Origem é o sétimo livro escrito pelo autor Dan Brown. É um lançamento de 2017 pela editora Arqueiro.

SOBRE O LIVRO

O famoso – e polêmico – bilionário, cientista e futurólogo Edmond Kirsch está na Espanha onde prepara uma revolucionaria apresentação no Museu de Bilbao. Segundo Kirsh, as duas perguntas mais importantes da história humana serão respondidas de uma vez por todas, o que causará um grande impacto tanto na ciência como nas religiões. Ateu declarado, ele espera com a revelação conduzir a humanidade à luz da ciência, e ao fim das crenças em seres divinos.

A convite do futurólogo, o então conhecido professor Robert Langdon comparece à apresentação, movido pela curiosidade em saber quais seriam as respostas encontradas para as duas perguntas: de onde viemos e para onde vamos. Após um passeio pelo Museu, a apresentação inicia e Langdon admira a grandiosidade do evento. Prestigiando o evento também está a diretora do museu, Ambra Vidal.

“Qualquer homem pode permanecer sóbrio num deserto, pensou, mas só os fiéis podem se sentar num oásis e se recusar a abrir os lábios.”

Porém, no momento em que a revelação iria ser feita, um tiro ecoa pelo salão e Edmond desaba morto. O caos se instala e imediatamente a Guardía espanhola se movimenta para encontrar o atirador. Meio desatordoado, Robert se junta a Ambra em uma tentativa de fugir do local e se manterem seguros. Chocados com o crie, Robert e Ambra decidem encontrar e revelar a descoberta de Kirsch, já que essa fora um grande amigo seu. Enquanto eles percorrem Barcelona atrás das pistas escondidas em diversas obras de arte moderna, alguém que parece saber cada passo deles tentará cala-los antes que a verdade sobre nossas origens seja revelada.


MINHA OPINIÃO

De todos os livos que eu esperava serem lançados em 2017, Origem estava no topo dessa lista. O autor é ainda o meu preferido e todas as suas histórias trazem sempre algo de novo, mesmo que usando a tão polêmica “receita de bolo”. A questão é que, mesmo usando um padrão, ela sempre dá certo e torna as tramas de Dan Brown ricas em detalhes históricos e com narrativas muito bem escritas.

Além disso, o livro me despertou interesse pelo seu enigma, ao propor que o professor Robert Langdon encontraria as respostas para duas perguntas – talvez as mais enigmáticas de nossa vivência enquanto humanos – que, cientificamente falando, ainda é difícil de compreender: qual nossa origem e qual será o nosso destino. Várias hipóteses me passaram pela cabeça, desde intervenção alienígena até panspermia, mas ao ler o livro percebi que não acertei nenhum dos meus chutes. Bom, pelo menos não os que eu tinha concebido.

“As questões da criação e do destino do homem são tradicionalmente domínio da religião. Sou um intrometido, e as religiões não gostarão do que vou anunciar.”

Dentre todos os personagens da trama, Edmond Kirsch e Winston são os que mais se destacam. Kirsch trabalhava como futurólogo, ou seja, com base em evidências físicas e matemáticas, calculava as melhores ações a serem tomadas pelas companhias para não sucumbirem às crises – ou a saírem delas, se fosse o caso. O seu projeto mais ambicioso foi a criação de um supercomputador quântico, conhecido como E-Wave, sendo esse tão potente que daria um enorme salto no entendimento e desenvolvimento das Inteligências Artificiais e da Computação Quântica. Apesar se sua curta aparição nos livros, não pude deixar de notar leve semelhanças nele e com dois brilhantes empreendedores de nossa realidade: Steve Jobs (da Apple) e Elon Musk (da SpaceX). Tanto Jobs e Musk são conhecidos por serem visionários, proporem tecnológicas até então inexistentes, ou no caso, aperfeiçoarem as que já existem, de forma a sempre serem melhores. Da mesma forma, Kirsch tinha todas essas qualidades e ainda assim, aparentava ser um homem humilde e destinado a ajudar quem quer que fosse. Uma pena ter durado tão pouco.

Já Winston rouba a cena por se tratar de uma Inteligência Artificial com muito senso de humor. Na verdade, a forma tão “humana” como essa A.I. conversa e interage com Langdon causa até um pouco de assombro, dada a sua avançada capacidade de imitar um ser humano. Claro que tecnologias como essas não estão tão distantes na vida real. Em 2013, supostamente um computador passou no Teste de Turing. Esse teste diz que, se um ser humano for enganado durante uma conversa de texto por mais de 30%, então a máquina pode ser considerada como “pensante”. Se não fosse ficção, Winston certamente teria deixado o teste no chinelo.

Apesar de seguir um padrão –  iniciado em Anjos e Demônios -, parece que o próprio autor percebeu que ela estava se tornando cansativa e resolveu mudar alguns elementos. Os elementos bases foram mantidos: assassinatos, fuga de bandidos, busca por pistas, Langdon se unindo a uma mulher para por em prática os planos. Porém, a principal diferença da narrativa se dá em relação à Arte e as pistas. Em Origem, o foco são obras de Arte Moderna, e a busca por pistas é bem pequena, sem aquela correria frenética por vários quadros, pinturas ou esculturas como temos nos livros anteriores. Mesmo bebendo da mesma fonte, dessa vez o autor preferiu filtrar o que bebia. Logo, se comparado aos outros livros, este se mostra como o mais fraco, porém, isoladamente, é um dos mais criativos e bem escritos do autor.

“As estradas para a salvação são muitas. O perdão não é o único caminho.”

E como sempre, a busca para as respostas – de onde viemos e para onde vamos – vai cutucar a Igreja, sobretudo a cristã, e trazer à toa a discussão sobre teorias como Criacionismo e Evolução. Além disso, discute até quando a religião conseguirá se manter firme e sobreviver ao exponencial avanço da ciência em todos os setores. É interessante esse ponto, inclusive pois, mesmo sem citar, eu lembrei da profecia do último papa que diz que o último papa (no caso, o Papa Francisco, segundo a profecia) seria o responsável por levar a Igreja à ruína. Também fará parte da trama críticas à política mundial, como o Nacionalismo conservador, autoritarismo, fanatismo religioso e científico, entre outros temas de relevância social. A utilização do Palácio Real, da Espanha, como plano de fundo para ambientar as conspirações também servem de apoio para alardar essa questão, onde Religião e Estado se misturam, sendo que, na prática, deveriam ser totalmente separadas.

Em relação às respostas que Kirsch encontrou, devo dizer que não foi  nenhuma grande novidade como eu achei que seria. Para quem assiste bastante filmes de ficção científica e/ou mesmo está com a memória boa da época da escola, lembrará das duas “respostas” apresentadas. Entretanto, o livro traz elas como evidências, e até apresenta alguns argumentos lógicos para tornar elas mais críveis. Entretanto, é bom lembrar que Dan Brown é um bom mentiroso, no sentido bom da palavra. Logo, ainda que se baseie em pesquisas científicas, fatos e conteúdos históricos, vários detalhes são puramente ficcionais (como o Winston, pelo menos por enquanto).

“Que nossas filosofias sigam no mesmo passo das nossas tecnologias. Que nossa compaixão siga no mesmo passo dos nossos poderes. E que o amor, e não o medo, seja o motor da mudança.”

Ler os livros do Dan Brown é garantia na certa de navegar por países com culturas singulares, fatos históricos interessantes e até mesmo aspectos desconhecidos da Arte. Não há como negar que, mesmo sendo uma ficção, as pesquisas que o autor faz em cima de sua trama são muito bem fundamentadas e sempre nos deixam com gostinho de querer conhecer os locais por onde ele passa. Ou até mesmo ir conferir de perto se aquele código ou pista não existe mesmo. E considerando o caminho tomado por Origem, fico contente em ver o autor se mantendo atualizado e criativo ao ponto de sair da zona de conforto – Arte Clássica e Renascentista – e explorar outros “mares”, como a Arte Moderna.

Por outro lado, pego emprestado as perguntas do autor e faço a ele. Sabemos de onde Robert Langdon vem, mas para onde ele vai? Seria Origem um dos últimos livros protagonizados por esse personagem? Dado ao desgaste da fórmula, eu acredito que sim. E acho até bom. O autor não deve ficar preso em um único personagem que deu certo. E sendo Dan Brown, acredito que ele consiga criar outras tramas de suspense tão incríveis quanto Inferno ou Código da Vinci. Entretanto, só o que podemos fazer é esperar mais uns três ou quatro anos, até o anúncio do próximo livro, seja ele qual for.

Foi uma leitura bacana e que sem dúvida vale a pena, seja por suas críticas à sociedade, seja por sua ousadia de trazer uma discussão científica e religiosa à tona. Acredito que, independente de sua crença ou fé, as perguntas feitas nesse livro farão com que a curiosidade fale mais alto e a busca por informações adicionais ocorra. Afinal, há muitas histórias boas por aí, mas as melhores são aquelas que nos incitam a buscar mais conhecimento após lê-las. E Origem não falha nessa missão.

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ORIGEM

Autor: Dan Brown

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2017

O anfitrião da noite é o futurólogo bilionário Edmond Kirsch, de 40 anos, que se tornou conhecido mundialmente por suas previsões audaciosas e invenções de alta tecnologia. Um dos primeiros alunos de Langdon em Harvard, há 20 anos, agora ele está prestes a revelar uma incrível revolução no conhecimento… algo que vai responder a duas perguntas fundamentais da existência humana. Os convidados ficam hipnotizados pela apresentação, mas Langdon logo percebe que ela será muito mais controversa do que poderia imaginar. De repente, a noite meticulosamente orquestrada se transforma em um caos, e a preciosa descoberta de Kirsch corre o risco de ser perdida para sempre. Diante de uma ameaça iminente, Langdon tenta uma fuga desesperada de Bilbao ao lado de Ambra Vidal, a elegante diretora do museu que trabalhou na montagem do evento. Juntos seguem para Barcelona à procura de uma senha que ajudará a desvendar o segredo de Edmond Kirsch. Em meio a fatos históricos ocultos e extremismo religioso, Robert e Ambra precisam escapar de um inimigo atormentado cujo poder de saber tudo parece emanar do Palácio Real da Espanha. Alguém que não hesitará diante de nada para silenciar o futurólogo. Numa jornada marcada por obras de arte moderna e símbolos enigmáticos, os dois encontram pistas que vão deixá-los cara a cara com a chocante revelação de Kirsch… e com a verdade espantosa que ignoramos durante tanto tempo

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