A Mulher na Cabine 10 é da autora Ruth Ware e foi lançado em 2017 pela editora Rocco.

Sobre o livro

A jornalista Lo Blacklock mora sozinha e trabalha em Londres. Certo dia ela é surpreendida por um invasor em sua casa, que a agride e assalta. Ainda muito abalada, ela se vê dividida entre o pânico gerado por essa situação incômoda e também, a necessidade de viajar na cobertura de uma viagem inaugural do luxuoso navio Aurora Boreal. A jovem, que trabalha em uma revista de turismo, vê nessa oportunidade uma forma de crescer no trabalho. Ainda muito abalada, ela parte nessa jornada que reserva grandes surpresas.

Ao chegar ao navio, ela encontra diversos outros passageiros. Dentre fotógrafos, ex-modelos, um antigo colega de trabalho e o dono desse luxuoso e imponente veículo, Richard Bullmer e sua esposa. Já no primeiro dia, após algumas bebidas, ela acorda ouvindo um grito na cabine ao lado. Ao sair para ver o que era, ela acredita ter visto um corpo sendo jogado ao mar. Completamente abalada e assutada, Lo é atendida pelo segurança do navio. É nesse momento que ela descobre que a cabine dez, ao lado da sua, estava desocupada desde o começo e que não foi registrado nenhum desaparecimento da lista de passageiros.

“Mas, apesar de tentar me concentrar nas palavras, algumas coisas ficavam cutucando lá no fundo da minha cabeça. Não era só paranoia. Alguma coisa tinha me acordado. Alguma coisa me deixou acordada e tensa como uma viciada em metanfetamina. Por que eu só pensava em um grito?”

Lo fica muito dividida ao descobrir isso e inicia uma busca atrás de respostas. Ela passa a investigar todos os presentes no navio e isso pode gerar certas inimizades e especulações. Em dados momentos, ao sofrer tantas pressões, a jovem passa a questionar sua própria sanidade. Acontece que ameaças e fatos estranhos fazem com que ela tenha mais força para ir atrás de um desfecho para essa história. Mas em quem ela pode confiar? Será que a bebida não falou mais alto nesse momento? Como explicar as ameaças anônimas que vem sofrendo?


Minha opinião

Ao melhor estilo O Assassinato no Expresso Oriente de Agatha Christie, a autora Ruth Ware não deixa a desejar quando o assunto é instaurar a tensão e aumentar as dúvidas do leitor sobre um possível assassinato. Fazendo com que a própria protagonista duvide dos seus olhos e da sua sanidade, somos jogados em uma história recheada de reviravoltas e um segredo assombrante no final. Até as últimas páginas não temos certeza de nada. Estamos tão perdidos quanto a jornalista Lo.

Quando li “Em um bosque muito escuro” da mesma autora, não tive uma experiência tão interessante. Por isso, fiquei receosa com o que encontraria nesse livro. Para minha grande satisfação, me confrontei com uma história bem elaborada, com os arremates certos, nos momentos certos, sem enrolação e deixando algo no ar ao terminarmos a leitura. Fiquei muito contente com o desfecho desse livro e com tudo que ele trouxe. No começo, a pouca exploração dos personagens que se encontravam no navio me deixou apreensiva, mas logo percebi que fez todo o sentido. A autora não precisava se ater tanto a esses fatos, pois essa falta de informação nos fez levantar mais dúvidas. E isso, conforme a narrativa se desenrolava, serviu para aumentar minha curiosidade e especulações.

“Em vez disso, fiquei lá deitada de lado, observando o mar subindo e descendo num silêncio estranho e hipnótico lá fora das paredes grossas e à prova de som. E pensei: há um assassino nesse navio. E a única pessoa que sabe sou eu.”

Para ser totalmente perfeito, só faltou uma excelente revisão final. Fiquei insatisfeita ao encontrar tantos erros de digitação, falta de espaços e letras “comidas”. Eu, que amo essa parte de revisões, tenho grande facilidade para encontrar erros. Inclusive espaços duplos que passam pelos olhares mais desatentos. E a fonte, com um tamanho tão pequeno, pesou na hora da leitura. A sorte foi que a trama me prendeu desde o começo, caso contrário ler seria muito maçante.

Amo histórias que tem o mar como inspiração. Seja o local principal onde se passa, como é o caso deste livro, ou até quando ele é mantido apenas como segundo plano. A sensação claustrofóbica que a protagonista passa durante o percurso da trama é surreal. Ela não tem para onde correr, não sabe em quem confiar e, para quem tinha problemas com ansiedade e ataques de pânico, estar enclausurada em um local assim, com um possível assassino, é de arrepiar.

Comparando com o outro livro da autora, percebo que suas protagonistas são mulheres fortes e determinadas, mas que sempre carregam uma espécie de solidão e inúmeros problemas. Lo é uma personagem única. Apesar de sofrer diversos impactos na sua vida, ela não desiste. Está decidida a melhorar e arrisca a própria vida por alguém que nem conhece. Os remédios que ela toma e os problemas com a bebida trazem mais um empecilho nessa sua investigação. Muitos tentam fazer com que ela mesma não acredite em si e que veja nisso tudo o motivo do seu desespero. Desacreditam nela e, por diversos momentos, nem nós acreditamos no que ela está dizendo.

Sentimos juntamente com Lo todo o seu pânico, todas as suas incertezas e dúvidas. A descrição dos seus ataques de pânico são minuciosas, os pesadelos que a acompanham são de arrepiar. Todos esses detalhes contribuíram para que eu me sentisse como ela. Desesperada, perdida e com muito medo. Toda a solidão que ela sente ao iniciar sua busca atrás do assassino e da mulher da cabine 10 é extremamente frenética. O livro é muito focado nela, nos seus pensamentos e no que ela vai desvendando. Isso faz com que os outros personagens sejam apenas meros coadjuvantes perto dos seus problemas e questionamentos.

“Mas a alternativa não era muito melhor. Porque se não estava morta, a única outra possibilidade… e de repente nem eu tinha mais certeza se era melhor ou pior… era que eu estava ficando louca.”

Achei interessantíssima a narrativa. Tínhamos o que estava acontecendo no presente, mas, ao final de algumas partes, eram apresentados fragmentos de publicações no Facebook, comunidades e até manchetes, com vislumbres do que aconteceu depois de alguns dias. Isso servia para atiçar minha curiosidade, pois por diversos momentos me senti completamente perdida e desacredita.

A autora conseguiu manter esse sigilo e confundir o seu leitor até o final. Então, se você também é fã de mistérios que parecem sem solução, não deixe de ler esse livro que está simplesmente sensacional. A corrida atrás de respostas é alucinante e você não perde por esperar as grandes revelações que serão apresentadas ao final!

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A MULHER NA CABINE 10

Autor: Ruth Ware

Editora: Rocco

Ano de publicação: 2017

Aclamado pela crítica e há mais de 30 semanas na lista dos mais vendidos do The New York Times, A mulher na cabine 10 estabelece de vez Ruth Ware como um dos grandes nomes do suspense contemporâneo, na melhor tradição de Agatha Christie. No livro, uma jornalista de turismo tenta se recuperar de um trauma quando é convidada para cobrir a viagem inaugural de um luxuoso navio. Mas, o que parecia a oportunidade perfeita para se esquecer dos recentes acontecimentos acaba se tornando um pesadelo quando, numa noite durante o cruzeiro, ela vê um corpo sendo jogado ao mar da cabine vizinha à sua. E o pior: os registros do navio mostram que ninguém se hospedara ao seu lado e que a lista de passageiros está completa. Abalada emocionalmente e desacreditada por todos, Lo Blacklock precisa encarar a possibilidade de que talvez tenha cometido um terrível engano. Ou encontrar qualquer prova de que foi testemunha de um crime e de que há um assassino entre as cabines e salões luxuosos e os passageiros indiferentes do Aurora Boreal.

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