Atenção!

Está série contém diversos assuntos como automutilação, violência, violência doméstica e sexual, abandono parental, bullying, cyber bullying, entre outros, e por isso não é recomendado para pessoas sensíveis. Consulte a faixa etária.

13 Reasons Why (Os Treze Porquês) chegou a sua última temporada, disponibilidade pela Netflix. E seja por diversos elogios conquistados ou pelas várias críticas pontuadas, 13 RW conquistou uma grande audiência e tem um amplo público desde o ano de 2017, quando veio ao mundo contar a história de Hannah Baker e os 13 “porquês” dela ter cometido suicídio.

Sim, essa história desde o princípio se propôs a trazer e trabalhar temas extremamente pesados e de grande impacto. Ressalto desde o início aqui que essa série como um todo não é recomendado para qualquer um. Principalmente porque em mais uma temporada o roteiro não fugiu dessa realidade e trouxe à tona diversas temáticas e assuntos que saem da ficção e vão de encontro com a realidade de vários jovens hoje.

Inicialmente 13 RW teve sua primeira temporada baseada no livro de Jay Asher de mesmo nome e aqui publicado pela Editora Ática. A série foi dirigida por Brian Yorkey e teve parte da roteirização feita pelo próprio autor e traz consigo entre os nomes da produção, em todas as suas temporadas, a conhecidíssima cantora Selena Gomez.

Acredito que devo começar dizendo que nem sempre fui totalmente defensor dessa série ter uma continuidade de tantas temporadas. Sua história trata de algo muito pesado e em seu começo não houve tanta responsabilidade assim, tanto de distribuição quanto da exposição desses assuntos (existe até cenas que foram cortadas). Mas também assumo, que essa última temporada foi totalmente surpreendente, houve uma mudança muito perceptível e responsável de se expor e de se tratar dos diversos temas pesados abordados. Houve os avisos certos e nos momentos certos e até mesmo mudança na indicação de faixa etária (se atente a isso também), o que já acarreta pontos positivos.

Muitas críticas válidas já foram levantadas por conta de a série ter abandonado um pouco o propósito inicial, de tratar do suicídio de Hannah Baker (Katherine Langford), mas na minha opinião a série foi assertiva em abandonar esse tema, pois se esses outros temas não fossem abordados nós só teríamos jogado um tema “pesado”, sem tratar sobre as consequências dos desdobramentos resultantes. Concordo com a ideia de que o roteiro por vezes é bem fraco e se perde no desenrolar, mas mesmo assim ainda valeu a pena a mudança.

Falando um pouco sobre essa temporada em específico (afinal os outros assuntos que são importantes vêm sido discutido desde 2017), temos logo no início o conhecimento de que essa temporada abordará as consequências depois de que “SPOILER” Montgomery (Timothy Granaderos) foi assassinado na cadeia onde foi preso sob acusação de ter matado Bryce Walker (Justin Prentice). Mas, já vemos nos primeiros minutos que será uma história para além de só tentar entender as consequências, mas sim uma história que fala de Vingança, Justiça Real, Empodeiramento Feminino, Descoberta de Identidade Sexual, Crítica a Política, Violência Policial, como também Saúde Mental, como parte dos desdobramentos dentro do Liberty High.

Seguindo um pouco de como funcionou nas temporadas anteriores temos um funeral e com isso as perguntas “quem morreu?”, “quem matou?”, “o que aconteceu”. E já digo que dessa vez demora um pouco (até demais) para essa pergunta ser respondida. Na realidade, essa temporada tem tantas outras coisas além de descobrir quem morreu, que por um momento eu até me esqueci que estávamos falando da morte de alguém até que ela chegou (e como foi difícil).

Falando sobre a responsabilidade da série, principalmente ao falarmos de saúde mental e o lidar com os problemas de ansiedade, ataques de pânico, alucinações e até “flashes de esquecimento”, temos um processo de acompanhamento psicoterapêutico muito bom e muito eficaz, já que na primeira temporada isso foi um grande problema apontado. O ator Gary Sinise interpreta Dr. Robert Ellman muito bem e nos entrega uma terapia e uma postura exemplar como profissional de saúde mental.

Falando de elenco das séries, encontramos novamente Clay, Justin, Zach, Tyler, Jessica, Ani, Alex, assim como temos a inserção e notoriedade de outros personagens, que são Diego Torres (Jan Luis Castellanos) e Estela de La Cruz (Inde Navarrette). 13 Reasons Why entrega para nós mais uma vez uma vasta e importante gama de personagens tridimensionais que dividem o protagonismo da história e possuem uma excelente atuação. Nós por um momento deixamos de admirá-los somente como personagens ficcionais e queremos ser amigos deles.

Uma coisa que fiquei preocupado foi do roteiro não conseguir lidar com todos os temas que foram levantados. Como temos muitos personagens e todos terem muita força para carregar a sua própria história, o roteiro sugerir qualquer nova temática como a “Cyber Perseguição” a moda de Pretty Little Liars que teve com o Clay, era motivo do final ser um grande fiasco, mas eles conseguiram (mesmo que “conseguir” seja entregar algo que minimize coisas a quase nada).

Mas o relevante é que mesmo diante das irresponsabilidade do passado, 13 Reasons Why nessa quarta temporada veio cumprir o papel que, eu acredito, deveria ter sido desde o princípio. Nessa temporada pudemos conversar sobre: Estresse Pós-Traumático e Dissociação de Imagem (Clay); Vício de drogas (Justin); Ressignificação e Empoderamento (Jessica e Any); Sobrevivência e Valorização (Alex); Superação (Tyler); Autodestruição e Redenção (Zach); Vingança (Diego), Luto (Winston), Perseguição Policial e Étnica (Toni e Diego) e muito mais. 13RW pode ter sido a série errada por muito tempo, mas dessa vez ela veio com os personagens certos com temática e abordagens que nos movem a querer fazer alguma coisa (o episódio 8 é uma obra de arte, e deve ser vista).

Aprendemos então que: todos somos humanos, todos temos problemas, todos precisamos de pessoas… A série traz problemas reais de pessoas reais, personagens e temáticas que saem da tela e encontra a verdade do nosso dia a dia com o convite de LEVANTAR E FAZER ALGUMA COISA. PRECISAMOS FALAR SOBRE ISSO. PRECISAMOS FAZER ALGO.

Mas no final a série (assim como as vezes na vida) caminha para o fim, caminha para uma das despedidas mais sensíveis e emocionantes que vi nos últimos meses (de séries recentes), com uma formatura com discursos reais e palpáveis sobre o aprendizado de tudo o que eles viveram e passaram. Que concordemos, foi MUITA COISA. Tivemos até a presença de personagens da primeira temporada que já haviam dado seus próprios passos depois de tudo. E como é poderoso a gente ver que depois da luta a vida continua e ela ainda pode ser boa.

Sei que a série tem seus problemas, sei que muita gente pode ficar incomodada com a temática, roteiro e até mesmo a profundidade de tantos personagens, mas escolhi terminar a série com o sentimento de entender nas próprias palavras de Jessia Davis: Saudade é Saudade

E é isso que agora essa série vai ser, o ciclo se encera de maneira Responsável, Polêmica, Real e Emocionante, como deveria te sido desde o princípio. Afinal, acho impossível não se emocionar ou pelo menos se sensibilizar com a história e a realidade abordada.

Por isso você que ainda não assistiu não pode perder a oportunidade de conferir o final perfeito que a história do Liberty High, que se iniciou com alguns “porquês” de não viver mais, para alguns “porquês” temos que continuar vivendo. Porque no final de tudo a gente sabe que “Ninguém passa por essa vida sozinho.” (Clay Jansen) e a série nos lembra muito bem disso.

PS: Vale lembrar que se você estiver passando por algo parecido com alguns personagens da série, ou a temática causou algo em você: Você pode e deve procurar ajuda.

Se abra com pessoas de confiança, procure suporte em amigos, familiares e também ajuda profissional. VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO NESSA!

E mesmo que não se sinta confortável temos a disponibilidade do telefone de número “188” para todo o território nacional e/ou do chat do Centro de Valorização à Vida. Ambos são gratuitos e anônimos.

Procure ajuda!

13 Reasons Why

Diretor: Brian Yorkey

Elenco: Dylan Minnette, Christian Navarro, Alisha Boe, Brandon Flynn, Miles Heizer, Ross Butler, Devin Druid, Anne Winters, Grace Saif, Timothy Granaderos, Deaken Bluman, Justin Prentice, Jan Luis Castellanos, Inde Navarrette e mais

Ano de lançamento: 2020

Clay Jensen é um estudante que se vê envolvido junto de seus amigos em uma série de mistérios provocados pelo trágico suicídio de uma amiga e seus desdobramentos

Relacionados

Destaques

Insta
gram

[jr_instagram id='3']

Parceiros