The Girl From EveryWhere: O Mapa do Tempo é da autora Heidi Heilig, lançamento de 2017 da editora Morro Branco.

Sobre o Livro

Nix é, entre outras coisas, uma viajante do tempo. A bordo do Temptation, uma bonita caravela, junto com uma pequena tripulação e ao lado o pai, o verdadeiro navegador e capitão, eles pulam de um mar a outro enquanto cruzam o tempo. 

A questão é que Nix ainda não sabe fazer o processo sozinha, mas é responsável por verificar e preparar os mapas que proporcionam a façanha. E Slate, seu pai, está obcecado por encontrar um bem específico: Honolulu, 1868, o ano em que sua mãe morre dando a luz a ela. Porém, enquanto vão seguindo pistas atrás de um mapa correto, Nix se pergunta o que será dela, caso eles consigam chegar lá e o pai encontre o grande amor da sua vida antes de Nix ter chegado ao mundo. Será que ele a sacrificaria para ter sua esposa novamente?

“Paraíso é uma promessa que nenhum Deus se incomoda em cumprir.”

Sem tocar no assunto, cada um em seu canto, eles seguem em frente até que um mapa muito promissor cruza os seus caminhos, mas que não virá sem um esforço acima do que eles estão acostumados. Por sorte, há uma carta na manga, e navega junto com eles Kashmir, um jovem que tem um dom muito especial, que vai cair como uma luva no que precisa ser feito.


Minha Opinião

Não faz muito tempo que ouvi falar sobre esse livro pela primeira vez, mas desde o começo já fiquei intrigada. Navegação e pirataria parecem ter se tornados temas que eu super me interesso em ler, além da já explorada viagem no tempo. Em The Girl From Everywhere o diferencial fica em como é possível fazer essas viagens.

Para você ir de um lugar para o outro, precisa primeiro encontrar um mapa que tenha sido feito naquela época. Portanto, há um critério super interessante que de certa forma limita, mas também torna toda a questão da busca um mistério e uma aventura. Além disso também temos elementos mágicos aqui que aproximam o livro da fantasia e que, até certo momento, talvez não fizessem sentido, mas são completamente explicados pela autora no final do livro.

Isso é algo importantíssimo em qualquer história, mas quando estamos falando de viagem no tempo existe uma complicação a mais que precisa de atenção: as modificações na linha temporal e consequências precisam ser exploradas e quando é bem feito, como é o caso aqui, temos uma história sólida, mesmo que mágica. É preciso haver coerência e medir onde uma escolha vai refletir em uma mudança.

“Assim que eu tentasse navegar, o navio – minha casa – e a tripulação – minha família – seriam minha responsabilidade, e o medo me tocou com seus dedos gelados quando me dirigi à sala do mapa e fechei a porta.”

Mas, além de toda a construção de viagem no tempo, temos uma questão familiar e de amizade que é muito forte no livro. O pai de Nix quer reencontrar a mulher, mas não parece preocupado com as consequências que isso pode ter para a filha. Já ela acredita que se sua existência for impedida, ela pode desaparecer, o que causa-lhe ainda mais dor por pensar que Slate estaria disposto a sacrificá-la. Ambos são pessoas fechadas e essa é uma conversa que não vem com facilidade, principalmente porque ela também tem uma certa curiosidade com conhecer a mãe.

Junto deles, estão à bordo outros três tripulantes e um deles é Kashmir, um jovem bonito e inteligente que tem uma mente afiada para roubos. É nele que Nix encontra certo porto seguro também e se vê mais disposta a conversar algumas coisas, porém é uma relação que também fica em cascas de ovos, por também haver uma tensão um pouco além da amizade. Também temos certa representatividade no livro e a exibição disso pelo próprio tempo. Afinal, em um período em que negros eram considerados pessoas inferiores e escravos, ver um em um navio de posição satisfatória pode levantar algumas questões. Então acho que a autora deixou isso nas sutilezas de interpretação e não ficou martelando desnecessariamente. Ou uma segunda personagem que perdeu a parceira, mas ainda fala com ela às vezes, lembrando sua presença.

E a caravela em si dá um show à parte. Como o “meio de transporte” deles, a maior parte da história se passa nesse barco que se adapta também ao tempo, sendo modificado para se situar onde eles forem. Como recentemente tinha lido O Navio Arcano, me senti completamente situada e uma verdadeira marinheira já sabendo todas as terminologias e posições dos tripulantes.

Pra mim, particularmente, o especial dessa história está em suas engrenagens. É algo novo em cima de algo já tão trabalhado, como a viagem no tempo. É uma nova fórmula e ver isso é sempre muito bacana. Também gostei muito de ir descobrindo aos poucos como as coisas funcionavam e encontrando significado e explicação para cada uma delas. Nix também é uma boa protagonista para carregar a história, e ela foi se abrindo ao longo do livro pra quebrar um pouco da unilateralidade do começo.

E, mesmo sendo uma série, esse livro tem um final que de certa forma se fecha, deixando a possibilidade de você ter uma jornada completa e mesmo assim ansiar por mair. Sei que para algumas pessoas esse é um tipo de final alticlímax e pode parecer que está faltando algo, mas eu adorei a jornada da leitura e gostei muito de ter conhecido essa história. Também vale a pena falar o quanto a edição está super bonitinha, com um sempre cuidadoso trabalho da editora Morro Branco em entregar edições caprichadas.

Fica aqui a dica então pra quem curte histórias de viagem no tempo que se intercalam com elementos fantásticos em uma aventura marítima! Um combo e tanto, não é mesmo? The Ship Beyond Time, segundo livro, já saiu lá fora em 2017 e espero que chegue por aqui em breve.

THE GIRL FROM EVERYWHERE

Autor: Heidi Heilig

Editora: Morro Branco

Ano de publicação: 2017

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