The Beauty of Darkness é o terceiro livro das crônicas de Amor e Ódio, da autora Mary E. Pearson. O lançamento é de 2017 da editora Darkside Books.


*Esta resenha contém spoilers dos livros anteriores

Sobre o Livro

Lia e Rafe conseguiram escapar de Venda, mas ambos estão debilitados e há um longo caminho até o posto mais próximo de Dalbreck. Sven, Jeb, Tavish e Orrin os encontram e como os quatro aliados do príncipe, os ajudam na jornada. Porém, é difícil saber o que realmente está acontecendo às suas costas. Será que o Komizar realmente morreu? Há um grupo de rahtans em suas costas? O que aconteceu com Kaden?

“Alimente a fúria, Lia. Use-a.”

O que está bem claro na mente de Lia é que ela precisa voltar a Morrighan e avisar a seu pai que um enorme exército marchará na direção de seu reino, com o Komizar antigo ou com aquele que tomar o seu lugar. O que a garota não sabe é que Rafe não tem exatamente os mesmos planos, já que seu primeiro compromisso é com Dalbreck e ele está a tempo bastante suficiente para que isso tenha sido refletido em incertezas junto ao seu povo.

Ambos, por seus próprios motivos, precisam correr contra o tempo e vencer velhos e ocultos inimigos para alcançar seus objetivos e cumprir seus deveres com seus reinos. Mas que peso terá o amor em meio a essa guerra?


Minha Opinião

Chegar ao fim de qualquer história sempre causa aquele frio na barriga do que a conclusão vai nos trazer. Com as Crônicas de Amor e Ódio não seria diferente. Depois de um primeiro livro que eu amei e de uma continuação que ao meu ver deixou a desejar, The Beauty os Darkness chegou para encerrar mais essa jornada na vida de muitos leitores.

Havia muita coisa a ser explicada e muito o que precisava ser feito para que tudo se encaixasse. O livro patinou um pouco em seu começo, mas conseguiu se alinhar e entregar um final satisfatório. Mesmo não tendo respondido todas as perguntas, acredito que a forma como a autora encaminhou o ato final deixou o sentimento de conclusão mais acalentador.

“Rafe, você já se perguntou por que tinha que ser eu a ir a Dalbreck para garantir a aliança?”

No começo dessa história temos uma Lia e um Rafe extremamente desalinhados. O que deveria ter sido conflito no segundo livro, onde havia desconfiança, eles ainda se conheciam pouco e houve todo o drama da revelação das identidades e que foi ignorado, entrou em pauta aqui. Rafe tomou uma postura machista e super protetora. Sua Lia não deveria ser nada além de uma adorável princesa em apuros, o que não condiz em nada com a postura da personagem e muito menos com a dele, que no último livro fez basicamente nada enquanto ela carregava toda a trama.

Arabella começa a história descompassada. Seu amado e seus leais amigos não acreditam em seu dom e todo o sinal ou pressentimento que ela tem precisa ser explicado e é sempre duvidado. Isso também acaba prejudicando o andamento da narrativa, pois tudo gera conflito. Não bastando isso, outras intrigas e revelações fora do ponto acabam por gerar brigas intermináveis entre o casal central, trancando a narrativa.

“Se em algum momento houve três cavaleiros ímpares, éramos nós: o príncipe da coroa de Dalbreck, o Assassino de Venda e a princesa fugitiva de Morrighan. Filhos e filha de três reinos, cada qual determinado a dominar os outros dois.”

Na minha opinião tudo isso deveria ter sido explorado em The Heart of Betrayal, trazendo aqui uma frente unificada. O que se manteria seria a relutância de Rafe de deixar Lia ir a Morrighan, afinal em seu reino ela é uma traidora e há um preço em sua cabeça. Porém, esse acaba sendo o mínimo dos detalhes e há uma avalanche de pequenas coisas que destoa do clima que o segundo livro se esforçou imensamente pra estabelecer com todos os votos de amor e escapadas.

Felizmente, próximo ao meio do livro há uma mudança drástica nas posturas e os personagens finalmente focam naquilo que estão ali para fazer. Lia tem um dever. Rafe tem outro. Os problemas não vão se resolver sozinhos e eles terão de abrir mão de coisas que lhes são quistas para que o bem maior não seja sacrificado.

Kaden é, pra mim, sem sobra de dúvidas, o personagem mais desperdiçado desse livro. Ele tem um papel muito vago e serve apenas para fazer o que lhe é mandado. O tenaz assassino desapareceu e o jovem que vemos aqui mais parece um soldado do que alguém com toda aquela paixão de destino e dever que apresentou nos últimos livros. Eu tinha altas expectativas pra ele, e nada se cumpriu. O seu dom, inclusive, foi esquecido. É como se nem tivesse existido.

Bom, e vamos falar do dom. Explicação? Não temos. Lógica? Não trabalhamos. A sensação que eu tenho com toda a história e seus elementos secundários e terciários é que a autora achou legal inserir, mas depois não soube o que fazer com as coisas e deixou tudo boiando. Ao invés de explicar aquilo que precisava ser dito para que houvesse lógica nesse elementos, Pearson optou por contar a história de personagens que não nos interessavam, como Gwyneth, por exemplo. Sua contribuição para a história é mínima, mas há uma página inteira dedicada a explicar sua vida. A vida de Kaden também foi explorada, mas de onde deveria ter vindo algo espetacular veio apenas a constatação da suspeita que já tinha ficado no segundo volume.

“Eu não sei como uma pessoa pode sentir tanto medo e estar tão cheia de fúria ao mesmo tempo.”

Além de Rafe, Lia e Kaden, também temos o ponto de vista de Pauline, e uma quebra imensa no ritmo da narrativa. Ela está em Cívica e, mais uma vez, seu ponto de vista acrescenta muito pouco. Eu gostei muito de Pauline no primeiro livro. A amizade dela e de Lia era inspiradora, porém seu papel na história se desviou completamente no momento em que as duas foram separadas. Meu sentimento é que ela só tinha ponto de vista aqui pra que seu desfecho não ficasse ainda mais clichê do que já foi e que nos importássemos mais com ela. Mas assim, não precisa muito, no momento em que os personagens se chocam com ela é só somar 2+2 e você saberá o que está por vir.

E, apesar dos problemas com posturas dos personagens, o que realmente mais me incomodou foi a falta de explicação para as coisas que a autora inventou. E a quantidade de coisas com pouca lógica que acontecem ou que realmente são questionáveis pela facilidade que acontecem: ferimentos graves que são esquecidos, pessoas que entram e saem de castelos pelas janelas como truques de mágica, profecias anunciadas a noite, e até as explicações da pessoa responsável por maquinar grande parte da vida de Lia ficam a desejar. Eu fiz um trecho da resenha em vídeo com spoilers e comentei algumas dessas coisas, então caso você já tenha lido, pode dar um play e acompanhar minhas reações.

Ai você deve estar se perguntando, com tudo isso que você falou, tem certeza que você gostou do livro? Sim, e é ai que entra todo o amor que temos quando nos apegamos a uma história. Se essa fosse uma trama que tivesse me desagradado desde o primeiro livro, eu provavelmente estaria reclamando bem mais agora, mas juro que terminei o livro tentando ser positiva. Eu gosto muito da escrita da Mary E. Pearson, porque apesar dos buracos, ela consegue instigar o leitor a não largar nunca o livro e a leitura de todos os três volumes pra mim foi frenética. Esse foi o volume que eu li com mais calma, pois não queria deixar passar nada e eis que quem deixou passar foi a própria autora.

Eu sei que pra muitos leitores o principal é o casal ou o triangulo amoroso, porém, eu sou uma fã de fantasia e world building tem tanto peso quanto qualquer outra peça. E é por isso que é tão frustrante pra mim não encontrar fechamento aqui. Tudo ficou vago, nada fez sentido e a sensação é que a autora achou legal inserir certas coisas porque ia causar impacto naquele momento, mas depois achou desnecessário voltar e dar valor aquilo. Ou lógica. E isso é bem errado dentro da literatura fantástica. Se você vai criar um mundo único, faça-o bem.

Mas, ao fim de tudo, acho que a trama se fechou bem, deixando alguns pontos abertos para que imaginássemos o futuro. Isso também proporciona que a autora possa revisitar seu mundo mais a frente e criar outras histórias dentro dele (e quem sabe dessa vez ela explica alguma coisa, né?). Até o que eu reclamei no segundo livro que gostaria que não acontecesse aqui, teve certo valor e me deixou satisfeita. Acho que o alívio de ver certas coisas darem certo no final foi suficiente para que eu me agarrasse a essa história e mantivesse meu amor vivo.

A edição da Darkside está muito bonita e casa muito bem com as outras, mas mais uma vez temos problemas de revisão e um descuido desnecessário. Eu sou uma leitora rápida e se essas coisas saltam nos meus olhos é porque não são assim tão difíceis de serem vistas por um revisor que tem o olhar treinado, não é mesmo? Há frases sem concordância e uma em especial onde as palavras estão fora de ordem, deixando tudo sem sentido.

Queria deixar aqui também a sinalização que ver a Princesa Arabella toda empoderada mais ao fim do livro fez toda a diferença. Tem até algumas cenas engraçadas envolvendo ela e as coisas que precisa fazer. Foi especial que a personagem tivesse esses momentos, afinal toda a sua jornada foi exatamente porque ela queria mais pra sua vida, algo que a motivasse e não fosse imposto.

The Beauty of Darkness não foi exatamente o que eu estava esperando, mas encerrou essa trilogia com um saldo positivo, e mesmo não tendo tido 100% de aproveitamento comigo, tem um lugar especial no meu coração. Caso você não tenha iniciado a leitura ainda, eu super recomendo. É uma história bonita e inspiradora de uma jovem que desafiou seu reino e sua família pra trilhar o próprio caminho.

THE BEAUTY OF DARKNESS

Autor: Mary E. Pearson

Editora: Darkside Books

Ano de publicação: 2017

Lia sobreviveu a Venda, mas não foi a única. Um grande mal pretende destruir o reino de Morrighan, e somente ela pode impedi-lo. Com a guerra no horizonte, Lia não tem escolha a não ser assumir seu papel de Primeira Filha, como uma verdadeira guerreira — e líder.
Enquanto luta para chegar a Morrighan a tempo de salvar seu povo, ela precisa cuidar do seu coração e seus sentimentos conflituosos em relação a Rafe e as suspeitas contra Kaden, que a tem perseguido. Nesta conclusão de tirar o fôlego, os traidores devem ser aniquilados, sacrifícios precisam ser feitos e conflitos que pareciam insolúveis terão que ser superados enquanto o futuro de todos os reinos está por um fio e nas mãos dessa determinada e inigualável mulher.

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