À Primeira Vista é um livro escrito por David Levithan e Nina LaCour. Seu lançamento é de 2017  pela Galera Record.

 

Sobre o Livro

Kate e Mark estudam na mesma escola e até participam de uma aula juntos já tem um tempo, mas nunca conversaram de verdade. Não existe um motivo para isso, apenas a vida de cada um apontando para uma direção diferente. Mark é jogador de basebol e tem uma amizade colorida com Ryan, e embora já tenha saído do armário prefere manter sua paixão pelo melhor amigo em segredo. Isso porque o medo de perder essa amizade é maior do que sua vontade de ‘esclarecer’ a relação dos dois.

“No contexto do nosso relacionamento, isso faz todo sentido: somos só amigos, exceto pelos momentos em que, ops, somos mais que só amigos. Não falamos sobre esses momentos, e eu acho que Ryan acredita que, se não falarmos sobre eles, significa que não acontecem.”

Enquanto isso Kate vive um momento muito confuso da sua vida. O relacionamento com a melhor amiga anda esquisito e ela já não se sente tão à vontade quando estão juntas. Além disso, Kate é apaixonada por uma garota que não conhece pessoalmente, e quando surge a possibilidade de um encontro real, ela foge. E se não der certo? E se elas não forem exatamente aquilo que imaginam? Melhor não arriscar.

Tendo como ponto de partida uma noite de comemoração da semana do orgulho gay, em uma boate escura e purpurinada, Kate e Mark se encontram e, ao que parece ser pela primeira vez, realmente se enxergam. E os dois jovens que se sentem confusos com relação a vida e solitários mesmo ao redor de pessoas queridas, decidem que a partir daquele momento serão melhores amigos.


Minha Opinião

Toda a história do livro acontece em uma semana, no período em que as comemorações do dia do orgulho gay estão a todo vapor. Kate é uma garota lésbica apaixonada por Violet, uma menina que não conhece pessoalmente e por quem nutre um sentimento idealizado, que muitas vezes se transforma em uma válvula de escape para toda a confusão emocional que experimenta no momento. Mark é um garoto gay que há muito tempo é apaixonado pelo melhor amigo. Por conta desse sentimento aceita manter uma amizade colorida; mas o que para Ryan significa apenas dar uns amassos com um amigo, para Mark é uma situação agridoce que começa a causar cada vez mais sofrimento.

No dia que Mark e Ryan decidem sair para comemorar em grande estilo – aqui imaginem uma boate ao som de Rihanna e com rapazes dançando seminus no balcão do bar – o que ele menos esperava acontece: Ryan começa a criar coragem para assumir sua orientação sexual, mas isso não acontece como Mark imaginava. Enquanto tenta lidar com a imagem do seu grande amor dançando com um cara lindo, alto e musculoso, o jovem se depara com Kate. A menina que já sentou ao lado dele na aula de cálculo, mas com quem nunca trocou muitas palavras. Ali, sentada no escuro no fundo da boate, Kate busca maneiras de fugir de tudo aquilo que lhe causa angústia e inquieta o peito. Nesse momento eles decidem que serão amigos. E a partir deste ponto, e durante uma semana, os dois jovens mostram ao leitor muito do que se precisa saber sobre o que significa de fato ser amigos.

Alternando os capítulos com o ponto de vista de Mark e Kate, a história permite que o leitor conheça profundamente os protagonistas. Seus questionamentos, seus anseios, os medos e os desejos que não costumam revelar para ninguém. Verdades que escondem até deles mesmos começam a vir à tona com o passar das páginas, e ao mesmo tempo em que a gente se incomoda com alguns comportamentos dos dois, também vamos nos apaixonando pelo que cada um é. E é lindo ver a importância que os autores deram à amizade neste livro.

Aliás, quando vi a capa de À primeira vista, por não ter lido a sinopse, jurei que se tratava de um romance. Claro, existe romance de sobra no livro, mas foi uma grata surpresa descobrir que mais do que isso esta é uma obra que fala sobre amizade. Desta forma o título faz muito sentido, principalmente se pensarmos que no momento que Kate e Mark de fato se veem, como cada um é de verdade, surge entre eles um sentimento que, embora precoce, pode sim ser considerado amor daquele tipo mais puro e altruísta que existe.

Além disso, a relação dos protagonistas com os personagens secundários também é belamente explorada, de modo que conhecemos mais dos dramas, amores, tristezas e vitórias de muitos que aparecem na história. Tudo isso é capaz de enriquecer a narrativa de tal forma que vamos sentindo o coração aquecer conforme avançamos na leitura e terminamos o livro com um sorriso nos lábios.

“Aqui estamos nós, por dias difíceis e dias bons, por desespero e por euforia, apaixonados e decepcionados, só agora ou para sempre. Aqui estamos nós. É nossa parada.”

Vale lembrar que a história não segue uma estrutura de desenvolvimento da narrativa como estamos acostumados, porque aqui não existe um ápice; o leitor não espera que uma reviravolta possa acontecer a qualquer momento. E se a gente acha que apenas acompanhar o dia a dia dos protagonistas durante uma semana pode parecer estranho, esse sentimento rapidamente se transforma em uma atração que nos faz não querer largar as páginas, porque a simplicidade aqui se torna o ponto positivo da história. Outro ponto que achei interessante foi que, embora o livro tenha sido escrito através da parceria entre os dois autores, em momento algum houve discrepância na qualidade do trabalho. Eu já era fã do Levithan e confesso que nunca havia lido nada da LaCour, mas depois deste livro fiquei bem curiosa para conhecer suas outras obras.

No mais, para quem ler este livro, recomendo uma atenção especial aos agradecimentos, porque ali os autores contam como o livro surgiu e o quanto significativo foi terminá-lo justamente no fim de semana em que o Orgulho Gay era comemorado, no mesmo período em que a suprema corte passou a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Eles falam que gostam de imaginar que Mark e Kate estavam ali comemorando com eles, e após finalizar a leitura é impossível não concordar com isso.

À primeira vista, portanto, conta a história de uma amizade que surge da maneira mais inusitada possível, e que se torna justamente aquilo que os dois protagonistas mais precisam no momento: uma fonte de amor, de abraço apertado e acolhimento das dores e angústias vividas por eles.

À PRIMEIRA VISTA

Autor: David Levithan e Nina LaCour

Editora: Galera

Ano de publicação: 2017

Esqueça amor “à primeira vista”. Esta é uma história de amizade “à primeira vista”… ou quase.
Mark e Kate são da mesma turma de cálculo, mas nunca trocaram uma única palavra. Fora da escola, seus caminhos nunca se cruzaram… Até uma noite, em meio à semana do orgulho gay de São Francisco. Mark, apaixonado pelo melhor amigo — que pode ou não se sentir do mesmo jeito —, aceita o desafio que mudará sua vida. E sobe no balcão do bar em um concurso de dança um pouco diferente… Na plateia, Kate, fugindo da garota que ela ama a distância por meses e confusa por não se sentir mais em sintonia com as próprias amigas, se encanta pela coragem e entrega do rapaz. E decide: eles vão ser amigos. Em meio a festas exclusivas, fotógrafos famosos, exposições em galerias hypadas, essa ligação se torna cada vez mais forte. E Mark e Kate logo descobrem que, em muito pouco tempo, conhecem um ao outro melhor que qualquer pessoa. Uma história comovente sobre navegar as alegrias e tristezas do primeiro amor… uma verdade de cada vez..

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