O Livro do Juízo Final é a nova ficção científica da autora Connie Willis, trazido ao Brasil pela editora Suma de Letras em 2017 e traz uma premissa que aborda elementos científicos, mundanos e alguns muito além do que possa ser explicado.

SOBRE O LIVRO

Em 2054 a ciência já evoluiu o suficiente para possibilitar que seres humanos transitem entre passado, presente e futuro. E é por causa desta evolução que a jovem Krivin Eagle decide viajar até a Idade Média para realizar estudos e desvendar as crenças e segredos da vida em uma das eras mais mortais da história da humanidade.

Apesar de ser uma grande evolução, todo cuidado é pouco, pois nenhum ato deve prejudicar os fatos já acontecidos ou então as consequências podem ser graves para toda a nação, caso a pessoa vinda de outro se perca nessa viagem.

“O som era amedrontador, mas o silêncio é pior. É como o fim do mundo.”

Tudo parecia estar correndo bem, até que Krivin descobre que uma epidemia de doenças se alastrou através do tempo, afetando diversas pessoas, entre elas o professor que a ajudou com toda a viagem através dos tempos. Com isto, não só a vida da garota mas a de toda a sociedade do Reino Unido corre um grande perigo, pela doença, e pelo fato de ela estar presa no passado.


MINHA OPINIÃO

Sendo nova no mundo fantástico da ficção científica, não me sinto confortável em dizer que esta é uma das melhores já escritas, mas posso dizer que vale a pena ser lida. Com uma linguagem de fácil compreensão capaz de envolver o leitor, por mais leigo que seja quanto ao assunto e ao mesmo tempo trazendo novas descobertas, o livro de Connie Willis é uma boa pedida para a inserção do leitor ao gênero.

Contando com uma trama envolvente e acontecimentos impactantes, a autora cria um universo de possibilidades tecnológicas já conhecidas entre os livros do gênero, mas sendo especialmente diferente por abordar o conhecimento, a curiosidade e a ignorância. A época em que a autora escolhe para a viagem da garota é o ponto chave de todo o enredo, por seus segredos, mistérios e perigos.

Através da viagem no tempo vivenciada pela garota, o livro pode ser dividido em duas partes, uma enquanto estamos no presente enxergando os reflexos, e outra enquanto acompanhamos uma angustiante jornada ao passado. Apesar de muito independente e corajosa para a idade, além de possuir uma determinação de ferro, a menina, ainda muito jovem, é convidada a testar todos os seus pontos fortes diante de extremas dificuldades.

“Ela está a setecentos anos de casa, pensou Dunworth, num século que desdenhava das mulheres a ponto de nem anotar seus nomes quando morriam.”

Além de abordar aspectos da saúde na época, onde a sociedade era acometida pela sujeira e pela peste, a autora nos convida a refletir sobre a realidade da mulher em um tempo em que desacompanhas se tornavam presas fáceis servindo apenas para a reprodução, enquanto outras tantas eram queimadas publicamente, acusadas de feitiçaria. A comparação entre o mundo da época e de nosso próprio mundo faz o leitor se propor a uma reflexão sobre as mudanças e os aspectos que ainda, mesmo que por vezes camuflados, ainda nos assombram.

“Às vezes fazemos tudo por uma pessoa, mas isto não basta para salvar a vida dela.”

Apesar de ser um livro grande, a história nos carrega, enquanto estamos cada vez mais envolvidos com a problemática criada pela autora e por seus personagens carismáticos. Recomendo o livro não somente para os fãs de ficção científica, mas para aqueles que estão iniciando a aventura pelo gênero e é claro, preciso dizer que depois de terminar, me senti ainda mais encorajada a me aventurar pelas maravilhas do mundo científico.

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O LIVRO DO JUÍZO FINAL

Autor: Connie Willis

Editora: Suma de Letras

Ano de publicação: 2017

Em meados do século XXI, a jovem estudante Kivrin Engle se prepara para viajar no tempo. Ela pretende fazer um estudo de campo sobre uma das épocas mais sombrias da história da humanidade: a Idade Média. Em um primeiro momento, tudo parece ter corrido bem com a empreitada, e ela finalmente está no século XIV. O que Kivrin não sabe é que o técnico responsável pelo seu salto temporal, de volta para 2054, está terrivelmente doente. Seu retorno pode estar comprometido, e isso pode afetar todos os habitantes do Reino Unido. De 1300 a 2050, Connie Willis faz um trabalho magnífico na construção de personagens complexos, densos e pelos quais é impossível não sentir empatia. O livro do juízo final é ao mesmo tempo uma incrível reconstrução histórica e uma aula sobre o poder da amizade.

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