Resistência é da autora Affinity Konar, lançado no Brasil em 2017 pela Fabrica 231, selo da editora Rocco.

Sobre o Livro

Stasha e Pearl são gêmeas, tem 12 anos e um alvo em sua genética. Com a infância interrompida pela guerra e sendo “mischling“, logo vão parar nas mãos do temível anjo da morte, o Dr. Mengele. Conhecido por seus experimentos com judeus, o homem possuía um lugar específico para estudar gêmeos, trigêmeos e assim por diante.

“Pearl também tinha números e eu odiava os dela ainda mais que os meus, porque indicavam que éramos pessoas distintas, e quando se é distinta pode-se ser separada.”

As meninas tinham a pele e o cabelo claro, mas os olhos lhe traiam, sendo escuros. Pearl sempre foi a preferida de todos, mais comunicativa, enquanto Stasha esteve à sombra da irmã e invejando todos os movimentos únicos de Pearl. Elas inclusive treinavam para fazer tudo igual e manterem sua unidade. Porém, dentro das acomodações do campo de concentração, isso se tornou impossível e diferente da vida lá fora, aqui foi Stasha quem se destacou, chamando a atenção de Mengele.

Juntas, mas separadas por um muro de sofrimento, ambas terão de aprender a sobreviver nessa nova realidade, tentando ao máximo não desfazer o nó que as une enquanto irmãs.


Minha Opinião

Eu sou uma leitora que me interesso muito por livros que se passam na segunda guerra mundial. Entre 2015 e 2016 eu li vários e confesso que fiquei um pouco saturada da visão que eu estava sempre tendo, e então passei a pegar somente histórias com algum diferencial que não fosse somente o judeu contando sua história no campo de concentração. Eu já li muito sobre Anne Frank e aqueles que cruzaram seu caminho, mas outras visões acabam por enriquecer ainda mais. O soldado que lutou, a mãe que deu a luz, a menina inglesa que achava estar longe o suficiente da guerra ou o garoto soldado de 11 anos. Aqui, temos gêmeas e um monstro, o dr. Mengele.

Ele foi conhecido pelos seus experimentos com os judeus e mesmo já sabendo disso por outros livros nunca tinha tido essa visão, ou acho que nem tinha esse conhecimento sobre os experimentos específicos em gêmeos. Porém, o foco da história não fica nos atos do anjo da morte e sim na relação que as duas protagonistas compartilham.

“Dizia para mim mesma que a dor que eu sentia não era a de Pearl. E então compreendi que estava errada.”

Desde o começo é possível ver o quanto Stasha é possessiva sobre a irmã e sobre o que ela representa. Pearl nasceu primeiro, e para Stasha isso a coloca em vantagem, sendo também o porque de ela se relacionar melhor ou ser mais comunicativa. Sendo diferentes em suas personalidade, a segunda gêmea sempre tentou se manter uma cópia, ensaiando e alinhando todos os movimentos aos de Pearl. Porém, isso se torna impossível quando elas adentram Auschwitz.

Há uma mudança drástica e Stasha parece muito mais “confortável” naquele lugar do que fora dele, apesar do perigo constante. Ela passa a interagir mais e desperta o olhar de Mengele. Ele promete algo a ela e a garota acredita, vestindo esse seu novo papel com maestria. Ela também quer se tornar médica e começa a fazer suas próprias investigações. Em paralelo, vemos Pearl murchar e perder a vivacidade que víamos através dos olhos de Stacha.

No livro temos a narração dividida entre a visão das duas gêmeas. No capítulos de Stacha, temos sua obsessão pela irmã, por serem uma unidade só, pelos experimentos, por descobrir mais e também por Mengele. Já a visão de Pearl é sempre mais orgânica, mas simples. Relatos do que lhe cerca, das coisas que ela sente, de seus medos. E, claro, sua visão da irmã, que ela vê aos poucos mudar.

“A ideia de que a maldade torna uma pessoa mais forte do que as pessoas boas é um equivoco muito comum.”

A capa nacional está linda e se destaca perante as internacionais como a mais bonita, porém esse é um daqueles livros onde a sinopse contém spoilers. Se algo não aconteceu até a metade do livro, isso é algo que eu não deveria saber por antecipação, então evitem a leitura da contracapa para não se adiantarem demais nos acontecimentos.

Resistência não vai detalhar experimentos ou o sofrimento físico delas, é um livro muito mais voltado na emoção e nas sensações. Por isso, acho que é uma boa indicação para quem tem receio de ler livros sobre a segunda guerra pelo seu teor forte. Confesso que nesse aspecto eu estava esperando um pouco mais de cenas explícitas ou de detalhamento, mas sei que para algumas pessoas esse é exatamente um ponto positivo.

A guerra marcou cada pessoa de uma forma diferente. Imagino que para as crianças ela teve um peso ainda maior, pois uma fase muito especial de suas vidas foi roubada e modificada de forma extremamente drástica. A visão de Resistência é também para mostrar que talvez haja esperança se nos agarrarmos a ela até o último momento. Como a trama já começa no fim do ano de 1944, muito perto do fim da guerra, é possível ficar apreensivo junto com as personagens, pois sabemos que ou tudo caminhará para um final rápido ou se elas resistirem, haverá liberdade.

O livro de Affinity Konar é uma narrativa sensível pra quem gosta de ler coisas sobre esse período, quer começar a se aventurar ou simplesmente quer conhecer um drama interessante com jovens personagens à mercê da maldade do mundo.

RESISTÊNCIA

Autor: Affinity Konar

Editora: Fábrica 231

Ano de publicação: 2017

Auschwitz, 1944. As gêmeas Pearl e Stasha têm 12 anos quando desembarcam no campo de concentração nazista na Polônia. à medida que conhecem o horror e têm suas identidades fraturadas pela dor e sofrimento, tentam confortar uma à outra e criam códigos e jogos para se proteger e recuperar parte da infância deixada para trás. Mas quando Pearl desaparece sem deixar pistas, Stasha se recusa a acreditar que a irmã esteja morta e embarca numa jornada desesperada em busca de justiça, paz e de si mesma. Livro notável pelo The New York Times; Livro do Ano pela Amazon e pela Publishers Weekly; indicação de leitura dos principais veículos de imprensa norte-americanos, Resistência narra, com uma voz poderosa e única, a trajetória de duas irmãs lutando pela sobrevivência em um dos períodos mais devastadores da história contemporânea e mostra que há beleza e esperança até diante do caos

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