é possível fazer a imersão, aproveitar a jornada e abraçar essa história grandiosa e super bem escrita.

JOGADOR Nº 1

Autor: Ernest Cline

Editora: Leya

Ano de publicação: 2015

Cinco estranhos e uma coisa em comum: a caça ao tesouro. Achar as pistas nesta guerra definirá o destino da humanidade. Em um futuro não muito distante, as pessoas abriram mão da vida real para viver em uma plataforma chamada Oasis. Neste mundo distópico, pistas são deixadas pelo criador do programa e quem achá-las herdará toda a sua fortuna. Como a maior parte da humanidade, o jovem Wade Watts escapa de sua miséria em Oasis. Mas ter achado a primeira pista para o tesouro deixou sua vida bastante complicada. De repente, parece que o mundo inteiro acompanha seus passos, e outros competidores se juntam à caçada. Só ele sabe onde encontrar as outras pistas: filmes, séries e músicas de uma época que o mundo era um bom lugar para viver. Para Wade, o que resta é vencer – pois esta é a única chance de sobrevivência.

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