Arte: Tony Moore

Arte: Tony Moore

The Walking Dead: Days Gone Bye (Image Comics, 146 páginas. Maio de 2004) reúne as primeiras seis edições da série mensal. Publicação nacional pela HQM Editora sob o nome ‘Os Mortos Vivos: Dias Passados’. O roteiro é de Robert Kirkman e a arte de Tony Moore.

Para aqueles que não sabem, The Walking Dead, o seriado de enorme sucesso nasceu nos quadrinhos. Aqui é onde tudo começa, no volume 1, trazendo como o mundo sucumbiu ao apocalipse zumbi e Rick Grimes e sua família tem de lutar para sobreviver nesse novo e hostil mundo.

É um ponto crucial para a série, ainda que muita coisa tenha mudado desde que esse volume foi publicado (uma série de tv estreando sua sexta temporada, um spin off, dois jogos de videogame e mais de vinte volumes a mais que compilam os onze anos de publicação da série), e, é importante destacar que o autor amadureceu e refinou bastante sua arte desde então.

Kirkman se inspira bastante no primeiro capítulo para sua história no filme de zumbis de 2002 ‘Extermínio’ (28 days later), com um começo lento diante dum cenário desolador, e tem muito mais esforço para incluir o leitor na atmosfera deste universo. Não faltam outras inspirações de outros filmes do gênero, principalmente na obra de George A. Romero (autor de A Noite dos Mortos Vivos de 1968, O Despertar dos Mortos de 1978 e Dia dos Mortos de 1985) ou os filmes italianos das décadas de 70 e 80 como os filmes de Lucio Fulci (Zumbi 2 – A Volta dos Mortos de 1979 e Pavor na Cidade dos Zumbis de 1980) assim como a série italiana Holocausto Canibal. Existem, claro, outras inspirações menos tangíveis bem mais tangenciais (como a popular série de videogame Resident Evil, lançada em 1996), mas nem de longe isso significa que a série de Robert Kirkman não possua suas próprias ideias ou força para se sustentar sozinha.

Pelo contrário.

Ao observar e contextualizar um enorme conteúdo pré-existente, a série encontra força para denotar sua própria voz, e, estabelecer ao leitor um paralelo com o protagonista em sua jornada por esse bizarro novo mundo, assim como o próprio autor em sua busca por uma identidade narrativa (o que fica ainda mais curioso ao reler esse material tantos anos depois, vendo tudo o que mudou desde então, todos os eventos que transcorreram na série, os personagens que surgiram e os que morreram).

Esse é um ponto bem interessante, inclusive, do material, que o coloca num patamar diferente de demais obras, levando a sério a continuidade e mantendo decisões difíceis e as ramificações de seus resultados (personagens populares não estão a salvo de mortes horríveis – e eles não voltarão dos mortos como um passe de mágica, como tanto se vê na ficção).

Do mais, o que esperar não é nada além do que uma versão (beeeeem) melhorada da série de tv, inclusive pela questão estilística de seu branco e preto com tons de cinza, que surge como restrição orçamentária – uma vez que a impressão fica mais barata com menos cores, e que não se deve esquecer que a série surgiu numa aposta de tiragem menor para justificar o lançamento – e acaba se tornando um diferencial brilhante como homenagem aos primeiros filmes do gênero e, posteriormente, como uma metáfora deste novo mundo – tangenciando entre o branco e preto de exatidão num mundo inteiro de cinzas.

Do encadernado em si, eu tenho a versão gringa e comprei, na época do lançamento, a primeira edição da Editora HQM, e, por mais que pareça jabá a versão nacional é superior (sim, eu conheço o pessoal da HQM tanto que eles inclusive me mandam cartão de Natal todos os anos – e por sinal, muito obrigado – mas não, eu não recebo jabá, não… Não quer dizer que não aceitaria, sabe, também tenho contas a pagar…). Há maior zelo, com papel de melhor qualidade e um acabamento superior do encadernamento (as capas nacionais, ainda que usando a mesma imagem, tem efeitos de alto relevo). Poucas vezes eu tive algum probleminha ou outro com a tradução da HQM, mas no mais passa batido em 99% do tempo.

Para quem quiser mais informações das edições nacionais, pode conferir na HQM ou ainda no excelente serviço Comixology que disponibiliza a primeira edição gratuitamente. Um cuidado, porém, é viciante!

Nota: 9,0/10

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