A Rosa e a Adaga é o segundo livro da duologia da autora Renée Ahdieh, que se iniciou com A Fúria e a Aurora. O lançamento é de 2017 pela Globo Alt.


*Está resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Sherazade foi resgatada do castelo por um grupo organizado por Tariq. Mesmo contra sua vontade ela seguiu em frente para evitar um maior conflito e poupar Khalid de uma investida mais violenta. No acampamento ela descobre que há um grande grupo unido contra seu marido, e que uma possível guerra está se armando. Mas lá ela não é exatamente uma convidada, já que mesmo “resgatada”, ainda é a califa de Khorasan e um artifício contra seu amado.

Khalid está devastado. Sua maldição está agindo, Sherazade se foi e o povo está sofrendo. Há um exército prestes a bater em sua porta e seus aliados estão escassos. Nem mesmo seu círculo interior se manteve forte. Ele está sozinho e sem muitas opções. Mas Sherazade não vai desistir, e mesmo distante está indo atrás de formas que quebrar a maldição e restabelecer a paz.

“Eu havia cometido erros. Disso não tinha dúvidas.”

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Rodeada por pessoas que ela não pode confiar e segredos que ela precisa desvendar, como a magia empregada por seu pai, a califa vai se usar de um presente muito útil para conseguir realizar seus feitos. E em meio a tamanho conflito, manter todos aqueles que ela ama a salvo.


Minha Opinião

Esse livro era uma das minhas continuações mais aguardadas do ano. Em 2016 A Fúria e a Aurora foi uma bela surpresa. Eu conhecia muito superficialmente a história das mil e uma noite e depois de ler o primeiro fiquei fascinada, querendo inclusive ler o original, que já até adquiri. Desde minhas primeiras manifestações, vi o pessoal que já tinha lido em inglês, ressaltar que o segundo livro era um pouco mais fraco, e eu me preparei pra isso. A Rosa e a Adaga realmente não manteve o mesmo nível de A Fúria e a Aurora, ao meu ver, mas também passa longe de decepcionar.

Essa duologia é uma história de amor sobre um background fantástico, e não o contrário. Grande parte do meu interesse e até apreço por ela vem desse esclarecimento. Vocês sabem que eu não gosto quando o romance toma conta, mas é algo diferente quando a proposta do livro é exatamente essa. E, acreditem, Sherazade e Khalid viraram um dos meus shippes preferidos. Eles realmente são bons juntos. Ele é taciturno, mas também sofrível e apaixonante. Enquanto Sherazade segue sendo Sherazade.

Essa personagem é uma força da natureza. Às vezes até demais. No primeiro livro ela foi meio inconsequente em se voluntariar, e principalmente em achar que daria conta. Foi uma aposta no escuro que deu certo. Mas nesse livro ela atingiu um novo nível. Ela praticamente perdeu todo o juízo e esqueceu que está em território “inimigo” e isso lhe custou algumas coisas, apesar de nada ser suficiente para realmente colocá-la em maus lençóis.

“Como suas vidas chegaram a isso? Amor por ódio, numa mera piscadela.”

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Pra mim dois pontos entre a trama e o andamento do livro deixaram a desejar. Primeiro, tudo parece super fácil. Ela acha as respostas com facilidade, se locomove e faz e acontece sem muitos obstáculos no caminho. Algo bem leve acontece somente no final, e mesmo assim não serve para deixar o “caminho difícil”, digamos assim.

Com relação ao andamento do livro, me pareceu que havia pouca conexão entre um capítulo e outro (ou o famoso cliff hanger, só que não somente no final, mas no fim de cada parte). Vou tentar explicar: existem várias formas de um autor escrever seus livros, sendo uma delas a estruturação por capítulos. Antes de começar realmente a escrever ele determina o que vai acontecer em cada um dos capítulos, podendo escrevê-los de forma não linear. Quando isso acontece, é preciso ter uma atenção especial para não negligenciar as conexões entre um ponto e outro. Eu não sei se esse livro foi escrito dessa forma, mas o problema parece ser algo que aconteceria numa situação assim.

Um bom exemplo é a trama que envolve o pai de Sherazade. Temos poucas informações sobre ele já no primeiro livro e, depois do que ele fez, esperava algo grandioso dele aqui. Porém, ele começa a narrativa desacordado, e seu progresso é feito em pulos. Em um capítulo ele está desacordado, no outro está se fazendo e logo a frente já está de pé e aprontando. Com a história dessa forma é difícil definir um tempo para os fatos, bem como tornar o fluxo contínuo, já que a todo momento paramos para pensar em como X chegou a Y.

Não há grandes reviravoltas na história e a única surpresa que ficou para o final é logo desfeita pela autora num virar de páginas. É algo impactante, algo que deveria ter tido um momento singular, ter dado tempo pro leitor absorver, sofrer, cogitar. Mas não, e confesso que isso me frustrou mais do que tudo. Eu gosto de ser chocada, e até meio feita de boba as vezes, se isso foi deixar o livro grandioso, mas achei que não surtiu o efeito desejado aqui pela forma imediata como tudo foi remediado.

“Era parecidos nisso. Shazi e o menino-rei. Arrogantes, audaciosos. Estranhamente presos a suas convicções. Estranhamente honrados.”

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Mas não me entendam mal, eu gostei do livro, só acho que ele realmente poderia ter se desenvolvido melhor. Gostei muito da parte final do livro, da aliança que se formou e de como o bem foi o que prevaleceu para os personagens. Isso é uma boa lição. Nem sempre o que queremos é o que vai trazer o melhor resultado, e é importante abrir mão disso para ver outras coisas mais relevantes acontecendo.

Tariq é um personagem complicado aos meus olhos. Eu queria gostar dele, e acho que no final gostei. Mas como foi dado pouco foco nele, e sempre foi a terceira parte, o coitado não teve muita chance. Ele é o Gale de Jogos Vorazes nessa história. Mas ele tem um bom coração e discernimento, o que vai muito a frente de vários personagens que temos em outros livros na posição dele.

Há um jogo político aqui mais alinhado com a trama central do romance e gostei da forma trabalhada. Mesmo sabendo do foco do livro, é bacana ser surpreendida com isso. Dá um peso maior história.  Há também a inserção de alguns personagens e a volta de outros. Cada um tem o seu impacto. A maldição, que foi uma sombra durante todo o primeiro livro, aqui é mais uma sombra se apagando. Apesar de ela ser “motivo”, há outras coisas em pauta e o seu desfecho acaba por não ser assim tão enfático.

Fico feliz de ter chegado ao fim dessa história e curiosa para ler mais livros que trabalhem a temática do deserto. Tem funcionado incrivelmente bem comigo, seja qual for a história contada. Também li recentemente As Mil Noites, que também trabalha um reconto da história original e a resenha deve sair aqui em breve. Apesar da mesma temática, são livros completamente diferentes, o que foi bem bacana.

Pra você que leu A Fúria e a Aurora, não deixe de conferir o desfecho da história. Há problemas, mas não o suficiente pra tornar essa leitura algo ruim. E, dependendo do que você leva em consideração na hora de avaliar uma trama, nada das coisas que me incomodaram vão ser interferências. Se você ainda não leu, mas gosta da pegada mais romântica dentro da fantasia, se joga que aqui temos uma boa proposta.

A ROSA E A ADAGA

Autor: Renée Ahdieh

Editora: Globo Alt

Ano de publicação: 2017

Sherazade chegou a acreditar que seu marido, Khalid, o califa de Khorasan, fosse um monstro. Mas por trás de seus segredos, ela descobriu um homem amável, atormentado pela culpa e por uma terrível maldição, que agora pode mantê-los separados para sempre. Refugiada no deserto com sua família e seu antigo amor, Tariq, ela é quase uma prisioneira da lealdade que deve às pessoas que ama. Mas se recusa a ficar inerte e elabora um plano. Enquanto seu pai, Jahandar, continua a mexer com forças mágicas que ele ainda não entende, Sherazade tenta dominar a magia crescente dentro dela. Com a ajuda de um tapete velho e um jovem sábio e tempestuoso, ela concentrará todas as suas forças para quebrar a maldição e voltar a viver com seu verdadeiro amor.

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