O Quarto Dia é da autora Sarah Lotz, que também escreveu o livro Os Três, e é lançamento de 2016 da editora Arqueiro.

Sobre o Livro

20160528_164634

O cenário é um cruzeiro de ano novo, de 2016 para 2017, em um navio chamado O Belo Sonhador. No quarto dia de viagem e no dia da virada, um incidente acontece nas profundezas do navio causando um incêndio e deixando alguns funcionários feridos. Ao mesmo tempo, uma jovem tem a bebida batizada e é conduzida por seu agressor até o quarto, onde em função do álcool e de estar inconsciente, acaba morrendo.

É ai que, sem motivo aparente ou lógico, os motores do navio param, assim como todas as formas de comunicação com o mundo exterior. A tripulação de 2.962 pessoas se vê à deriva no Golfo do México e sem previsão de retorno a terra firme.

Conforme as horas e dias se passam a situação começa a ficar insuportável, bem como alguns passageiros começam a vivenciar algumas experiências ou visões inexplicáveis ou sobrenaturais, o que não é abafado graças a presença de Celine del Ray, uma médium muito famosa que estava se apresentando durante o cruzeiro.

“Gritou e mordeu a língua quando um peso pousou em seu peito, tirando-lhe o ar dos pulmões. Tentou se soltar debatendo-se, mas os braços não queriam – ou não conseguiam – se mexer. Paralisado, não havia nada que pudesse fazer enquanto um hálito de gelo roçava em seu rosto e dedos frios subiam feito aranhas por sua coxa.”

Os dias se passam, coisas estranhas acontecem, as pessoas perdem um pouco de sua humanidade e senso de coletivo e, após 5 dias desaparecido o navio é encontrado. Porém, não há uma pessoa viva a bordo. Pelo menos não que alguém queira admitir.

Minha opinião

Minha primeira preocupação foi saber se eu precisava ter lido Os Três para encarar O Quarto Dia, e a resposta foi não. Porém, depois de ter tido a experiência de leitura e ter visto a sinopse do livro anteriormente lançado, que apresenta uma situação semelhante, vi que provavelmente teria entendido bem mais as referências e identificado vários elementos do livro que criam o suspense em Os Três, como o menino misterioso que aparece no navio ou a referência a “eles”. Mas, de qualquer forma, o livro pode sim ser lido de forma individual, mesmo que ele possa ser melhor compreendido ou crie uma expectativa maior em quem já vem com a leitura de Os Três na bagagem.

Sempre tive muita curiosidade em ler esse primeiro livro, então quando vi o lançamento desse novo, precisei conferir. Mas, confesso que vi minha experiência de leitura um pouco prejudicada pela sinopse. Já de ante mão sabemos que “ninguém será encontrado vivo”, mas começamos a narrativa acompanhando o ponto de vista de sete personagens: Maddie, a assistente da médium; o estuprador que causa a morte da garota; duas senhoras que estão no navio com o propósito de cometer suicídio; Jessi, um dos médicos do cruzeiro; o segurança que encontra a garota morta; Altheia, uma camareira; e Xavier, um blogueiro que tem como propósito expor as farsas de Celine del Ray.

Acredito que os vários pontos de vista engrandeceram a história, mas não sei até que ponto não tivemos demais adicionadas à trama, que acabaram soando  como desnecessárias frente as muitas coisas que estavam acontecendo simultaneamente.

“Foi tomada pelo medo quando o viu. Estava sentado no canto, os joelhos encolhidos junto ao peito. O rosto banhado em lágrimas, e ela não conseguia ver seus olhos. A iluminação provinha das luzes verdes de emergência, que não eram suficientes para que pudesse distinguir os detalhes.”

20160528_164714

O dia-a-dia com esses personagens vai se dar até o fim do livro, quando finalmente o cruzeiro será encontrado. Mas pra onde eles foram e o que aconteceu? Pois é, acho que esse mistérios ficaria muito mais complexo e difícil de ser decifrado se não esperássemos desde o começo que ninguém fosse encontrado.

Conforme as páginas se passam vamos esperando que algo horrendo aconteça que justifique o desaparecimento de todos, e as páginas vão acabando sem que esse momento chegue. Mas, no final, há claro, uma “explicação” bem aberta a interpretações, mais para o próprio leitor tirar suas conclusões do que realmente para esclarecer o que aconteceu.

Há algumas cenas de suspense muito bacanas no livro e alguns elementos que se você pensar muito sobre eles e for medrosa como eu, podem ficar grudados na sua cabeça por um tempo, já que estamos falando aqui de coisas sobrenaturais e sim, a possível presença de alguns espíritos ou entidades que desconhecemos.

Acho que nem preciso falar sobre a capa né? Ta linda! Apesar de não tem nenhum outro efeito especial além do verniz localizado, o acerto das cores pra criar esse efeito de luminosidade foi muito positivo. E, apesar do livro não ter orelhas, ele vem com a lateral das folhas em azul escuro, assim como o outro livro da autora!

Não achei a narrativa da Sarah Lotz difícil, mas ela também não é leve, impondo que o livro seja digerido no seu tempo. E, sim, o maior debate ou confabulações de teorias acontece no fim do livro, após o término da leitura, quando tudo o que aconteceu ficará martelando na cabeça do leitor. Depois dessa experiência ainda quero muito ler Os Três já que é um título que sempre me intrigou pela capa e sinopse e que acaba nunca entrando na fila de leitura. O Quarto Dia é um livro pra quem gosta de teorias da conspiração e suspense sobrenatural.

3estrelas

20160528_164343

Janeiro de 2017. Após cinco dias desaparecido, o navio O Belo Sonhador é encontrado à deriva no golfo do México. Poderia ser só mais um caso de falha de comunicação e pane mecânica… se não fosse por um detalhe: não há uma pessoa viva sequer no cruzeiro.
As autoridades acham indícios de uma epidemia de norovírus, mas apenas descobrem os corpos de duas passageiras. Para piorar, todos os registros e gravações de bordo sofreram danos irreparáveis.
Como milhares de pessoas podem ter sumido sem deixar rastro? Teorias da conspiração se alastram, mas só há uma certeza: 2.962 passageiros e tripulantes simplesmente desapareceram no mar do Caribe.

 

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros