À Beira da Loucura é um thriller psicológico da autora B. A. Paris, publicado em 2018 pela editora Record.

SOBRE O LIVRO

Morar perto de um bosque, em uma área isolada da cidade, era para ser o lugar mais seguro do mundo. Mas em vez de segurança, Cass tem se sentindo cada vez mais desprotegida. Desde o assassinato de uma mulher na rua que liga o bosque à cidade, Cass tem certeza que o assassino está atrás dela. Isso porque ela passou por aquela rua na noite da tragédia.

As coisas só pioram quando ela se dá conta de que Jane, a mulher morta, era na verdade sua mais nova amiga. Elas tinham acabado de se conhecer, e Cass fica arrasada ao descobrir que uma pessoa próxima teve um fim tão brutal.  Com este conhecimento, Cass se sente agora culpada pela morte da amiga. Afinal quando ela passou por lá Jane ainda estava viva dentro do carro, e ela poderia ter feito alguma coisa. Ou será que Cass também seria uma vítima naquela noite se tivesse permanecido um pouco mais?

“Respiro fundo, arquejando em silêncio com o choque. É como se alguém tivesse jogado um balde de água fria em mim, me despertando, me obrigando a encarar a dimensão do que fiz. Dissera a mim mesma que ela provavelmente já tinha ligado para alguém pedindo ajuda – no entanto, eu sabia que não havia sinal de celular no bosque. Por que eu tinha feito isso? Foi porque esqueci? Ou porque isso permitiria que eu fosse embora com a consciência tranquila? Bem, minha consciência não está mais tranquila. Eu a deixara ali para enfrentar seu destino, a deixara ali para ser assassinada.”

Contudo as coisas não são tão claras para Cass. Já faz um tempo que ela veem se esquecendo de alguns detalhes. Coisas que ela não sabe se aconteceram ou não. Ela tem apenas 33 anos, mas com apenas dez anos a mais que ela, sua mãe faleceu de demência e ela teme estar indo pelo mesmo caminho. Como ela pode confiar nas coisas que vê ou que ouve se ela não consegue distinguir o que é verdade e o que é fruto de sua imaginação?


MINHA OPINIÃO

Thriller psicológico não é um gênero comum de leituras para mim. Ficar com a mente perturbada em busca de respostas é de certa forma assustador. Me encontro em um beco sem saída junto com os personagens, fico ansiosa, apreensiva, e neste caso louca junto com a protagonista. Ter uma personagem não confiável é também um dos motivos para me manter longe de enredo neste estilo. Porém, por ter ouvido falar tão bem do livro anterior da autora quis dar uma chance para À Beira da Loucura, e infelizmente o livro não foi além das minhas expectativas, que já não eram tão altas. Por outro lado, alguns pontos que dos quais eu estava com bastante receio foram bem positivos.

“Já se passaram quatro semana desde o assassinato de Jane, e mal posso acreditar em quanto minha vida mudou em tão pouco tempo. O medo e a culpa se tornaram tão constantes que nem lembro mais como é viver sem eles. E não saber onde meu carro estava ontem realmente mexeu comigo. Se eu precisava de mais provas de que estou apresentando sinais de demência, isso foi o suficiente.”

Cass é rica, ela só soube da fortuna que o pai havia lhe deixado quando sua mãe morreu. Contudo, ela adora lecionar e é o que faz da vida. Seu marido Matt é bancário e eles vivem em um chalé que ela mesmo comprou em um lugar isolado. É na véspera de suas férias escolares que a história se inicia. Diferente de outros livros do gênero que li onde o personagem não era confiável por conta da bebida, neste aqui é um problema de saúde, e isso por si só já me deixou aliviada. Distinto de outros livros também é o fato da protagonista ter suas necessidades pessoais como banho e alimentação não esquecidas, não sei porque, mas a falta disso me incomodava muito em histórias anteriores. E por fim, ser uma protagonista que quer descobrir a verdade do que está acontecendo foram todos pontos assertivos na história.

Contudo, mesmo que a escrita seja fluida, a narrativa tem momentos bastante cansativos. Quando a personagem passa a receber as ligações estranhas em casa e começa a agir diferente por conta disso, fica tudo muito repetitivo, demorando para as coisas serem solucionadas. E quando isso acontece, lamentavelmente não é de forma construtiva, as respostas simplesmente aparecem do nada. E isso me incomodou muito, até porque não é uma solução surpreendente e com a falta de desenvolvimento para se chegar à ela causou muita decepção. Outra frustração que tive foi com o final, solucionado rápido demais deixando muitas pontas soltas.

Ter lapsos de memória e se sentir prisioneira dentro da própria mente são sim temas bastante intrigantes. Quando comecei a leitura fiquei me perguntando a onde um simples assassinato poderia dar. Procurei pontas soltas no que Cass viu na rua, e em todas as suas possíveis lembranças e pouca coisa se encaixava, afinal não podemos confinar na protagonista. E sendo assim, a autora tinha tudo para escrever um enredo perfeito. Mas, por conta do final rápido sem explicar o que aconteceu com alguns personagens, e uma solução simplesmente jogada na mesa estragaram minha experiência de leitura, que até então excluindo o fato da repetição, estava sendo interessante.

Apesar de ter encontrado aqui um livro, digamos que “meio termo” ainda assim quero dar outra chance a autora. Sua escrita é contagiante e suas ideias interessantes, apesar de ter um fundo clichê, são bem construídas. Talvez foi a forma de solucionar que ela não soube inserir direito na história. Mas, isso não me impede de ler outras coisas, como o tão bem falado Entre Quatro Paredes. Então se você gosta de thriller psicológico, não deixe de ler, e se já leu me conte sua opinião parar que possamos conversar.

À BEIRA DA LOUCURA

Autor: B. A. Paris

Tradução: Cláudia Costa Guimarães

Editora: Record

Ano de publicação: 2018

Em quem mais confiar quando não se pode confiar em si mesmo? Cass está sendo consumida pela culpa desde a noite em que viu uma mulher dentro de um carro parado na estrada perto de sua casa, durante uma terrível tempestade, e tomou a decisão de não sair para ajudá-la. No dia seguinte, aquela mesma mulher foi encontrada morta naquele exato lugar. Cass tenta se convencer de que não havia nada que pudesse ter feito. E, talvez, se tivesse ido ajudá-la, poderia ela mesma estar morta agora. Mas nada disso é o suficiente para aplacar a angústia que sente, principalmente considerando o fato de que o assassinato aconteceu ali do lado, bem perto de sua casa isolada ― e que o assassino ainda está à solta. Então, depois da tragédia, Cass começa a ter lapsos de memória: não consegue se lembrar de ter encomendado um alarme para casa, não sabe onde deixou o carro, muito menos por que teria comprado um carrinho de bebê quando nem filhos tem. A única coisa que ela não consegue esquecer é Jane, a mulher que poderia ter salvado, e a culpa terrível que a corrói por dentro. Tampouco consegue esquecer as ligações silenciosas que vem recebendo, nem a sensação de que está sendo observada. Seria possível que o assassino a tivesse visto, parada no acostamento, enquanto decidia se ajudaria a mulher ou não? Será que ele está tentando assustá-la para que ela não conte nada à polícia? Mas como alguém poderia acreditar em seus temores quando nem mesmo ela é capaz de saber o que é verdade e o que é mentira? E como Cass pode acreditar em si mesma quando tudo ao seu redor parece provar que está ficando louca?

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