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No fim de 2016 chegou ao Netflix a série The Crown. Eu sou fascinada pela monarquia e sempre que posso assisto ou leio coisas que tenham um background histórico. Porém, quando essa série foi anunciada e o youtube bombardeado de comerciais, eu ainda não sabia sobre o que ela se trataria.

The Crown vai nos contar a vida de Elizabeth II, a atual Rainha da Inglaterra. Elizabeth completou recentemente o seu jubileu de diamante e se firmou como a monarca há mais tempo no trono inglês. O feito, para a senhora de 90 anos é algo incrível e, mais do que tudo, Elizabeth vem intrigando e surpreendendo a todos no decorrer desses anos. Sempre bem humorada, vestida em cores vivas, centrada e em ótima saúde, a governante é um símbolo da estabilidade britânica.

Porém, sua vida não foi sempre assim. Ela sequer deveria ser Rainha, pois seu pai, o Rei Jorge VI, era o segundo irmão. Depois que Eduardo VIII abdicou em nome de um romance, sua vida mudou completamente. Da menina que tinha um futuro aberto como um leque em sua frente, ela passou à princesa herdeira que precisa ser ensinada e protegida. Mas, mesmo com todo o peso que pairava sobre seus ombros ela sempre soube contornar as situações e impor seus desejos. Foi assim que ela acabou casando-se com o mais improvável entre as opções, e também como ela conduziu seu reinado, navegando entre as tramoias e limitações políticas.

The Crown certamente fez um amplo trabalho de pesquisa para a apresentar os fatos da forma como o fez. Apesar de estarem sempre na mídia, a família real também é muito reservada, principalmente em seus momentos delicados e escândalos.

The Crown

Tanto o figurino quanto o cenário estão impecáveis. Por várias vezes pausei a série e procurei pelos registros históricos do que estava sendo retratado na tela e encontrei uma semelhança gigantesca entre tudo. Os cenários foram lindamente reproduzidos e cada traje é delicadamente acertado. É óbvio que sendo uma série sobre a realeza temos um tom de riqueza e exuberância, mas Elizabeth era uma pessoa muito simples e isso reflete sobre suas caras roupas ou joias raríssimas.

Há uma cena que reflete isso de forma magnífica. Ela teve a coroação adiada por mais de um ano, e teve que, assim como todos os outros antes dela, treinar para o evento, incluindo o caminhar com a coroa, que é uma peça toda incrustada com pedras preciosas e extremamente pesada. Ao não se sair bem na primeira tentativa ela “pede se pode pegar emprestada para treinar”. O empregado, atônito, fica sem entender. Afinal, se aquela coroa pertence a alguém, é a ela e ele jamais poderia se opor a algo assim. Mas ela, no seu desligamento, tem aquele objeto como algo estranho e não pertencente, e por isso faz o pedido, como se não fosse algo que ela gostaria de ter.

Além do plot central envolvendo Elizabeth, teremos tramas secundárias que se interlaçam com a dela. A jovem princesa nem é a protagonista no primeiro episódio, pois começaremos a conhecer essa história enquanto seu pai ainda está vivo. Quem recebe bastante atenção é a “polêmica” irmã mais nova, Margaret e também o Primeiro Ministro.

O casamento da Rainha, como tudo muda, sua educação, a forma como ela interage com os seus deveres de rainha, sua relação com a mãe e os filhos, sua necessidade de aprender, as cobranças por ela ser mulher e frágil, as imposições que todos parecem querer impor a ela. Tudo isso será trabalhado na série de forma intrínseca, e quando notamos vamos ter mergulhado em sua história.

A interpretação de Claire Foy como Elizabeth está muito bem construída. É possível ler em seus olhos a confusão, o desconforto, o temor e a tristeza, exatamente quando eles precisam ou deveriam estar ali. Ela parece frágil, mas é inquebrável. Ela parece inofensiva, mas mantém o pulso firme quando precisa, surpreendendo a todos (e até ela mesma em alguns casos). Tudo isso é muito bem expressado na interpretação da atriz britânica.

The Crown já é tida como a série mais cara do Netflix, e como uma ambiciosa aposta. Tendo custado US$100 milhões, ela alcançou frutos onde poderia ser mais difícil. A crítica britânica parece ter apreciado muito a série, e ela inclusive ganhou indicações no Globo de Ouro e levou a estatueta de melhor série dramática, derrubando gigantes da indústria, como Game of Thrones.

Para nós brasileiros, que ficamos a muitas milhas de distância da monarquia britânica, pode parecer irreal ou algo muito antigo. Porém, toda a trama trabalhada é datada de 60 anos atrás e faz parte do nosso presente. Elizabeth II pode estar distante e inalcançável, mas de uma coisa eu tenho certeza, não houve outra Rainha que tenha sido tão amada pelo mundo, quanto ela ainda foi, e é.

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