Maldita é o segundo volume de uma trilogia infernal de Chuck Palahniuk, publicado pela editora Leya.

Sobre o Livro

Madison segue muito bem como residente do inferno. Virou uma veterana atrevida e justiceira, se tornando a mais ousada de todos os seus amigos, já que não tinha mais nada a perder. Mas depois de um evento de Halloween dar errado, ela fica presa no purgatório, mais conhecido como Terra.

“Nem mesmo os mortos querem desaparecer completamente.”

Quem não obedece as regras do evento fica vagando pela Terra até o próximo Halloween. Madison pode ver e ouvir o que quiser daquele mundo que costumava habitar, no entanto, é invisível aos olhos dos vivos; as pessoas olham e atravessam através dela. Livre de qualquer obrigação que tinha no inferno, como seu serviço de operadora de telemarketing, Madison revisita seu passado e acaba descobrindo o porquê de ter nascido, vivido tudo o que viveu, e morrido.


Minha Opinião

Maldita para mim foi uma grande decepção! Segundo livro de uma trilogia que tinha tudo para dar certo, acabou desandando completamente. Tinha um propósito, mas foi para o lado oposto ao que deveria. Talvez eu tenha ido com muita sede ao pote, mas com uma premissa tão boa, vinda de um autor tão prestigiado, eu esperava que a obra se mantivesse no mesmo nível do primeiro.

Aqui temos a Madison como personagem principal, de personalidade já conhecida do primeiro livro, só tem um porém, agora presa no purgatório a sentimos mais vulnerável a medida que vai descobrindo seu passado. Por vezes é uma personagem irritante; Chuck fez um bom trabalho em construir uma personagem de 13 anos no auge da sua ”aborrescência”.

Para não se sentir tão sozinha, Madison cria um blog onde passa a contar aos seus leitores o que vai vivendo e descobrindo sobre sua origem. Embora muito nova, a intelectualidade e algumas visões de mundo da garota me fizeram insistir no livro. O que não deu muito certo, na minha experiência de leitura, foi a narrativa + a ambientação + o mundo (por vezes inimaginável) criado por Palahniuk. O autor viaja tanto na construção dos cenários e atos, que acaba por pecar no excesso de detalhes, e isso foi, aos poucos, me desconectando da história. E, infelizmente, por conta dessa falha, uma leitura que tinha tudo para ser fluida, devido a ”simplicidade” da escrita, tornou-se difícil de se engrenar.

O que me fez ir com a leitura até o final, foi a esperança de ler o que me foi prometido, já que o diferencial da obra era retratar a Terra sendo uma condenação eterna, e o motivo disso sendo as atitudes repugnantes cometidas por nós, desde as mais banais, como peidar ou arrotar, até a mais cruel, como matar alguém. Além de ser percebido sutilmente a individualidade e egocentrismo exacerbado do ser-humano como um problema talvez impossível de ser eliminado, por isso, o feitiço viraria contra o feiticeiro.

Em certo momento, Madison consegue se comunicar com seus pais; eles pensam que ela está no céu, e ela, sem coragem de dizer que está causando no inferno, não desmente e, ainda por cima, fala tudo que seus pais precisam fazer para quando morrerem também irem para o céu, junto com a sua filhota. O que ela não esperava, é que seus pais conseguiram fazer de Madison uma santa, e todo o “passo a passo para o céu” tornou-se uma religião, o Rudismo. Uma religião “super bem intencionada”, pena que estava condenando todos que a seguissem com passagem garantida para o inferno – e é aí que percebemos a crítica contra as religiões -…

“Rudismo, como Leonard planejou, seria uma irmandade que aceitava e celebrava os piores aspectos de seus aderentes. Até os detalhes que eles próprios desprezavam– seus preconceitos secretos, odores corporais, suas grosserias porcas.”

Eu poderia falar mais sobre isso, caso Chuck Palahniuk tivesse explorado mais a sua própria história, mas, infelizmente, ele se perde no meio do caminho. Basicamente, 95% (ou mais) do livro são descrições de pessoas peidando, fazendo porquices, falando palavrões, sendo malvadas, etc. Chuck acabou por deixar apenas as suas últimas frases interessantes, quase que propositalmente, para deixar um gancho para o terceiro livro da trilogia.

Sinceramente, eu só recomendo essa trilogia caso realmente saia o terceiro livro, tendo em vista que já fazem 4 anos da publicação do segundo e não se tem sequer alguma notícia do último. É muito chato ter uma ótima ideia sendo deixada a desejar; não vale a pena brincar com a nossa ansiedade por algo que não se fez valer. Mas, se você é tão atrevido como Madison e vai decidir ir contra o meu conselho, boa sorte!

MALDITA

Autor: Chuck Palahniuk

Editora: Leya

Ano de publicação: 2014

Madison Spencer, a menina morta mais animada do universo, prossegue com sua aventureira vida após a morte, iniciada em “Condenada”. Depois de um ritual de halloween que deu errado, Madison fica presa no purgatório. A medida que Madison revisita a dolorosa verdade do que aconteceu ao longo dos anos, sua saga de condenação eterna assume um novo e sinistro significado. Satanás teve Madison em suas vistas desde o início: por meio dela e de seus pais, verdadeiras celebridades narcisistas, ele planeja projetar uma era de condenação eterna. Para todos.

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