O Navio das Noivas é um romance de Jojo Moyes com publicação em 2005 e reedição em 2016 pela editora Intrínseca.
SOBRE A OBRA
Em tempos de guerra era comum casar-se rapidamente e enquanto os maridos partiam, suas esposas ficavam aflitas esperando que tudo terminasse para poderem enfim, viver junto aos seus amados homens. Quando a guerra finalmente acabou, as mulheres aproveitavam todas as chances de irem ao encontro de seus amados em outro continente. Uma dessas oportunidades surgiu quando o capitão do navio HMS Victorious, um navio de carga de aviões, enviou comunicados às mais de 650 esposas da Austrália para que seguissem viagem em seu navio rumo a Europa.
É claro que o HMS Victorious teve que ser adaptado para receber tantas mulheres a bordo. E mesmo tendo um ótimo capitão, a situação era bastante precária. Existiam hora para o banho e hora para comer. As mulheres eram separadas dos homens, e cada uma ficava em uma cabine com mais três esposas. Margaret está grávida e até então vivia com o pai e os irmãos em uma fazenda no interior. Ela é aquela que ouve o problema de todos, apoia e ajuda quem precisa, a mãezona do nosso quarteto.
“Porque não podemos ter passado por tudo isso em vão, não é mesmo? Vamos fazer com que tudo dê certo.”
Avice é da alta sociedade, mesquinha e arrogante não aceita ter que viajar ao meio de tanta gente, porém é a única maneira que ela tem no momento de encontrar o marido. Jean é a caçula, com apenas 16 anos ela já está casada. No entanto, sua juventude está a flor da pele, e ela vive azarando todos os homens a bordo. Bebe e fuma e não se preocupa com nada. Frances é enfermeira, cuidou dos feridos na guerra e de todas, a mais fechada. Guarda muitos segredos e não gosta muito de conversar com ninguém, mas está sempre disposta a ajudar. Aqui, vamos acompanhar a viagem dessas 4 mulheres completamente diferentes entre si, mas que o destino resolveu juntar em forma de uma linda amizade.
MINHA OPINIÃO
Terminada a segunda guerra mundial, 1946, muitas mulheres na Austrália saíram em busca de seus maridos, oficiais ingleses, na Inglaterra. Mais de seiscentas e cinquenta dessas esposas embarcaram no HMS Victorius, um navio de carga de aviões. E junto com toda a tripulação, somando mais de mil e cem homens, em uma viagem que durou seis semanas, seguiram rumo a Inglaterra. Uma dessas esposas era a avó de Jojo Moyes, e como uma forma de homenageá-la e também a todas as mulheres presentes nesse navio, JoJo criou O Navio das Noivas.
Moyes é de longe minha autora de romance favorita, seus livros são sempre emocionantes e com um toque de realidade. Esse em especial se tornou o meu preferido da autora até o momento.
Aqui acompanhamos a vida de vários personagens que são completamente diversificadas entre si (o rico, o pobre, a mocinha, a irresponsável, a responsável), e a cada página observamos a construção da amizade. Como essas noivas vão sendo uma o alicerce da outra, em todas as situações possíveis dentro de um navio, onde você não está perto de seus familiares e tem que conviver com desconhecidos rumo a algo incerto.
Algumas delas casaram-se tão rápido que mal conheciam os noivos, sendo assim, era comum receberem telegramas na viagem avisando que não eram bem vindas. Eram, então, obrigadas a deixar o navio na primeira oportunidade e voltar para casa, totalmente arrasadas e de certa forma humilhadas.
“ Não digo isso com a intenção de machucar você. Sei que éramos jovens demais quando nos casamos, e talvez se pelo menos a guerra não tivesse estourado naquele momento… Enfim, como nós dois sabemos, o mundo hoje está cheio de ‘se pelo menos’…”
Todo o inicio de capitulo, Jojo coloca como introdução trechos de artigos de jornais da época, relatando fatos reais que essas jovens esposas enfrentaram para chegar até seus amados esposos. Temos assim uma leitura bastante estimulante, que intercala realidade e ficção. O prólogo e o epílogo do livro são narrados em primeira pessoa por uma senhora nos dias atuais, que em uma viagem com a neta, acaba por encontrando em uma espécie de “desmanche”, o HMS Victorius. Já todo o miolo da história é narrado em terceira pessoa do ponto de vista de nossas 4 personagens principais, o capitão do navio e também por um dos fuzileiros.
Toda essa dinâmica na escrita, amarrada às palavras doces da autora, deixam a história fluida e difícil de largar. No meio de toda essa narrativa cheia de sentimentos, se torna quase impossível escolher uma personagem favorita, pois até mesmo pelas “chatas” eu me compadeci em algum momento.
“Agora é possível entender porque os soldados respeitam mulheres de uniforme. Elas conquistaram o direito ao respeito máximo. Quando alguém vir uma mulher vestindo um uniforme cáqui ou no tom azul da Força Aérea com uma fita na túnica, deve lembrar que ela não conseguiu isso apenas tricotando mais meias do que as outras pessoas em um concurso em Ipswich.”
Jean, tão novinha sem conhecimento nenhum do que é a vida, já casada e recheada de problemas, não é a toa que faz tantas besteiras. Margaret perdeu a mãe cedo, vive com o pai e os irmãos, teve que ser a mãezona de todos e acredito que tenha sido a história que mais me emocionou. Mas com certeza foi Francis quem mais me intrigou. Com seu jeito todo discreto, tudo o que sabemos sobre ela é que é enfermeira e trabalhou na guerra. Frances carrega muitos segredos, e a medida que eles vão se revelando, é surpreendente.
O livro está cheio de mensagens bonitas, e indico com certeza se você gosta de uma história bem escrita, baseada em fatos reais, com um toque de romance e muitas lições para a vida.
O NAVIO DAS NOIVAS
Autor: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Ano de publicação: 2016
Austrália, 1946. É terminada a Segunda Guerra Mundial, chega o momento de retomar a vida e apostar novamente no amor. Mais de seiscentas mulheres embarcam em um navio com destino a Inglaterra para encontrar os soldados ingleses com quem se casaram durante o conflito.
Em Sydney, Austrália, quatro mulheres com personalidades fortes embarcam em uma extraordinária viagem a bordo do HMS Victoria, um porta-aviões que as levará, junto de outras noivas, armas, aeronaves e mil oficiais da Marinha, até a distante Inglaterra. As regras no navio são rígidas, mas o destino que reuniu todos ali, homens e mulheres atravessando mares, será implacável ao entrelaçar e modificar para sempre suas vidas.
Enquanto desbravam oceanos, os antigos amores e as promessas do passado parecem memórias distantes. Ao longo da viagem de seis semanas — apesar de permeada por medos, incertezas e esperanças — amizades são formadas, mistérios são revelados, destinos são selados e o felizes para sempre de outrora não é mais a garantia do futuro que foi planejado.