O Problema do Para Xempre é um livro da autora Jennifer L. Armentrout. Sua publicação é de 2017 pela Galera Record.

Sobre o Livro

Mallory foi adotada ainda criança, mas a princípio não teve a sorte de encontrar um lar que fosse acolhedor, pelo contrário. O ambiente disfuncional passou a despertar na criança um medo absurdo que, aos poucos, foi se tornando o responsável pela perda de sua voz. Não é que ela fosse muda, ela simplesmente compreendeu, em sua pouca idade, que ficar calada evitaria problemas, surras e confusão. O silêncio afastaria as coisas ruins, por assim dizer.

“As palavras não eram o problema. Elas voavam pela minha cabeça como um bando de aves migrando para o sul no inverno. Palavras nunca foram o problema. Eu as tinha, sempre tive, mas arrancá-las de mim e lhes dar voz sempre fora complicado.”

Essas coisas costumavam acontecer mesmo quando ela se calava e se escondia, mas não com Mallory. Quem chamava a atenção para si e recebia a maior parte dos maus tratos era o melhor amigo da garota, Rider; um rapazinho pouco mais velho que ela e que se mostrava altruísta e valente, e que com o tempo tomou para si a função de protetor da menina.

Um dia a dinâmica que os dois construiram não foi suficiente para livrá-los do perigo, e as consequências dos traumas que viveram cobraram seu preço. Eles se separaram, seguiram com suas vidas longe um do outro e tentaram lidar com as feridas da melhor maneira possível; até o dia que se reencontram… E a partir daí tudo pode mudar mais uma vez.


Minha Opinião

Fiquei interessadíssima neste livro quando vi a capa. Fiquei ainda mais alucinada quando li a sinopse e achei que este seria meu tipo de livro: forte, sensível, com uma história de dor e superação capaz de promover muita reflexão durante e depois da leitura. Convenhamos, ao olharmos para esta obra, do título aos pequenos detalhes da diagramação, a gente espera justamente isso. Hoje vou contar o que achei, e como às vezes as aparências enganam.

Mallory era uma garota órfã que queria tudo o que as crianças costumam desejar: brinquedos, amigos, uma família amorosa e a possibilidade de crescer em um ambiente feliz. Infelizmente as coisas aconteceram muito diferente disso tudo, e ela acabou parando em um lar adotivo com um tutor que não gostava de crianças; seus barulhos, do fato de precisarem se alimentar, se vestir, tomar banho e todas as outras necessidades mais básicas. Ele não se importava, apenas queria receber o dinheiro que o governo oferecia para quem ‘adotava’ jovens assim. Mallory não demorou para perceber que sua segurança dependeria de uma série de fatores, principalmente da sua voz: fazer barulho naquela casa era sinônimo de se meter em problemas. Quem ensinou isso para ela foi Rider, um menino que aprendeu esta lição da pior maneira possível.

Sentindo-se responsável pelo bem estar da amiga, o garoto se sujeitava a surras, abusos verbais e emocionais. Rider se intitulava o protetor de Mallory e fazia tudo o que estava ao seu alcance para que ele recebesse toda a atenção indesejada, já que se sentia mais capacitado para lidar com os castigos do que a menina. E isso funcionou durante um tempo, período no qual eles estreitaram o laço, fizeram promessas e construíram uma história bonita mesmo envolvidos em tanta feiura.

Eles encontraram uma maneira de sobreviver a tudo e ficaram anos nessa dinâmica, até o dia que ela deixa de funcionar, e tudo desaba. Um trauma, uma garota que se viu obrigada a silenciar a própria voz, caminhos que se separaram e colocaram cada um dos protagonistas em uma direção diferente: Enquanto Rider ia para outro orfanato e em seguida para outra casa adotiva relativamente disfuncional, Mallory era adotada por um casal com carinha de personagem de comercial de margarina; ambos eram médicos, bem de vida e cheios de amor para dar. Ela cresceu assim, em um lar que poderia oferecer tudo o que ela necessitava para seguir em frente e assim ela fez, mesmo com suas limitações. Até o dia que decide frequentar uma escola de verdade.

Nessa nova fase da vida, cursando o último ano do ensino médio, a garota se depara com desafios que testam seu controle emocional a todo instante. Não basta as aulas de oratória, que são um inferno paras quem não tem o dom da fala; nem a necessidade de fazer amigos; para alguém que não sabe exatamente como isso funciona. O passado – com todas as suas dores e amores – resolve dar um pulinho no presente e ali, na mesma sala de aula e a uma carteira de distância, os dois se reencontram.

“Meu passado era parte de mim e moldava quem eu era agora, mas não definia quem eu me tornaria. Não me controlava.”

A premissa do livro vai seguir nesse sentido, mostrando como acontecimentos da infância são capazes de repercutir em diversas esferas da vida do ser humano, e durante um tempo que muitas vezes é inestimável. Isso tinha me agradado, como contei no começo do texto; mas infelizmente a autora perdeu o foco, construiu uma narrativa prolixa e rasa, fazendo com que uma ótima história ficasse aquém de sua própria capacidade.

Aqui não há necessariamente romance e eu entendo, porque esse não era o foco. Mas a jornada em busca de uma cura para as feridas e para reencontrar a própria voz pode se tornar uma narrativa extremamente cansativa caso não se use esses elementos com parcimônia; caso não se permita que os personagens – protagonistas e secundários –  se desenvolvam em toda sua potencialidade, e foi justamente o que aconteceu aqui. Senti a sensação de andar em círculos e sempre que pensava que o ápice estava perto, ele simplesmente não acontecia. Eu esperava mais desse livro, mas talvez a culpa pela minha frustração seja totalmente minha, pois cometi os maiores erros que se pode existir no mundo literário: julguei o livro pela capa e me enchi de expectativas.

Minha recomendação? Não faça isso. Não procure mensurar sua vontade de ler este livro pelas notas que ele recebeu, sejam elas altas ou baixas. Se dispa das expectativas e embarque na leitura consciente de que gostar ou não de uma obra depende de uma série de fatores, e que nem um livro é perfeito ou imperfeito demais. Leitura é momento, é subjetividade, é algo muito particular e que mesmo não dando certo para uns, pode dar para outros. Não foi meu caso, claro, mas pode ser o seu.

O PROBLEMA DO PARA SEMPRE

Autor: Jennifer L. Armentrout

Editora: Galera Record

Ano de publicação: 2017

Mallory viveu muito tempo em silêncio. Mas o destino lhe reserva um novo desafio. E ela percebe que está na hora de encontrar a própria voz. Já na infância, Mallory Dodge percebeu que só poderia sobreviver se ficasse calada. Teve que aprender a ficar o mais quieta possível. Aprendeu a passar despercebida. A se esconder. Mas agora, após ter sido adotada por pais amorosos e dedicados, ela precisa enfrentar um novo desafio: sobreviver ao último ano do Ensino Médio numa escola de verdade. O que Mallory não imaginava é que logo no primeiro dia de aula daria de cara com um velho amigo que não via desde criança, quando viviam juntos no abrigo. E começa a notar que não é a única que guarda cicatrizes do passado, além de uma paixão adormecida e inevitável.

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