O Colecionador é a primeira obra do autor John Fowles, que teve seu lançamento pela editora Abril, em 1963. Meio século mais tarde, foi lançada uma segunda edição pela Darkside e, diga-se de passagem, temos uma versão para colecionador de O Colecionador.

Sobre o livro

Frederick Clegg é um homem bastante solitário e humilde que se vê menosprezado por uma sociedade que, em sua visão, não sabe dar valor a nada. Como qualquer outra pessoa, também tinha seus hobbies, mas diferente da maioria, eram muito peculiares: colecionar borboletas e sustentar um amor platônico por Miranda Grey.

“Sempre tentei acontecer à vida; agora, porém, já é tempo de a vida me acontecer, a mim…”

As coisas ficam muitos boas para Clegg quando ele ganha uma grande quantia na loteria esportiva. Muito dinheiro juntamente com um pensamento de que dinheiro era poder e que quem o tinha, poderia fazer o que quisesse, facilmente transformou um de seus hobbies, em crime.


Minha opinião

Aqui não temos cansativas páginas introdutórias que nos levarão ao clímax. Posso dizer que, do início ao fim, a narrativa apresenta uma ambientação que, diga-se de passagem, é angustiante. E, justamente pela leitura já começar em um de seus pontos mais altos, ela lhe envolve e entretém facilmente; quando você se der conta da página que está lendo, vai se assustar.

Ler esse livro é como piscar os olhos, você não percebe que está piscando, assim como não perceberá a rapidez com a qual folheia as páginas. Você só irá querer mais, mais e mais. Como disse o próprio Stephen King na introdução exclusiva desta nova edição pela Darkside: “quando compreender exatamente do que se trata, é nesse ponto que seu ritmo de leitura vai acelerar”.

Por isso, O Colecionador é o tipo de livro que você precisa começar a ler com tempo de sobra, porque uma vez iniciada a leitura, você só conseguirá fechar o livro após a última página. E não estou exagerando. A trama é estupidamente envolvente e hipnotizante, você não conseguirá simplesmente deixar a leitura para depois. Sua curiosidade fará de você um refém, assim como Miranda. “As últimas 40 páginas estão entre as leituras mais compulsivas do século XX”, disse King, ainda na introdução exclusiva.

“O poder das mulheres! Nunca antes me sentira tão cheia desse misterioso poder. Os homens são bonecos. Somos tão fracas, fisicamente, tão incapazes, em tantos aspectos! Mas, mesmo assim, apesar de tudo, ainda sou mais forte do que os homens. Sabemos suportar a sua crueldade. Eles não podem suportar a nossa.”

A leitura é muito fluida devido ao modo que o livro fora escrito; fazer uma história com dois pontos de vista, a do sequestrador e a da vítima, é muito inteligente. Isso faz com que sintamos vários sentimentos a respeito de Frederick, o sequestrador, além de somente ódio; e faz com que sintamos também alguns sentimentos por Miranda, além de somente pena e querer desesperadamente que ela consiga se libertar daquela situação horrível.

Embora um sequestro por si só já seja uma situação pra lá de horrível, poderia ter sido ainda pior. Afinal, não é comum ver um sequestrador com potencial assassino fazendo todas as vontades de sua vítima e tratando-lhe feito uma verdadeira donzela. Normalmente vemos histórias de sequestro por conta do interesse na quantia pedida pelo resgate, ou por puro sadismo de ter o controle sobre outro ser humano, mas dificilmente vemos uma história de sequestro por conta de “amor”.

Frederick é doente ao capturar uma mulher pela qual se sentia atraído para fazê-la acreditar, por meio de seus bons tratos, que ambos foram feitos um para o outro, e que se tivesse um homem nesse mundo que seria capaz de valorizá-la, seria ele. Por mais que ele fosse cheio das “boas intenções”, ela não enxergava nenhuma delas, só queria se ver livre daquilo.

“Ele não é humano; ele é um espaço vazio disfarçado de humano.”

O desfecho do livro não deixa a desejar, por mais que em determinado momento da história você consiga prever o que acontecerá com Miranda, ainda temos Frederick, personagem que só se sabe qual será seu fim quando chegarmos ao fim do livro. Já adianto: é surpreendente e nos faz questionar todo aquele “amor” pela criatura mais bela de sua coleção: Miranda. Fora ela apenas mais uma borboleta?

Curiosidade: no posfácio dessa nova edição temos todas as referências artísticas citadas ao longo da história: do teatro, da literatura, da música e das artes plásticas.

O COLECIONADOR

Autor: John Fowless

Editora: Darkside

Ano de publicação: 2018

O Colecionador conta a história de um sequestrador, Frederick Clegg, e sua vítima, Miranda Gray; ele, um homem solitário, humilde, menosprezado por uma sociedade esnobe; ela, uma bela jovem estudante de artes que sonha em escapar daquele cativeiro. O romance é narrado por dois personagens antagônicos, sendo que todos temos um pouco dos dois dentro de nós.

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