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Hoje li uma matéria sobre “leitoras vorazes que leem até 20 livros em um mês” e antes de apreciar o conteúdo da matéria, rolei a página até os comentários pois sabia que encontraria uma quantidade extraordinária de asneiras. Bem, acertei em cheio!

Quem me conhece sabe que eu leio em media 10 livros por mês e as vezes até um pouco mais e, apesar de gostar bastante de fantasia, vario muito os gêneros. Sempre tenho em meu mês um sortimento de estilos de livros, dos clássicos a alguns considerados pelos “comentaristas” como lixo literário.

A principal queixa dessas pessoas é que não vale nada ler 15 livros por mês, se os livros que você lê não são clássicos ou não tem conteúdo. Vocês fazem ideia do quão absurdo uma afirmação dessas é e do quanto ela só pode ter saído da cabeça de alguém que não lê?

Todo livro que eu leio, seja ele de um ícone da literatura ou de um autor nacional iniciante, me ensina alguma coisa, me acrescenta em vocabulário e em experiência. Todo livro é cheio de sentimentos e todo clássico já foi um desses livros, até que, depois de muitos e muitos anos, foi considerado um livro de referência. Ou vocês acham que esses tantos livros marcados como “grandes obras da literatura” já nasceram assim, clássicos de sucesso?  Muitos deles batalharam muito para conseguirem ser publicados e só ganharam o status que tem hoje porque a geração seguinte foi capaz de dar valor ao que antes era considerado um “lixo literário”.

Dai fica a reflexão, será que os que estão reclamando das escolhas feitas pelas entrevistadas leem? Ou são daqueles tantos que aumentam os índices de leitores fajutos que MENTEM terem lido os clássicos para posar de cult? Por que eles existem, aliás há até uma matéria citando os 20 livros que as pessoas mais mentem terem lido, exatamente pra ressaltar esse fato.

O número de leituras que uma pessoa faz no mês não é importante, desde que ela leia e mantenha o hábito sempre. O que ela lê também não importa, porque ninguém tem como adivinhar quais livros lançados de forma despretensiosa hoje, serão chamados de clássicos daqui a 100 anos. E, se eu tiver que adivinhar, duvido bastante que as criaturas que comentaram na matéria em questão tenham lido os clássicos, saibam diferenciar os gêneros ou sequer compreendam que o que caracteriza uma boa leitura não é o peso da obra frente a sociedade, mas sim a experiência do leitor com ela.

Nem os clássicos agradam todo mundo, e quando eles foram lançados seus autores também não agradavam. Você, dedo julgador, sabia que Fiódor Dostoiévski esteve preso por vários meses? Será que se tirássemos a informação do clássico e deixássemos somente sobre a vida do autor, você olharia para a obra da mesma forma ou torceria o nariz porque veio de alguém que “cometeu um crime e esteve na cadeia”? Ler a obra de Fiódor Dostoiévski hoje e achar mil maravilhas só porque ela já é consagrada, é fácil. O difícil é o que todos nós leitores assíduos e vorazes fazemos, que é procurar entre as centenas de obras que chegam às livrarias todo mês os novos clássicos, o novo Victor Hugo, a nova Emily Brontë, o novo Kafka, a nova Mary Shelley, o novo J. D. Salinger, o novo Leo Tolstoy e a nova Jane Austen.

O hábito da leitura é um ato de entretenimento que vem carregado de uma bagagem que só os que estão verdadeiramente de coração aberto são capazes de enxergar. Não menospreze o gosto literário alheio só porque você não tem a mesma grandeza no olhar, para compreender ;)

Me peguei pensando, principalmente pelos comentários serem em sua grande maioria de homens, que estávamos sim lidando com puro machismo, já que a matéria focava nas leitoras mulheres e em livros mais leves que as entrevistadas citaram, mas resolvi nem entrar nesse mérito durante o texto. Fica aqui apenas a nota de que esse “detalhe” foi notado e que nós, leitoras vorazes, estamos de olho :)

 

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