Um Banquete Para Hitler é um romance ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, escrito sob o pseudônimo de V. S. Alexander e trazido ao Brasil pela editora Gutemberg em 2018. 

SOBRE O LIVRO

Magda Ritter é uma cidadã alemã comum, filha de um trabalhador industrial descrente e de uma mãe devota ao Führer, que tem fé cega no partido e na vitória alemã sobre a guerra, enquanto ela, pessoalmente, não se preocupa muito com os assuntos que dizem respeito ao governo, ao partido ou à guerra. No entanto, sua vida toma um rumo diferente quando ela é enviada de Berlim à Berchtesgaden para fugir dos perigos de ataques e morar com seu tio Willy, um policial fervoroso e sua esposa, que assim como sua mãe é devota a tudo que diz ou faz o “salvador da Alemanha”.

Ao chegar à casa dos tios ela se vê obrigada a encontrar um emprego e, sendo sobrinha de um respeitado militar, não tem dificuldades para encontrar um lugar em meio aos empregados pessoais de Ritler. Ela agora será uma de suas “provadoras” e terá a missão de protegê-lo, se preciso, com sua própria vida.

“A vida me castigou e os pesadelos rondam meu sono. Não há escapatória dos horrores do passado. Talvez aqueles que leiam minha história não me julguem com tanta dureza como julguei a mim mesma.”

Em meio aos perigos de seu novo emprego e ao caos em que se encontrava a Alemanha Nazista, Magda vai encontrar o jovem capitão Karl Weber, o homem responsável por seus suspiros apaixonados e por lhe mostrar a verdade por trás de um governo cruel, causando-lhe sede por vingança.


MINHA OPINIÃO

Ao misturar ficção e realidade, V. S. Alexander consegue criar uma trama envolvente e tocante que faz com que o leitor se perca entre fatos reais e inventados e se pegue desejando que o romance tenha realmente acontecido, e que os horrores vividos durante a Segunda Guerra Mundial possam ter criado laços de amor, amizade e compaixão sendo, em meio à tristeza. O livro foi inspirado na história da vida de Margot Woelk, que revelou ao mundo o seu trabalho como uma das provadoras de Hitler durante a guerra e, juntamente aos seus relatos, uma grande pesquisa foi feita para a criação desta obra.

Um ponto interessante é o fato de que durante toda a narrativa, desde sua introdução o leitor é questionado sobre o quanto o povo alemão foi influenciado por uma personalidade carismática e por um espírito de liderança capaz de persuadir toda uma nação, se teriam eles uma parcela de responsabilidade por tudo que o Nacional Socialismo fez ao país.

“Como todos na Alemanha podiam olhar para o outro lado? Me perguntei se aqueles que viviam nas cidades ou em fazendas nos arredores dos campos conseguiam sentir o cheiro de carne queimada. Será que olhavam para os céus quando flocos cinza caíam sobre eles? Como podiam não saber o que estava acontecendo e, se sabiam, por que não se importavam? Onde estavam as pessoas que precisavam se mobilizar com indignação e horror contra o que nosso governo estava fazendo?”

Ao acompanhar a protagonista vamos ser induzidos a refletir sobre diversos aspectos, como por exemplo a fartura de alimentos entre os funcionários do Reich e os membros do governo, enquanto o país sofria com a escassez e a fome. Em Berghof, o clima era em parte o reflexo do caos em que se encontrava a Alemanha, enquanto o Führer tentava manter as aparências de uma vitória iminente. Mas a desconfiança e o medo já haviam sido instaurados, inclusive para os membros da SS e demais funcionários. Durante a trama vários acontecimentos mantém o leitor apreensivo, como tentativas de assassinato, envenenamentos e até sacrifícios.

Entre os personagens, um de meus favoritos é Cook, a excêntrica “chefe” da equipe de cozinheiros e provadoras, uma pessoa inicialmente desconfiada, mas que ao criar laços de amizade é leal e carinhosa, mesmo a seu modo. Além disso, é fácil nos identificarmos com eles, cada um a seu modo, foram criados de uma forma a serem tão humanos quanto o tirano ditador parecia ser desumano. O desenvolvimento deles ao longo da narrativa também é bastante marcante, tanto afetivamente quanto internamente, tornando-os cativantes em todos os sentidos.

De maneira geral, não encontrei problemas durante a leitura, por vezes algumas partes podem parecer descritivas demais, mas no final acabamos descobrindo que nada foi colocado ali sem um porquê. Os capítulos variam de médios a longos, mas a diagramação e a forma de escrita fazem com a leitura flua bem, e é claro, é praticamente impossível parar a leitura no meio de algum acontecimento marcante, o que acontece praticamente durante todo o desenrolar da trama.

Pelo pano de fundo, o cenário histórico e as pesquisas realizadas (também elencados ao final da obra), pode-se dizer  que foi um tiro certeiro e que com certeza merece uma chance. Aliás, Penso até mesmo em uma adaptação para os cinemas. Enfim, fica aqui a dica de uma ótima leitura, e espero que mais livros do autor sejam trazidos ao Brasil.

UM BANQUETE PARA HITLER

Autor: V. S. Alexander

Editora: Gutemberg

Ano de publicação: 2018

Eu era uma das quinze mulheres que provavam sua comida, pois o Fürher era obcecado com a possibilidade de ser envenenado pelos Aliados ou por traidores dentro de seu círculo pessoal.
Ninguém, exceto meu marido, sabe o que eu fiz. Nunca falei sobre isso. Eu não podia falar… Mas os segredos que guardei por tantos anos precisam ser revelados.
Às vezes, a verdade me oprime e me apavora. É como uma queda sem fim em um poço fundo e escuro.
Mas, ao escrever minha história, descobri muito sobre mim mesma e sobre a humanidade. E também sobre a crueldade dos homens que fazem leis para se adequarem aos seus próprios interesses.
Eu conheci Hitler… E minha história precisa ser contada.”
Unindo a história e a ficção, Um banquete para Hitler mostra os extremos de privilégio e opressão sob a ditadura do Füher, expondo os dilemas morais da guerra em uma história emocionante, cheia de atos de extraordinária coragem em busca de segurança, liberdade e, finalmente, vingança.

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