Maré Congelada é o quarto livro da série A Queda dos Reinos, da autora Morgan Rhodes. A publicação é de 2016 pela editora Seguinte.


*Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores

Sobre o Livro

Várias disputas foram travadas e os cristais se espalharam pelas mãos de Lucia, Felix, Jonas e Amara. Porém, apenas a princesa feiticeira foi capaz de ativar a magia do seu, liberando o deus do fogo para o mundo dos humanos, mas ela também precisa lidar com o luto de ter perdido aquele que amava e controlar esse ser desconhecido e poderoso.

Cleo e Magnus estão em uma nova configuração. Tendo desafiado o pai e impedido o assassinato da jovem, ele manifesta seus sentimentos e deixa Cleo confusa. Retornando para Limeiros para o trono que é seu por direito, Magnus tentará traçar seu próprio caminho, longe das garras do pai.

“Lembre-se: toda madia tem seu preço. Um preço que não é revelado até que o dano já tenha sido causado.”

Mas o Rei Gaius não ficará esperando o problema bater em sua porta, depois da traição do filho. Ele vai atravessar o mar e ir até Kraeshia, em busca de uma aliança com o imperador desse outro reino que está conquistando tudo ao redor de Mítica. Mas como aliados podem surgir dos lugares mais estranhos, talvez seja a hora de Cleo, Jonas e Magnus começarem a trabalhar juntos para impedir que o rei sanguinário adquira mais poder


Minha Opinião

A série A Queda dos Reinos nunca foi pra mim um espetáculo, mas eu sigo lendo, pois ainda acredito que vou me surpreender em algum momento. Infelizmente, não foi aqui. Maré Congelada tinha absolutamente tudo para ser o livro divisor de águas. Havia acontecido tanta coisa em A Ascensão das Trevas que eu senti realmente que esse livro iria engrenar. Tudo começa muito bem, temos algumas novas configurações, mas logo, ao meio do livro, a história volta a se dirigir a um ponto que para as resoluções para impor novos conflitos, como se já não tivéssemos o suficiente.

O que eu mais esperava aqui era uma definição dos casais e das relações entre os personagens. Quando Magnus escolhe salvar ela e demonstra seus sentimentos, acreditei por um momento que algo bom ia sair dali. Não pensei que Cleo fosse entregar seu coração e que eles fossem viver para sempre felizes, afinal o Magnus tem passado e não é lá flor que se cheire, mas pelo menos uma aliança com um pouco mais de confiança poderia vir, já que nenhum dos dois está em uma condição muito positiva.

Mas, é claro que não. Cleo sequer dá a chance disso acontecer, e mesmo quando Magnus propõe coisas interessantes que podem ajudá-la no futuro, ela faz a traiçoeira ao invés de aproveitar as oportunidades que lhe aparecem. É claro que tudo isso é agravado quando o Jonas entra na roda. Eu desenvolvi um ódio tremendo por esse personagem porque ele praticamente passou os últimos quatro livros só fazendo merda e tomando decisões equivocadas, além do fato de ser morto e ressuscitado mais de uma vez. Parece que a autora não quer matar ele de jeito nenhum, mas também não sabe o que faz.

“Mortais são fracos, é o que os torna mortais.”

Quando comecei a série, achei que o Jonas ia ser o herói, o mocinho que iria salvar o mundo, mas ele ficou só com a outra parte, a de se apaixonar pela princesa. Há uma cena de se revirar os olhos nesse livro, a qual vou quotar abaixo. Ele sempre teve outras personagens aos seus pés, pois ele é o típico clichê masculino, e dessa vez realmente me pareceu que ele iria desvincular-se de Cleo e olhar um pouco mais para aquela que estava ao seu lado, mas não. Claro que não.

“O coração de Jonas se encheu de orgulho. De repente, percebeu que não conseguia tirar os olhos daquela guerreira forte e estonteante que esteve ao seu lado em todas as etapas de sua jornada. Aquela garota incrível que disse que o amava.
Mas logo seu coração também doeu ao seu lembrar que tinha se esquecido completamente dela assim que vira Cleo, que havia quase caído aos pés da princesa dourada e implorado por um beijo.”

E ai temos Lucia, a jovem feiticeira e seu novo brinquedo, o deus do fogo. Queria muito ver a personagem como uma vilã, ela tinha tudo pra desenvolver muito bem esse papel, mas acaba por deixar muita coisa se sobrepor. Primeiro ela não era ninguém, depois descobriu poderes, entrou em coma, acordou, é poderosa, se apaixonou e em meio a tudo isso, quando deveria ter amadurecido e endurecido, ainda parece frágil e infantil. Eu simplesmente não consigo sentir firmeza na personagem. E o desfecho que ela recebe nesse livro foi simplesmente o ápice da minha frustração. Porque quem precisa de mais uma bobagem clichê em uma série que se construiu toda assim? Lucia. Lucia precisa.

Mas, em contra partida, temos algo interessante acontecendo com o personagem mais inesperado: Gaius. O rei resolveu bater na porta de um futuro adversário e pedir aliança. Em Kraeshia também nos reencontraremos com a taciturna Amara e descobriremos porque ela fez o que fez e qual o seu verdadeiro papel dentro da corte do seu pai, o imperador. É nesse núcleo que temos os melhores desenvolvimentos de todo o livro e é aqui que a trama se salva. Principalmente algo no final, que foi o que realmente me deixou curiosa para o quinto livro.

Mas, além de conhecermos Kraeshia e aprendermos poucas coisas com o deus do fogo, há pouco desenvolvimento de mundo ou mitologia nesse livro. O foco fica realmente nos problemas e conflitos dos personagens e, enquanto focados em Cleo e Magnus ainda rendem algumas cenas interessantes, é só Jonas entrar em cena para que a química se perca. E, mesmo com tudo que reclamei, ainda acho que Cleo é a que mais evoluiu e Magnus é minha maior aposta daqui pra frente.

Tempestade de Cristal já foi lançado e em breve quero ler pra ver se finalmente evoluímos na trama. O que mais sinto falta nessa série é de alguns pequenos fechamentos. Nunca amarrar todas as pontas no final dá certo de forma definitiva sem soar apressado ou fácil demais. Às vezes é preciso que algumas coisas se definam – como os casais – para que o resto da narrativa possa andar com mais leveza e naturalidade, ao invés de parar para ouvir um suspiro de algum personagem.

Há tanta coisa em jogo aqui, tanta coisa a ser explorada. A Queda dos Reinos é uma série com um mundo riquíssimo que se perde no meio das obviedades de alguns conflitos, enquanto deveria estar mais preocupada em expandir a grandiosidade daquilo que pode alcançar.

MARÉ CONGELADA

Autor: Morgan Rhodes

Editora: Seguinte

Ano de publicação: 2016

As disputas pela Tétrade, quatro cristais mágicos capazes de conferir poderes inimagináveis a quem os encontrar, continuam. Amara roubou o cristal da água, Jonas conseguiu o da terra, Felix enganou os rebeldes para ficar com o cristal do ar, e Lucia está com o do fogo. Mas nem todos sabem como ativar a magia da Tétrade, e apenas a princesa feiticeira conquistou poder até agora, aliando-se ao deus do fogo que libertou de seu cristal.
Gaius, o Rei Sanguinário, também não desistiu de encontrar os cristais. Ele está mais sedento por poder do que nunca, especialmente agora que não conta mais com a ajuda da imortal Melenia nem com o apoio de Magnus, o herdeiro que o traiu para poupar a vida da princesa Cleo. Para conquistar todo o mundo conhecido, Gaius resolve atravessar o mar gelado até Kraeshia, e tentar um acordo com o imperador perverso de lá. No caminho, o rei vai encontrar muitas dificuldades e inimigos, como Amara, princesa de Kraeshia, que tem seus próprios planos para conquistar o poder.

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