Moletom é do autor brasileiro Julio Azevedo. Ele foi lançado em 2017 pela GloboAlt.

Sobre o livro

Pedro é um jovem que está passando por diversos dilemas. Recentemente ele mudou para a casa de sua tia Mariana e deixou seus pais, sua casa e suas lembranças no passado. Munido de seus sonhos, uma caneta e vários papéis o jovem, que não se considera um escritor, está escrevendo um livro e buscou na casa de sua tia um refúgio. Tanto para escrever quanto para pensar.

“Dizem que quando você cai, criar as forças para recomeçar é a parte mais difícil. Bem, se reconstruir, obviamente, é um trabalho árduo. Mas já parou para pensar que quando você perde tudo, você finalmente tem a chance de fazer as coisas de um jeito diferente?”

Enquanto explorava a cidade nova, por um acaso do destino (ou natureza) ele conhece Lucas. Um jovem que desperta sentimentos que ele prefere reprimir. Eles passam a cultivar uma amizade que com o tempo pode evoluir para algo mais intenso, principalmente para Lucas que passa a ter mais dúvidas permeando a sua vida. O medo da rejeição também é muito recorrente e isso, juntamente com a falta de diálogo, pode ser um grande problema.

Assim, com a ajuda da sua prima Amanda e suas, como ela mesma define, “paranoias aquarianas”, ele planeja superar o que passou, tentará focar no seu livro e se aproximar desse jovem que mexeu com ele desde o momento que se conheceram. Mesmo com medo da rejeição. Dessa história poderá nascer uma linda história de amor. Mas qual o segredo que consome Pedro? O que o levou a deixar os pais para trás, além da necessidade de escrever um livro? Como ele e Lucas lidarão com essa gama de sentimentos que aflorou entre eles?


Minha opinião

Sabe aquele livro que a gente quer MAIS? O defeito deste é que ele tem fim. A simplicidade, a pureza e o amor emanam dele. O autor, que é brasileiro, possui uma página no Facebook que conta com mais de 360 mil inscritos. Lá o jovem compartilha suas artes e pensamentos e possui uma legião de fãs que se identificam com tudo que ele tem à transmitir. A riqueza de detalhes, o cuidado e capricho e, principalmente, a identificação que o público tem com seus textos são o principais motivadores para o seu sucesso.

A edição é outro ponto que devemos admirar. A cada página que viramos vemos um detalhe, sutil e delicado, mas que agrega muito ao conteúdo. O início da obra conta com quadrinhos, feitos pelo próprio autor, que falam sobre alguns sentimentos do personagem antes de adentrarmos a sua história de fato. Achei isso incrível e não lembro de ver outro livro que seja assim. Parece que tudo isso nos causa uma proximidade com Pedro e seus pensamentos.

O livro é dividido entre “eu, ele e nós”. A cada uma dessas partes temos uma visão. Na primeira sobre Pedro, sua incertezas, tristezas e detalhes pessoais, na segunda, veremos o texto pela visão de Lucas e saberemos um pouco do seu passado e o que o levou até ali e, na última, como os dois se veem juntos, a intensidade da sua paixão, a conexão que parece vir de outras vidas.

“O fato de todos esses pensamentos ainda estarem desconexos na minha cabeça me deixava extremamente incomodado. Mas agora eu estava bem. Um novo lugar. Novas pessoas. Eu preciso me fazer acreditar que agora estou bem.”

Pedro expressava o quanto se sentia sufocado, precisava se encontrar e ser ele mesmo. Quantas vezes não passamos por isso? Essa ânsia por largar tudo e ir para longe descobrir quem nós somos ou mesmo buscar inspiração para algum projeto. E, na maioria dos casos, a vontade de ir para longe de tudo que nos faz mal. Duvido que você nunca tenha passado por isso.

Nesta trama, o jovem está muito apreensivo com esses novos sentimentos, que geram uma grande identificação por parte de quem lê, pois quem nunca ficou dessa mesma forma ao se deparar com uma paixão? E aquela autossabotagem? Quando mandamos um “oi” e a pessoa demora mais de dez segundos para responder? Já pensamos mil coisas, não é mesmo? Esse livro nos faz enxergar esses momentos e ver o outro lado da história. Pois, assim como temos a visão de Pedro, também temos a de Lucas. Com esses sintomas típicos de uma paixão que chega para nos desestruturar.

Só quem já viveu um romance intenso e de momento sabe todos os problemas que ele acarreta. Aqui, além de todos os problemas que já conhecemos, também temos as inseguranças de um jovem que apenas quer ter o direito de gostar de quem ele bem entender, misturada aquele medo de sofrer algum tipo de agressão, tanto física quanto verbal, a indiferença de algumas pessoas para os problemas que eles enfrentam, a pressão familiar, as risadas e o deboche de quem não possui o mínimo de compaixão pelo próximo. Tudo isso misturado gera turbulência na vida dele. Ele expõe o quanto é difícil ser parte de uma minoria e a necessidade de reprimir seus sentimentos.

A importância de falar sobre esse assunto é gritante na nossa sociedade. Temos a necessidade de conversar, argumentar e explanar sobre isso para as crianças na mais tenra idade. Já está mais do que na hora de debater sobre um assunto que não é novidade, porque não pensem que isso é algo momentâneo, sempre existiu. Quando peguei esse livro fiquei receosa de comentar sobre algo que não tenho voz para falar ou nem mesmo entendo tanto quanto quem vive isso na pele, mas creio que este assunto deve ser debatido e defendido por todos.

“Após todo esse clima estranho, um sorriso brotou em meio aquele rosto recoberto por uma barba falha. Os olhos dele correspondiam à sua natureza: um olhar de criança curiosa.”

Cada frase escrita pelo autor nos toca de alguma forma. Por diversas vezes me peguei esmiuçando aquela frase e tirando sentidos que se encaixam ou já se encaixaram em algum momento da minha vida. Pedro é um garoto sensível, criativo e amoroso, ele é encantador pela forma como se expressa com as palavras. Lucas possui uma presença mais forte e parece mais independente, mas não deixa de ter sua sensibilidade também, além de sempre tentar ver o lado bom das coisas. Os dois se completam perfeitamente e possuem um amor tão sincero e bonito que torna a história ainda mais bela.

Entre cafés, papéis e um moletom vemos  a pureza de um relacionamento intenso e verdadeiro. Nesta curta história conheceremos dois jovens que não querem mais reprimir seus sentimentos e só desejam externar o seu amor em público e mostrar o quanto estão felizes juntos. Dentro de uma sociedade preconceituosa isso é quase impossível, uma grande injustiça que deve ser exterminada . Eu que não gosto muito de livros açucarados, confesso que amei tudo que li aqui. Diria até que a história é açucarada na medida certa. Não deixe de conhecer esse romance encantador!

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MOLETOM

Autores: Julio Azevedo

Editora: GloboAlt

Ano de publicação: 2017

Em ‘Moletom’, Julio Azevedo — o jovem autor da página de mesmo nome do Facebook — mostra, por meio de uma narrativa envolvente e ilustrações poéticas, que não adianta tentar fugir dos problemas: eles nos perseguem até que os encaremos de frente. Seu protagonista, Pedro, está fugindo de algo. Ele acaba de chegar em uma nova cidade, onde ficará hospedado na casa da tia por algum tempo, e essa mudança representa para ele um recomeço, um escape de algo que está causando uma grande angústia. Assim que chega a esse novo ambiente, no entanto, ele conhece Lucas, um garoto que despertará exatamente os sentimentos que ele estava tentando evitar.

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