Atenção!

Esse livro contém cenas de violência extrema e mortes e não é recomendado para qualquer leitor.

A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é a mais nova sequencia da já amada série Jogos Vorazes escrito por Suzanne Collins, publicado aqui em 2020 pela Editora Rocco.

Sobre o Livro

Ambientado um pouco mais de 60 anos antes da nossa trilogia com Katniss Everdeen, Suzanne Collins nos conduz a conhecer um pouco mais sobre o ditador que assumiu a presidência de Panem, Coriolanus Snow e assim acompanhar seu passado e como ele se tornou quem é e assumiu a posição que tem. Alem disso temos o privilégio de conhecer a vida na Capital e como os Jogos Vorazes funcionavam nos primeiros anos após os “tempos de guerra” ou “dias sombrios”. Estamos vendo então a 10° edição do Jogos, onde Snow é escolhido como mentor de tributos.

Dessa vez conhecemos a capital e seus habitantes bem longe do luxo que sabemos que ela possui, acompanhamos um Snow que perdeu sua riqueza, seus pais, bens e somente mal sustento alimentício possui, mas vive da glória que um dia seu sobrenome teve. Snow filho de um militar que investiu toda a sua fortuna em armas no Distrito 13 (que foi dizimado na guerra) em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes vive uma farsa que na companhia de sua avó e de sua prima Tigres lutam para continuar mantendo a imagem da família pro restante da elite da capital.

“O que são mentiras além de tentativas de esconder algum tipo de fraqueza.”

Coriolanus então enxerga uma nova oportunidade de mudar de vida, quando é ofertado para ele se tornar responsável pela tributo do distrito 12, Lucy Gray, que desde o momento da colheita, choca e conquista toda a capital com a sua atitude, carisma e com sua voz que emociona até mesmo aquele que acreditamos não possuir coração. Com o destinos entrelaçados e a sobrevivência dependendo um do outro, Snow e Lucy terão que enfrentar a arena e as consequências que se tem ao viver e enfrentar Os Jogos Vorazes.


Minha Opinião

Tenho de começar dizendo que como fã da saga eu estava com muita saudade de retornar a Panem, para o ambiente que circula entorno dos Jogos Vorazes e o sistema político desse país que sempre muito me interessou. Mas diferentemente do espetáculo que os Jogos são na edição da Katniss, Suzanne Collins aqui nos mostra (se é possível classificar assim) algo ainda mais violento, desumano e brutal.

A história é dividida em três partes e acompanhamos através da maravilhosa escrita de Suzane Collins a vida do Snow e da Lucy pela ótica de um narrador externo, o que só torna ainda melhor toda a experiência.

Temos meios de transporte muito similares a época da escravidão, acomodações animalescas (sim, os tributos ficam em zoológico) e uma realidade de dor e sofrimento que começa desde o momento da colheita e por vezes acaba muito antes de se estar na área. Nem mesmo prêmio se existe para o ganhador (além da vida) o que enfatiza a brutalidade que em uma sociedade pós guerra se torna dificultosa demais de acompanhar, inclusive causa mau estar no leitor. E está exatamente aí o problema, a elite da Capital quer que o jogos seja interessante, quer que pelos distritos ele seja assistido, quer fazer dele um exemplo para lembrar das consequências de um levante rebelde e por isso cria um grupo estratégico de 24 jovens para atrair os olhos de todos, para fazer dos Jogos Vorazes um espetáculo.

Para mim acompanhar a mente do Snow seria um problema, por já saber o monstro que ele é, mas a surpresa de saber sua origem, história e sua personalidade já firmada como um monstro mesmo na adolescência tornaram realmente essa história interessante. Além do mais, o privilégio de também conhecer uma tributo que se assemelhava com a Katniss como a Lucy Gray, tornou a história mais fluida já que a cabeça do Snow por momentos soa bem monótona, fria e angustiante.

“Os seres humanos podem não ser perfeitos, mas nós somos melhores que isso.”

Uma das muitas coisas que fazemos nesse livro, além de nos abismarem com os pensamentos do Snow, é refletir. Refletir sobre as escolhas tomadas pelo Snow, refletir sobre os companheiros e amigos dele, refletir sobre os tributos, a capital, os distritos e até mesmo refletir sobre a nossa sociedade. Em A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, Suzanne Collins nos revela os caminhos que um ser humano sem o mínimo de empatia toma para conquista as pessoa e tudo o que quer, apenas por meio da aparência e do convencimento à todos de que a sorte está sempre a seu favor.

A justificativa aqui para as atitudes do Snow não acontecem e isso era outro grande medo meu, mas um ponto que poderia racionalmente colocar como negativo é a tentativa de romance que a autora tenta inserir na história com o mentor e sua aprendiz. Eu não consegui conceber a ideia de que tudo esta um caos, mortes para todos os lados e o Snow está preocupado com se a Lucy está pensando nele o tanto que ele está pensando nela. Simplesmente não dá.

Mas a autora nos entrega uma história muito consistente, mostrando que mesmo que uma pessoa possa realizar bons feitos, ter amigos, viver momentos agradáveis e muitas outras coisas pode acabar se tornando um monstro ansiando o benéfico próprio e a conquista de glória e poder em qualquer oportunidade. Snow teve muitas oportunidades de ser alguém melhor, mas mesmo nos seus 18 anos já possuía traço de um ditador, tirano, frio e calculista tendo atitudes péssimas até mesmo com as pessoas de quem gostava ou queria o seu bem, como sua prima Tigres e seu amigo Sejamus.

Ressaltando pontos positivos na história, enfatizo o quanto os personagens secundários são tão tridimensionais quanto os protagonistas. Como já citado, na história do Snow temos a já conhecia Tigres, que aparece em Jogos Vorazes: A Esperança e foi muito especial para mim ver a sensibilidade dessa personagem e sua importância até mesmo para entender seu posicionamento no futuro quando de econtra com a Katniss; assim como Sejamus Plinth (que foi meu personagem favorito na história), onde entendemos o conceito de todo o preconceito que a capital tem com os distritos e seus habitantes, assim com a revolta dos moradores dos distritos com respeito a tirania e domino da capital.

Os colegas de sala e a própria idealizadora chefe dos jogos Dra. Ghaul também possuem sua profundidade revelada, assim como o pessoal do “Bando” (a família de Lucy Gray), que traz para essa história a afirmação da habilidade extraordinária da autora em nos estimular a refletir nossa sociedade, política e o estado de natureza das pessoas.

Outro ponto importante a se destacar no livro é a música. Temos com a agregação dela a nostalgia de momentos impactantes da história da Katniss e dos seus jogos. Isso porque Lucy Gray, com sua maravilhosa voz, conquista toda a capital e junto do “bando” faz grandes apresentações. Também no decorrer da história compõe músicas que transpassam gerações como a que Katniss canta para Rue nos jogos e a música da “Árvore Forca”.

“Quem precisa de riquezas, sucesso e poder quando se tinha o amor? O amor não conquista tudo?”

A autora deixa um grande gancho no final para talvez possíveis continuações dessa historia, mas se não houver, o final é excelente e uma grata surpresa para o leitor. Temos aqui uma trama que aborda disputas por poder, estado de natureza humana, silenciamento da sociedade e a constituição de um governo totalitário e facista, agregando ao livro um grande aprendizado sobre política e sociedade.

Para mim A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes é uma história que vai ser um grande divisor de opniões, mas é indispensável para os fãs da série. Possui uma história coerente e mesmo que suas 576 páginas sejam um exagero, acredito que cumprem o papel que a autora sempre quis trazer com suas histórias: Um retrato atual da sociedade e do cenário politico e que temos de fazer alguma coisa se quisermos transforma-los.

Encerro essa resenha convidando você que chegou até aqui para realmente ler essa história, compartilhar sobre ela, refletir e não deixar acontecer hoje o que aconteceu com Panem: Snow cair como a neve, sempre por cima de tudo.

A CANTIGA DOS PÁSSAROS E DAS SERPENTES

Autor: Suzanne Collins

Tradução: Regiane Winarski

Editora: Rocco

Ano de publicação: 2020

UMA HISTÓRIA DA SÉRIE JOGOS VORAZES.AMBIÇÃO O ALIMENTARÁ. COMPETIÇÃO O CONDUZIRÁ. MAS O PODER TEM O SEU PREÇO. É a manhã do dia da colheita que iniciará a décima edição dos Jogos Vorazes. Na Capital, o jovem de dezoito anos Coriolanus Snow se prepara para sua oportunidade de glória como um mentor dos Jogos. A outrora importante casa Snow passa por tempos difíceis e o destino dela depende da pequena chance de Coriolanus ser capaz de encantar, enganar e manipular seus colegas estudantes para conseguir mentorar o tributo vencedor. A sorte não está a favor dele. A ele foi dada a tarefa humilhante de mentorar a garota tributo do Distrito 12, o pior dos piores. Os destinos dos dois estão agora interligados – toda escolha que Coriolanus fizer pode significar sucesso ou fracasso, triunfo ou ruína. Na arena, a batalha será mortal. Fora da arena, Coriolanus começa a se apegar a já condenada garota tributo… e deverá pesar a necessidade de seguir as regras e o desejo de sobreviver custe o que custar.

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