O Protegido é o primeiro livro da série Ciclo das Trevas do autor Peter V. Brett. A publicação é de 2015 pela editora Darkside.

Sobre o Livro

Há milhares de anos o povo vive amedrontado por demônios. Toda a vez que a luz abandona o céu, eles emergem das profundezas da terra, com suas peculiaridades e afinidades e caçam aqueles que não estão protegidos pelos símbolos. Como desconhecem uma realidade diferente, a maioria das pessoas são conformadas com a situação. Porém, num tempo distante, haviam muito mais símbolos – hoje perdidos -, e a força para enfrentar esses demônios. Por um longo período eles desapareceram, e com isso a humanidade negligenciou e esqueceu aquilo que os protegia, ficando a mercê das terríveis criaturas.

Separados por quilômetros entre suas vilas e também pelo tempo em que a história se passa, conheceremos Arlen, Leesha e Roger. Arlen mora em Riacho Tibbel, e ao perder a mãe e se ver prometido a uma menina que não desejava, foge em busca de conquistas maiores e de uma forma de derrotar aqueles que o tiraram tudo o que lhe era importante. Leesha, ao contrário do primeiro jovem, estava muito feliz com seu prometido, até que algo muda. Começam a circular rumores em Clareira do Lenhador de que ela foi deflorada, e que seu futuro marido não é um jovem assim tão merecedor. Para superar isso, ela se alia a Bruna, uma velha ervanária e responsável pela saúde de todos naquele local. Como sua aprendiz, a jovem tentará trilhar seu próprio destino. Já o garoto Roger é o mais novo entre eles e, em meio a um ataque voraz dos demônios em Ponte Fluente, é o único sobrevivente de sua família. Sem ter pra onde ir ou como sobreviver, ele segue caminho com o único que restou, um menestrel que estava no local e que jurou a sua mãe que o protegeria.

“Bem-vindo à vida adulta. Toda criança descobre um dia que os adultos podem ser francos e erram como qualquer outro. Depois desse dia, você vira adulto, querendo ou não.”

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Apesar dos caminhos diferentes de cada um dos personagens, uma possível vitória sobre o mal que os assombra pode residir em suas mãos, pois certamente a ânsia por um mundo melhor vive em seus corações. Em uma jornada de descoberta através de Cidades Livres muito distantes dos vilarejos, da descoberta de novos símbolos, e da vitória pessoal de cada um sobre seus medos, uma trama complexa é costurada. E a coragem pode ser a única forma de salvar a todos.


Minha Opinião

Esse é um daqueles livros em que ao acabar você se pergunta porque não leu antes. A edição é linda, a história parece interessante, mas mesmo assim ficou esquecido. Também não há grandes incentivadores da história na internet, o que é uma pena. Porém, sendo mais um começo de série (e eu já estando definitivamente afogada em séries), resolvi dar o primeiro passo, sem arrependimentos.

A escrita de Peter V. Brett é fluída e cadenciada. O leitor quer continuar a leitura, é preciso descobrir o que virá a frente na história. Há duas divisões dentro do livro, a de ponto de vista e a temporal. Temos três narradores distintos, cada um de uma idade vivendo em locais diferentes desse mundo, todos pequenos vilarejos que sofrem com o mal dos demônios. Percorremos um período de aproximadamente 14 anos aqui e visitamos nossos personagens em momentos específicos de sua história.

Arlen é o que tem mais destaque, com o início da história e os capítulos mais longos. Ele é também o mais velho dos jovens, e aquele que parece carregar o maior peso. Depois do que acontece com sua mãe e da covardia do pai, ele toma para si a responsabilidade de fazer algo a respeito. Eles quer conhecer o mundo fora do pequeno vilarejo, e se tornar um mensageiro, para viajar por todos os lugares. Porém, nada disso acontecerá de forma fácil e haverá um longo caminho a trilhar. Arlen é o garoto corajoso, sonhador e determinado. Ele tem um coração enorme, e é gentil com as pessoas. É focado em seus objetivos e não há quase nada que o desvie do que ele almeja.

“Mas a humanidade queria mesmo ser salva? Merecia ser salva?”

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Leesha é a menina que tirou a sorte grande. Ela tem o prometido mais desejado do vilarejo e recebe os olhares invejosos das amigas. Mas, arca também com a reputação da mãe, uma mulher cruel e que não mantém a fidelidade em alta estima. Quando os rumores a seu respeito começam a circular a partir da boca de seu próprio amado, seu mundo desmorona. A mãe lhe acusa, o pai se mantém apático, e é somente a ervanária Bruna que a ajuda. Ela tem uma personalidade forte, mas que somente é moldada ao longo do livro. Ao ser acuada ela fraqueja, mas no decorrer da narrativa cresce muito enquanto personagem.

Entretanto, é na construção dela que reside uma das duas coisas que me incomodou nesse livro. No final há uma situação péssima que envolve a garota. E tudo é rapidamente superado e ignorado. Algo que não verdadeiramente condiz com um comportamento real. Me parece que na única personagem feminina de destaque do livro, o autor não soube transpor características verossímeis.

Roger é o terceiro ponto de foco, e o mais fraco entre eles. Conhecemos pouco sobre o menino e sobre os anos que se passaram desde o incidente com sua mãe. Eles passou por alguns bons bocados, viajou com o menestrel. Ele é aventureiro, mas temeroso. Galanteador, mas inseguro. E não possui um objetivo definido, já que a única coisa que sempre desejou foi poder viajar como menestrel.

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Conforme o livro passa e cada um segue sua jornada, ficamos intrigados sobre como o caminho deles vai se cruzar, pois é evidente que em algum momento chegaremos a esse ponto. Mas, muito mais legal do que conhecer os personagens é desbravar esse mundo. Conheceremos o povo de Krasia, uma civilização diferenciada, guerreira, e uma das poucas conhecidas que ainda persiste na luta contra os demônios ao invés de se esconder toda a noite em suas casas. São lendários, restritos, e detém uma das mais ricas culturas de símbolos.

Eles possuem um vocabulário bem rico de palavras diferenciadas, e acredito que faltou um pequeno glossário ao fim do livro esclarecendo os significados ao leitor. Aos poucos, a importância desse povo vai se mostrando presente, e é entre eles que encontraremos uma grande referência para a sequência.

Apesar dos lapsos temporais, talvez com exceção de Roger, não há realmente falta enquanto continuidade de história. Sabemos o que aconteceu no intervalo de tempo e ao olhar novamente o mundo através dos olhos do narrador, já somos capazes de ver o quanto ele mudou. Arlen é o que mais evolui enquanto personagem, e o que encontramos no final da trama, é bastante diferente e muito mais calejado.

Como acho que já deu para reparar, ele é também meu preferido. Acredito que por ser o mais bem desenvolvido, acabou se sobressaltando entre eles. E fico temerosa por não saber ao certo sobre o seu futuro. Como mencionei, Leesha carrega um pouco do meu desapontamento. Como a única personagem feminina de destaque estava esperando um pouco mais. O foco destacado nela reside em sua sexualidade, na forma como isso influencia seu comportamento e suas escolhas, porém o desenvolvimento pesa pra algo pouco crível ou bem pouco sensível, levando em consideração o que acontece. Acredito que o autor tentou, sem sucesso, descrever como uma mulher lidaria com aquilo.

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O final do livro é o segundo contra ponto a todas as coisas positivas do livro. Apesar de termos uma história interessante, um mundo bem construído e uma vontade incessante de descobrir mais e mais sobre esse universo, faltou algo no final para fazer um cliff hanger e prender definitivamente o leitor a já ansiar pela continuação. A Lança do Deserto foi lançado em 2016 e espera-se que o terceiro saia esse ano, dando continuidade a série.

Não acho que essa questão do final desmereça a história como um todo, mas com o potencial apresentado, me pareceu um desperdício fechar o livro sem algo realmente sensacional. Esse é um mundo que quero realmente conhecer mais e com toda certeza quero seguir lendo em 2017. Para a continuação minhas expectativas estão em como a configuração estabelecida no final de O Protegido vai funcionar daqui pra frente e do quanto isso vai influenciar a história e as personalidades dos personagens.

Esse livro possui muito pouco romance, mas há uma chama dele sendo avivada ao final, que pode conduzir para um caminho que eu não gosto muito, e espero que o foco não se volte para isso. De qualquer forma, O Protegido entrou pras 10 melhores fantasias de 2016 e eu recomendo a todos os leitores que curtem o gênero e estão procurando alguma nova história pra apostar. Toda a trama é muito visual e certamente encantara qualquer leitor que se dispor a soltar a imaginação para visualizar esse mundo como ele merece.

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O PROTEGICO – CICLO DAS TREVAS #1

Autor: Peter V. Brett

Editora: Darkside

Ano de publicação: 2015

Em O Protegido, a humanidade cedeu a noite aos corelings e são poucos que ainda conseguem se esconder atrás das proteções mágicas, rezando para que elas os conduzam para mais um dia. Conforme os anos passam, as distâncias entre as pequenas vilas se aprofundam. Parece que nada pode deter os demônios ou aproximar a humanidade novamente. Arlen, Leesha e Rojer, crianças nascidas nesses pequenos vilarejos hoje isolados, não se conformam com essa situação. Um Mensageiro ensina ao jovem Arlen que o medo, mais que os demônios, tem paralisado a humanidade. Leesha vê a sua vida perfeita ser destruída por uma simples mentira e se torna uma coletora de ervas para uma velha mulher, mais temida que os demônios da noite. E a vida de Rojer muda para sempre quando um menestrel viajante chega à sua cidade e toca seu violino.
Mas estes três jovens carregam algo em comum. São todos teimosos, que não se rendem à realidade imposta a eles e sabem que há muitos segredos e mistérios no mundo além do que lhes contaram. Para descobrir isso, eles terão que se arriscar, abandonar suas proteções seguras e encarar os demônios de frente. Juntos, os três podem oferecer à humanidade uma última, e fugaz, chance de sobrevivência.

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