Outsider é do autor Stephen King e foi lançado pela Suma em 2018.

Sobre o livro

O treinador Terry Maitland é figura conhecida na pequena cidade de Flint City. Além de professor, ele também treina os times baseball de crianças. Ele é visto pelos habitantes como prestativo e bom, casado e pai de duas filhas pequenas. Por isso, é de estranhar que as suas digitais e o seu DNA estejam no corpo de Frank Peterson uma criança que é brutalmente assassinada e violada, além disso, diversas são as testemunhas que apontam o treinador T como culpado. O caso estaria resolvido se o treinador não tivesse um álibi irrefutável para esse dia, com amigos confirmando, filmagens comprovando e suas digitais para afirmar. Esse impasse deixará o detetive Ralph Anderson de mãos atadas.
“Havia um banco de granito bem no meio, e estava coberto de sangue. Muito sangue mesmo. E tinha mais embaixo também. O corpo estava caído na grama ao lado do banco. Pobre garoto. A cabeça estava virada na minha direção, os olhos estavam abertos, a garganta não existia mais.”
Como é possível que o treinador estivesse em dois lugares ao mesmo tempo? E mesmo assim, como uma pessoa tão bem vista pode esconder um monstro dentro de si? As perguntas são diversas, mas as respostas são poucas. Restará ao detetive entender o que aconteceu e desvendar todo o mistério que paira nesta cidade.

Minha opinião

“Não há fim para o universo”. Acredito que nesse livro o autor quis fazer um jogo com o seu leitor. Ele pensou em misturar histórias, pegar elementos que já conhecemos e citar referências de outros livros que fazem parte da sua carreira. Deu certo? Em parte, creio que sim. O livro é ótimo? Não, ele é apenas bom. A história é muito intrigante, os elementos que fazem parte dela parecem levar tudo para um excelente final, mas o desfecho deixou consideravelmente a desejar, pelo menos pra mim. Em um primeiro momento pensamos que essas provas contundentes contra o treinador, não podem ser deixadas de lado. Desde o início fiquei curiosa para saber o que King estava preparando de surpresa, tudo estava muito fácil e claro e esse não é o jeito King de fazer história. Uma das coisas que aprendi nesses anos lendo suas obras, foi que ele sempre tem uma carta escondida embaixo da manga. Após tantas testemunhas e tantas provas incriminando Terry, eu pensava que a resposta para inocentá-lo deveria ser muito bem elaborada. Posso dizer que achei ela OK. A conclusão que ele nos deu foi aceitável, mas não funcionaria com qualquer autor. King brinca com todas as fases de uma investigação e também cita diversos autores de mistério. Ele intercala fatos da narrativa com investigações feitas, tudo com o jargão que já é conhecido dos amantes de livros de investigações. E, apesar de ser um crime brutal, ele consegue dar uma certa leveza à história com frases engraçadas e algumas situações inusitadas. Eu diria que esse livro é uma mistura de vários elementos presentes em outros livros do autor, como se unissem suas ideias do passado com as do presente, mas não posso citar quais para não estragar a surpresa – que depois que parei para pensar nem é tão surpresa assim. Os fatos estão aí para comprovar, um leitor mais atento perceberá de primeira.
“Será que o monstro dentro dele não só tinha matado o garoto como também apagado todas as lembranças do ato? E depois… o quê? Preenchido as lacunas com uma história detalhada e falsa de uma conferência de professores em Cap City?”
Acredito que o verdadeiro pavor está em pensar: “e se fosse comigo?”. Uma situação que parece não ter explicação, que para todos os lugares que olhamos parece não ter saída e que beira o impossível. Mas quantas coisas existem por aí sem ter nenhuma explicação plausível? Ou então, quantas pessoas estão presas inocentemente, e nunca conseguirão provar sua inocência? Ao que tudo indica, estamos lidando com algo que vai além da compreensão humana. É quase palpável a estranha presença se instala na cidade e nesse crime não resolvido. E é então que eles buscam ajuda, a ela vem direto do livro Mr. Mercedes. Preparem-se para um reencontro, que achei incrível e serviu para balancear o ceticismos de algumas pessoas. E aos fãs mais fervorosos: encontrei referências a Torre Negra que já me levaram a imaginar mil e uma explicações para essa história.
“Foi nesse momento que ele foi tocado. Acariciado na nuca por uma mão tão quente quanto uma compressa. Tentou gritar e não conseguiu. Seu peito estava fechado como a Glock no cofre. Agora, outra mão se juntaria à primeira, e o sufocamento começaria.”
O final não apresenta uma solução tão impactante quanto o esperado, ele acaba não fazendo jus a um enredo que tinha tudo para surpreender. Não que seja ruim, apenas poderia ser melhor. O livro começa extremamente dinâmico e cheio de originalidade, mas o final encaminha para uma conclusão diferente. Outra coisa que senti falta foram os clássicos protagonistas do autor. Para quem está acostumado com as suas obras, deve lembrar que eles geralmente vivem uma vida complicada, cheia de problemas e possuem os mais diversos defeitos. O que nos faz amá-los, mesmo sem querer. Aqui, seus personagens são “pessoas normais”, que levam vidas triviais e não possuem uma característica que os humanize, acho que por isso não consegui me conectar com nenhum deles, prefiro os excêntricos. Acredito que o livro vale muito a leitura, ele mostra um King brincando com seus livros e criando uma escrita diferente – pelo menos pra mim – entre suas duas formas de apresentar uma narrativa. É um livro bom, com ressalvas. E ele te prende do início ao fim. Você acha que já desvendou o que aconteceu? Que explicação você daria para esses eventos?
 
4estrelasB

OUTSIDER

Autor: Stephen King

Tradução: Regiane Winarski

Editora: Suma

Ano de publicação: 2018

O corpo de um menino de onze anos é encontrado abandonado no parque de Flint City, brutalmente assassinado. Testemunhas e impressões digitais apontam o criminoso como uma das figuras mais conhecidas da cidade — Terry Maitland, treinador da Liga Infantil de beisebol, professor de inglês, casado e pai de duas filhas. O detetive Ralph Anderson não hesita em ordenar uma prisão rápida e bastante pública, fazendo com que em pouco tempo toda a cidade saiba que o Treinador T é o principal suspeito do crime. Maitland tem um álibi, mas Anderson e o promotor público logo têm amostras de DNA para corroborar a acusação. O caso parece resolvido. Mas conforme a investigação se desenrola, a história se transforma em uma montanha-russa, cheia de tensão e suspense. Terry Maitland parece ser uma boa pessoa, mas será que isso não passa de uma máscara? A aterrorizante resposta é o que faz desta uma das histórias mais perturbadoras de Stephen King.

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