Sangue por Sangue é o livro final da duologia que se iniciou com Lobo por Lobo, da autora Ryan Graudin. A publicação é de 2017 pela editora Seguinte.

*Essa resenha contém spoilers do livro anterior

Sobre o Livro

Yael não venceu o Tour do Eixo, mas conseguiu ir ao Baile da Vitória na companhia de Luka Löwe, que lhe passou a perna e acabou a competição em primeiro lugar. Em seu momento com o Führer, ainda disfarçada como Adele Wolf ela tenta cumprir sua missão, porém percebe que algo está muito errado. O homem no salão, que parece com Hitler, é na verdade um metamorfo como ela, e o verdadeiro homem não está presente.

“Vai haver sangue. Vai haver mais do que o suficiente. O mundo está prestes a mergulhar em sangue.”

Porém, as telas viram ele cair e a Operação Valquíria II foi posta em movimento pelos rebeldes. Em fuga por sua vida, Yael vai encontrar vários conflitos e companheiros inusitados de jornada, além de reencontrar algumas pessoas de seu passado. Entretanto, além de sobreviver, a garota também precisa avisar os seus companheiros de revolução que há algo errado e, acima de tudo, descobrir onde o verdadeiro Führer está escondido e acabar de vez com tudo isso.


Minha Opinião

Quando eu li Lobo por Lobo eu tinha expectativas elevadíssimas para a história e acabei não encontrando o tom de selvageria que a sinopse me passou. A trama era uma jornada muito menos perigosa e eu baixei as expectativas para esperar esse segundo livro. Porém, Sangue por Sangue tem um tom bem diferente, com muito mais aventura, e com uma virada de história ao final que dá gosto de ter seguido em frente com essa duologia.

Se o charme do primeiro livro foi conhecer o passado de Yael, aqui é realmente conhecer essa garota. No primeiro livro ela interpretava uma personagem que no momento lhe servia, mas a verdadeira pessoa estava escondida. Em Sangue por Sangue ela demonstra seus sentimentos, suas fraquezas e medos, sem perder o tom da missão e o fato de que houve sim um treinamento envolvido e que ela não caiu de paraquedas nessa história. E isso foi algo que eu gostei. Mesmo as coisas dando errado, mesmo sendo perseguida, ela nunca desiste, Yael segue em frente, tentando consertar, em busca de informações, como um bom agente faria. Acho que esse tipo de coisa dá mais peso à construção que a autora quis impor da personagem no primeiro livro e que, mesmo ela sendo jovem, a vida já ensinou que não há tanto espaço e tempo para se perder com leviandades.

Entretanto, há muito sentimento nela, e isso faz com que ela tome algumas decisões que são movidas não apenas pela lógica, mas pelo coração. Ela também deixa passar algumas coisas por confiar em pessoas que ela não deveria. Porém, o que poderia ser um ponto fraco, acaba por contra balancear a situação mencionada a cima. Mesmo como soldado, mesmo com uma missão, mesmo “modificada”, há muito de humano em Yael, e humanos cometem erros.

“Seus fantasmas –  tanto os vivos como os mortos – estavam se tornando vingativos.”

Há também uma certa esperteza no cenário. E é quando a grande revelação vem à tona que se percebe quantas pistas se deixou passar pelo fluxo de narrativa. Eu ia lendo e pensando: onde isso vai dar? pra onde essa história está caminhando? E ai, pá. Lá estava, o tempo todo na frente do meu nariz. E eu acho incrível quando isso acontece, mesmo não sendo tão surpreendente pelas pistas porque significa que o livro me distraiu o suficiente para que eu mergulhasse na trama e deixasse um pouco de lado o meu sendo lógico.

O período histórico e a construção social do mundo é algo que me chamou a atenção desde o princípio. Uma realidade onde Hitler venceu a guerra não esteve tão longe de acontecer e ver algumas das mudanças é de dar arrepios. E também é bacana ver como uma mesma premissa pode ser usada de várias formas pra construir histórias diferentes. Em 2017 eu também li O Homem de Castelo Alto, que tinha uma proposta semelhante, mas com outro propósito. Aquele foi um livro mais seco, confuso, enquanto esse se propõe a aventura e com um tom bem mais jovem, sem perder a seriedade da realidade.

“Eles eram o que o Reich mais temia. Uma garota judia e um menino alemão segurando o futuro e o passado de mãos dadas.”

Esse também é um livro onde conhecemos verdadeiramente os personagens, sem máscaras e eles são palpáveis. O desespero e a dúvida que habitam alguns que os fazem tomar certas decisões, parecem extremamente corretos mesmo que eu estivesse em discordância, e isso dá mais veracidade para a trama.

Diferente de Lobo por Lobo que não me satisfez completamente, Sangue por Sangue foi uma grata e apreciada surpresa. Eu li ele durante uma maratona 24h e o fluxo da narrativa é super fluído, diferente do que eu imaginava por ter demorado mais no primeiro livro. Há uma ânsia crescente de saber onde aquilo tudo vai dar e somos instigados a devorar o livro.

Então, se você já deu o start nessa duologia, a conclusão vale a pena. E se caso você não tenha começado ainda, mas se interessa pela premissa, acho que é um bom investimento por toda a jornada e pelo contexto de uma realidade opressora que, por mais que seja horrível admitir, passou perto de acontecer e parece perto no momento atual do mundo também.

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SANGUE POR SANGUE

Autor: Ryan Graudin

Editora: Seguinte

Ano de publicação: 2017

Yael, uma metamorfa sobrevivente de um campo de extermínio, está fugindo: o mundo acabou de vê-la atirar no líder do Terceiro Reich. Mas a verdade do que aconteceu é muito mais complicada – e suas consequências são mortais. Yael e seus companheiros improváveis se infiltram no território inimigo para tentar derrotar o exército de Hitler, e não há alternativa senão levar a missão até o fim.

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