Me Chame Pelo Seu Nome é um dos lançamentos mais aguardados de 2018, do autor André Aciman, devido a sua adaptação cinematográfica que foi indicada também ao Oscar. A publicação é da editora Intrínseca.

Sobre o Livro

Elio passa as férias de verão em uma casa na costa da Itália que é um verdadeiro paraíso. Todo ano, porém, seu pai recebe como hóspede um escritor em potencial para que ele possa desenvolver seu projeto enquanto recebe também alguns conselhos e realiza alguns trabalhos em troca. Todo eles sempre foram entediantes aos olhos do garoto. Todos até Oliver.

Durante seis semanas, Elio presta mais e mais atenção ao americano de 24 anos que também é judeu e se expressa com tamanha liberdade. Seus sentimentos vão escalonando e ele se vê preso em uma aspiral de sensações e desejos que lhe eram até então desconhecidas.

Da antipatia casual a uma arrebatadora paixão, as coisas mudam e se tranformam e proporcionam experiências únicas que tem um prazo de validade para acontecerem. É só mais um verão, e logo cada um terá de seguir o seu caminho.


Minha Opinião

Meu interesse por esse livro foi completamente desenvolvido pelo tanto que eu ouvi as pessoas falando sobre ele. Exaltada pela crítica, a adaptação cinematográfica que chegou aos cinemas em janeiro despertou o intesse no livro e a vontade de conhecer a história por trás do filme.

Primeiro, vale a pena dizer que ficaremos todo o tempo na cabeça de Elio, um garoto de 17 anos. É o seu fluxo de pensamentos que conduz a narrativa e tudo o que vemos, enxergamos através da sua visão distorcida, seja pela antipatia, desconfiança, paixão, ciúme ou desejo. Para alguns leitores isso pode ser um grande problema, pois o personagem tem seus altos e baixos e estar o tempo todo vinculado a ele sufoca um pouco.

Por isso, achei que teria uma experiência mediana, pois passa longe de ser a forma como gosto de ver os livros contados. Porém, acabei me surpreendendo um pouco. Essa questão não me incomodou tanto como eu imaginei e consegui manter um bom ritmo de leitura. O que não ajuda é que há muito do livro antes de termos realmente algo acontecendo com os personagens, realmente guardando os fatos para o final. Com isso, há um longo caminho a percorrer até nos confrontarmos com que queremos ver.

“Nas semanas que passamos juntos naquele verão, nossas vidas mal se tocaram, mas nós atravessamos para o outro lado, onde o tempo pára e o céu alcança a terra e nos oferece o que é divinamente nosso desde o nascimento.”

Elio e Oliver tem uma diferença de idade que pode incomodar a algumas pessoas. Pra mim, vendo o narrador da forma como ele se apresenta, mesmo jovem, mas maduro, com já certas experiências e consciente das suas escolhas, não acabou sendo um fator a se questionar ou problematizar. Porém, houve uma série de coisas que cobrou de mim um período de compreensão.

Elio é um garoto, bissexual, judeu, que mora na Itália nos anos 80. O contexto de sua vida passa longe de ser o meu contexto e isso cobra um certo preço na hora de criar um elo com o personagem. Ao mesmo tempo em que questionei e torci o nariz pra várias de suas atitudes, a intensidade com a qual o autor conseguiu expressar o que ele sentia passava a justificar a gerar compreensão apenas alguns parágrafos depois. Com isso, me vi repensando uma série de coisas que não imaginei me confrontar nessa leitura.

As cenas ditas “chocantes”, que deram o que falar no filme, não chegaram pra mim assim com tamanho auê. Dentro dos parâmetros, mais uma vez, da intensidade do que o garoto sente e da limitação de seu desbravamento no campo do amor, mesmo ele já tendo tido experiências sexuais com mulheres, acaba por justificar as situações, mesmo que elas não sejam “casuais”.

Como um todo, posso dizer que foi um pouco surpreendente ver a reflexão nua e crua da desoberta da sexualidade, dos conflitos que isso traz e dos sentimentos que surgem a cada novo momento. Quando passamos por essa fase, seja qual for a sua opção sexual, parece haver uma necessidade social de contenção, de que não se fale sobre o assunto. Grande parte do que pensamos, sentimos e questionamos fica preso na nossa cabeça e talvez seja por isso que ver a forma como Elio sente as coisas seja desconfortável, pois quando eramos nós, nos mantemos quietos, sem expressar em alto e bom som. Coisa essa que ele também não faz, afinal tudo se passa em sua cabeça e os invasores somos nós.

Me Chame Pelo Seu Nome não foi um livro excepcional pra mim, mas certamente suscitou uma série de debates internos que eu me confrontei e aceitei durante a leitura. E, com relação ao formato do livro, pode até soar um sacrilégio para alguns, mas dadas as devidas proporções e contexto, a forma como a narrativa é apresentada me lembrou bastante O Apanhador no Campo de Centeio, livro que também marcou a sua época por apresentar um jovem com atitudes e pensamentos pouco controlados pelas normas sociais, gerando uma expressão mais fiel dessa idade.

Eu ainda não assisti ao filme, mas pretendo fazer isso em breve para ter o total contato com a obra e descobrir se vou repetir algumas reações com a adaptação. Acho que é uma leitura que, por despertar tantas questões e gerar identificação com uns e a indignação de outros, vale a tentativa pela experiência e pra descobrir como ela vai funcionar pra você. Só tenha em mente todos os aspectos e vá para aproveitar a jonada.

ME CHAME PELO SEU NOME

Autor: André Aciman

Editora: Intrinseca

Ano de publicação: 2018

A casa onde Elio passa os verões é um verdadeiro paraíso na costa italiana, parada certa de amigos, vizinhos, artistas e intelectuais de todos os lugares. Filho de um importante professor universitário, o jovem está bastante acostumado à rotina de, a cada verão, hospedar por seis semanas na villa da família um novo escritor que, em troca da boa acolhida, ajuda seu pai com correspondências e papeladas. Uma cobiçada residência literária que já atraiu muitos nomes, mas nenhum deles como Oliver.
Elio imediatamente, e sem perceber, se encanta pelo americano de vinte e quatro anos, espontâneo e atraente, que aproveita a temporada para trabalhar em seu manuscrito sobre Heráclito e, sobretudo, desfrutar do verão mediterrâneo. Da antipatia impaciente que parece atravessar o convívio inicial dos dois surge uma paixão que só aumenta à medida que o instável e desconhecido terreno que os separa vai sendo vencido. Uma experiência inesquecível, que os marcará para o resto da vida.
Com rara sensibilidade, André Aciman constrói uma viva e sincera elegia à paixão, em um romance no qual se reconhecem as mais delicadas e brutais emoções da juventude. Uma narrativa magnética, inquieta e profundamente tocante.

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