O Herói das Eras é o terceiro livro da Trilogia Mistborn de Brandon Sanderson. A publicação é de 2016 pela editora Leya.

*Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores

Sobre o Livro

Ruína foi libertado por Vin do poço da ascensão e no processo Elend acabou se tornando um nascido da bruma, após ingerir uma conta de metal, apontada pelo espectro da bruma. Agora, com o mal a solta, o mundo está cada vez mais despedaçado. As brumas seguem matando, deixando pessoas doentes e aparecendo cada vez mais cedo. As cinzas caem mais fortes e em breve não será mais possível cultivar nada, trazendo a fome ao mundo.

Vin e Elend descobriram abrigos criados pelo Senhor Soberano em preparação para um momento com esse, e em cada um deles, além de suprimentos, haviam instruções e informações valiosas sobre alomancia. Porém, o local do atium ainda permanece um mistério e Vin tem certeza que chegará um momento onde ele será muito necessário.

“Houve uma época – não tão distante assim -, em que as brumas vinham apenas à noite. Durante o ano seguinte à morte do Senhor Soberano, no entanto, isso havia mudado. Como se mil anos de confinamento à escuridão tivesse deixado as brumas inquietas.”

Enquanto tentam achar uma forma de se preparar para o que virá, buscam também maneiras de deter Ruína e aprender como o Senhor Soberano criava suas criaturas, já que o controle dos Kandras e Koloss se revelou útil. Em paralelo, Sazed, Fantasma e o inquisidor Marsh seguem outros caminhos em busca de suas próprias respostas e missões.


Minha Opinião

Quando eu comecei a ler Mistborn em 2016, eu ainda não tinha tido contato com nenhuma obra do Brandon Sanderson, e foi uma agradável surpresa encontrar um mundo tão interessante criado. Depois disso, mesmo tendo passado por Elantris e Coração de Aço, outras ótimas estruturas de worldbuilding, eu ainda não estava preparada para o que iria acontecer no final dessa história.

Caso você não saiba, esse “universo” foi criado para ser desenvolvido em três eras. Três trilogias distintas que teriam centenas de anos entre uma e outra, mas que habitariam evoluções da consequência dessa primeira. Então, ao concluir esse livro, encerro a primeira era de Mistborn, e certamente estou pronta para receber a segunda. Lembrando que elas se ligam entre si pelo universo, mas podem ser lidas separadamente. São histórias fechadas e com conclusão. E que conclusão.

Se tem algo que posso dizer é que Sanderson sabe muito bem amarrar suas pontas. Herói das Eras é praticamente um livro de revelações e encaixes. Cada novo capítulo traz uma informação muito relevante e que responde alguma pergunta que está pairando sobre a narrativa. E, por favor, leia com muita atenção os textos que antecedem o inicio de cada capítulo. As transcrições dos diários e passagens são muitíssimos importantes e em alguns casos dão o spoiler do que virá no capítulo a seguir, já deixando o leitor com a descoberta na ponta da língua.

“Vin… flutuava. Não estava adormecida, mas tampouco se sentia exatamente acordada.”

Outra coisa é que esse livro vai despedaçar o leitor peça por peça. Se você chegou até aqui, sabe que o autor não tem nenhum problema em matar personagens, deixando bem claro isso no primeiro livro com o adeus de Kelsier. Então se prepare, porque muitas cabeças vão rolar.

Acho que mais do que a história central e o conflito envolvendo a estrutura do mundo, esse é um livro sobre as pessoas que o habitam. Elend se tornou um nascido da bruma, é forte, porém não teve tempo para dominar seus poderes completamente. Agora, como imperador, e com o peso do fim do mundo o assombrando, ele questionará cada decisão. É incrível ver com o personagem tem momentos que variam da completa certeza a uma indecisão pulsante. Venture sempre foi, ao meu ponto de vista um dos mais lineares dentro da trama. Ele manteve uma postura “correta” por dois livros e aqui finalmente é possível ver mais dele. Algo que seus devaneios levantam e que fazem o leitor pensar também, aliado às descobertas da história é: será que o Senhor Soberano era realmente um homem mau? Ou será que ele só fez o que achou ser o certo naquele momento?

Vin, por outro lado, parece mais segura de si, enquanto se mantém duvidosa de outras coisas. Ter tomado a decisão que tomou no poço custou um preço sobre a personagem e, claro, teve consequências que ela agora corre para remediar. Porém, o conflito de Vin é muito mais “psicológico ou mental”. O espectro da bruma, Ruína, suas dúvidas, tudo isso a permeia muito mais em pensamento. Pensamentos esses que agora são a única forma de manter segredo contra o novo inimigo, já que ele é onipresente e pode ver, ouvir, e alterar tudo o que não estiver escrito em aço.

A relação dos dois personagens é sólida como já havia se mostrado no segundo livro, porém houve uma mudança com o nivelamento de Elend. Ambos sabem que o futuro depende de suas ações, então há um acordo silencioso sobre um não por tudo a perder para salvar o outro. O que,  pra mim pelo menos, é algo que eu acho ótimo, pois esse tipo de plot onde tudo se quebra por amor não funciona mais comigo há um bom tempo.

“A vida de uma pessoa é mais do que o caos de sua passagem. Emoção, Ruína. Essa é a sua derrota.”

Sazed, que também tem destaque, está bastante quebrado com a morte de Tindwyl e se desprendeu de suas mentes de metal, fator que moveu o personagem anteriormente e que é ligado a sua “função no mundo” como o último guardador. Há também uma busca incessante por se conectar a uma crença, uma religião que lhe devolva o sentido, e é muito interessante acompanhar todo o processo do personagem.

Já Fantasma, o olho de estanho que parecia sem função anteriormente, ganha certo espaço aqui para agir de uma forma diferente. Ele ficou encarregado de ir até um cidade que possui um dos depósitos e espionar o governante de lá, que possui um pulso firme e uma doutrina própria, falando em nome de Kelsier. Eu ainda não sei como me sinto com a evolução do personagem e ao fato da posição em que ele termina o livro, mas acho que tem mais a ver com meu relacionamento com ele do que qualquer outra coisa.

E, como narradores, também temos o kandra TenSoon, que nos relevará mais mistérios sobre essa “raça” e sua sociedade, e que teve alguns dos meus capítulos preferidos; e também Marsh, o inquisidor. Ele quer acabar com a própria vida, mas não detém o controle total do seu corpo com Ruína ativo, o que o coloca em uma batalha interna por todo o livro.

“Cada religião tinha suas pistas, pois as crenças dos homens continham esperanças, amores, desejos e vidas do povo que havia acreditado nelas.”

Enquanto o final devastou levemente meu coração, acho que também não poderia ter sido diferente para causar o mesmo impacto. E levando em consideração os planos do autor, faz realmente sentido como tudo se encerrou. Tiveram momentos de descoberta incríveis que fizeram com que eu me sentisse muito burra por não ter sequer cogitado aquilo antes. Tiveram coisas “blow my mind” e, acho que como fã do gênero e das estruturas, um dos momentos mais legais foi descobrir a lógica de criação de cada um dos seres e realmente montar uma “ciência” sobre o universo.

Foi uma jornada que mesmo com livros grandes, não foi longa. Eu sequer cogitei terminar essa trilogia esse ano, mas depois de O Poço da Ascensão eu realmente precisava saber o que iria acontecer. E mesmo tendo algumas leves ressalvas em alguns pontos de ritmo, acho que o fechamento todo encaixado da história refuta a necessidade de se prender a isso e coroa o final da trilogia como uma experiência muito foda.

O Brandon Sanderson ainda tem várias história para contar e títulos que não saíram por aqui, então ainda há muito o que ler e já estou ansiosa pelo que virá. Uma das séries dele que tenho mais curiosidade e que ainda não saiu por aqui é a Stormlight, e devemos aguardar a segunda era de Mistborn ainda esse ano pela editora Leya como lançamento da CCXP 2017.

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MISTBORN #3: O HERÓI DAS ERAS

Autor: Brandon Sanderson

Editora: Leya

Ano de publicação: 2017

O capítulo final da trilogia Mistborn, de Brandon Sanderson Após subverter a lógica dos livros de fantasia tradicional e arrebatar uma quantidade incrível de admiradores, entre eles George R. R. Martin em pessoa, Brandon Sanderson encerra a trilogia fantástica Mistborn de forma no mínimo surpreendente. Para acabar com o Império Final e restaurar a liberdade, Vin matou Lord Ruler. Mas, em consequência, poderosos terremotos causaram o retorno das trevas, e a humanidade parece estar definitivamente condenada. Resta saber como Vin poderá se livrar da culpa e reverter este cenário. A conclusão da série promete não decepcionar os leitores dos dois primeiros volumes, já que está repleta de revelações e reviravoltas, dignas dos leitores mais exigentes.

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