Um Passado Sombrio é do autor Peter Straub e foi lançado em 2016 pela Bertrand Brasil. O livro venceu o prêmio Bram Stoker Award, premiação referência do segmento Horror da literatura internacional.

Sobre o livro

Na década de 60, um guru bastante inteligente chega a um campus universitário com o intuito de recrutar novos seguidores. Lá Spencer Mallon encontra um grupo de amigos e colegas que logo acredita nas coisas que ele tem a dizer e passam a seguir sua doutrina. Logo eles começam a se preparar para um cerimônia que, suspostamente, promete fazer com que eles passem a ver o mundo de forma completamente diferente.

Quem narra a história é Lee Harwell, o único entre o grupo original de amigos que não se vê convencido pelas palavras do homem e acaba se mantendo afastado deles. Lee é um escritor conceituado por suas obras de ficção, mas acaba sendo desafiado por seu editor a escrever algo mais real e, portanto, não ficcional. Após tentativas frustradas, ele se volta novamente para os eventos daqueles anos passados e começa a correr atrás da verdade sobre o que aconteceu, para usar esse material em seu livro, mudando completamente o que vinha escrevendo.

“Então houve apenas silêncio; surgiram boatos de uma missa negra, de um ritual pagão, disparates do gênero, inflamados pelo desaparecimento de um rapaz e pela descoberta do cadáver de um outro horrivelmente mutilado.”

Casado com Eel, uma das jovens envolvidas com o guru na época e que agora está cega e nunca conseguiu falar sobre o assunto, o escritor parte em busca de respostas sobre o que realmente se passou na noite da prometida cerimônia. Cada um dos jovens presentes sofreu algum tipo de trauma ou teve um modificação de caminho única, pois nesse ritual jamais explicado, além da fuga de Mallon, também ocorreu um assassinato e coisas que somente os presentes podem ser capazes de esclarecer.

Com uma narrativa denominada efeito rashomon, onde é difícil saber o que realmente aconteceu devido aos diferentes pontos de vista, Peter Straub constrói um suspense elogiado por Stephen King.

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Minha opinião

Esse foi o meu primeiro contato com o Peter Straub e fui com bastante empolgação devido a recomendação do mestre do terror, porém, ao contrário do que diz ele e a própria capa, não achei o livro aterrorizante em nenhum momento. Ele está mais para um suspense e beira o policial em vários momentos, já que temos essa busca incessante por respostas por parte do nosso narrador principal, o escritor.

O livro começa apresentando Lee e sua situação atual, bem como dando pequenas pinceladas sobre esse evento do passado do qual ele se manteve afastado. Vendo que seu plano inicial de obra não ficcional não está andando, ele enxerga nesse evento uma forma de alcançar seu objetivo e também de descobrir finalmente o que aconteceu. Porém, pra fazer isso, ele precisa encontrar todos os envolvidos, e por mais incrível que pareça, eles acabam pipocando em cima dele rapidamente.

É interessante saber que durante o fatídico ritual cada um sentiu e viu uma coisa diferente e, vamos descobrindo isso conforme cada um conta a sua história para o escritor. Porém também temos o ponto negativo disso, que pra mim foi o que mais prejudicou a leitura. Ao invés de termos o relato sobre o ritual logo de cara, pela visão de cada um, temos a história desde o começo, assim, temos vários momentos não importantes sendo repetidamente contados.

“O que se tinha a fazer era prestar atenção. As pessoas se abriam, deixavam tudo à mostra e nunca se davam conta de que estavam fazendo isso.”

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A atmosfera de suspense vai se criando pelo fato da esposa, Eel, ter ficado cega alguns anos depois dado a esse evento e não querer falar, já notamos que é peça crucial na história. Ela também manteve um rastreio sutil de cada um dos jovens que esteve naquela noite e quem sabe até uma relação com alguns deles, tendo nunca mencionado ao marido. Deixando seu papel em tudo isso ainda mais intrigante.

Conforme vamos conhecendo os relatos a trama fica mais complexa, pois podem ser descritas como experiências sobrenaturais, já que todos tiveram visões diferentes e iguais de coisas que aparentemente não estavam no local de forma verdadeira naquele dia, ou que não seriam vistas a olho nu por quem não estivesse participando da cerimônia, que leva até um desses jovens para um instituto psiquiátrico e de onde ele só responde aos médicos usando citações de livros que leu.

“As palavras criam liberdade, também, e eu acho que são as palavras que vão me salvar.”

O livro não me conquistou pela forma como a história é contada. Com tantas voltas ao mesmo ponto do passado a trama fica repetitiva em vários momentos, além da narrativa ser super densa o que torna a leitura massante e pouco fluída. E claro, temos o final. Por um lado eu sabia que poderia vir algo sobrenatural, mas também torcia pra uma explicação mais lógica, como psicodélicos, alucinações por envenenamento ou algo assim, e quando a real explicação veio eu fiquei: ok, é isso? Ta bem, vamos em frente. Não me empolguei e achei que a experiência total de leitura deixou um pouco a desejar por causa de todos esses fatores.

Sei que o autor é muito elogiado também com os outros livros e quero tentar novamente pra ver se consigo ter uma experiência melhor. Penso que não consegui acreditar na história e nas justificativas da mesma forma que o autor ou os personagens acreditaram. Não me emocionei quando eles estavam em prantos e questionei as respostas dadas. Faltou o elemento surpresa, o tirar o fôlego, sabe? E, claro, faltou eu ficar aterrorizada também, já que nesse aspecto, não chegou nem perto.

Um passado sombrio é um bom livro pra quem gosta de tramas densas, investigativas e cheias de pontos de vistas, mas pode decepcionar o leitor que gosta de mais credulidade e fluidez na hora de encarar uma história.

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Em 1966, um carismático e astuto guru, de passagem por um campus universitário do Meio-Oeste norte-americano, reúne um restrito grupo de discípulos, entre estudantes de colegial e universitário de fraternidade, num ritual secreto que resulta em um corpo horrivelmente dilacerado, um garoto desaparecido e as almas abaladas de todos os envolvidos.
Quarenta anos depois, um escritor de relativo sucesso e amigo de infância da maioria dos garotos que participaram do ritual além de marido de uma das garotas envolvidas, sai em busca de informações sobre essa noite aterrorizante, com um projeto de livro em mente.
Porém, para consegui-las, precisará não apenas reencontrar antigos colegas com quem perdeu o contato há décadas, mas também incitá-los a reexaminarem os eventos inomináveis que os têm assombrado desde então.
Ao revelar as histórias individuais dos membros do grupo, Um Passado Sombrio eletrifica o leitor de maneira arrepiante e imprevisível e prova que Peter Straub é, indiscutivelmente, um mestre do horror moderno.

 

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