A Construção de Noah Shaw é o primeiro livro da série Confissões de Noah Shaw, da autora Michelle Hodkin. A publicação é de 2018 pela Galera Record.

Sobre o Livro

Noah está no cemitério, enterrando o pai que cometeu suicídio. Ou é isso que dizem. Mara aparece, e justamente neste instante os cavalos que guiam o cortejo se exaltam e fogem como se temessem pela própria vida. Como são espertos… Mara está ali, todos deveriam temer. Antes do casal deixar o cemitério, se deparam com mais um suicídio, um que Noah vê e sente como se fosse o dele próprio. Isso quer dizer alguma coisa? É claro que sim, Essa visão é o início de uma série de muitas outras.

“- quando um de nós está morrendo, ou prestes a morrer, sinto o que eles sentem – a dor e o terror nos conectam. E vejo o que veem; o suficiente para descobrir onde estão, mas nunca com tempo o bastante para ajudá-los de fato. Acabei me acostumando a falhar com eles depois de ter visto e sentido, e tantos morrem – há um certo vazio que se infiltra pelas beiradas e ocupa um espaço onde as emoções deveriam estar. Já nem me sinto mais culpado…”

A morte do pai deixa para Noah muito mais do que o status de órfão. Agora ele é herdeiro de um império que nunca quis. É o dono de empresas que fizeram experimentos em jovens e os transformaram para sempre. É o responsável pela irmã mais nova, pela fortuna, e por um futuro completamente incerto e que carrega apenas uma única certeza: Mara Dyer estará nele até o fim. Será? De acordo com o pai, ela seria a morte de Noah. Convenhamos, ele pode estar certo. Mas há amor ali, entre estes dois jovens que são o oposto um do outro: ele, a vida e a cura. Ela, a morte e a destruição. Até quando poderão ficar juntos?

Ao mudar-se para Nova York, Noah Shaw pretende descobrir o que significa os suicídios aleatórias que estão acontecendo, cada vez mais próximos; mortes que ele enxerga através dos olhos das vítimas utilizando seu dom, mesmo que muitas vezes, e com cada vez mais frequência ele o considere uma maldição. Na companhia de personagens que fizeram parte da trilogia Mara Dyer e de alguns integrantes novos, A Construção de Noah Shaw promete mostrar aos leitores a história de um personagem dicotômico que tem muito, muito a dizer e mostrar.


Minha Opinião

A trilogia da Mara Dyer é uma das minhas favoritas até o momento. Aquele tipo de história sobre adolescente cheios de problemas que se descobrem com poderes incríveis e perturbadores e que vão parar em um  determinado lugar para entendê-los melhor. É claro que ali nascem mais problemas e surgem também as possibilidades, e a trilogia Mara Dyer foca basicamente nisso: esses jovens se descobrindo, lidando com traumas, torturas de todos os tipos, descobrindo amizades, amores, dissabores e poderes que deixaria qualquer professor Xavier sentindo um misto de exasperação e euforia.

Nessa trilogia, toda narrada sob a perspectiva da Mara, descobrimos que ela pode matar apenas desejando isso em pensamento e que Noah consegue sentir as pessoas; ‘ouvi-las’ através das reações de seus corpos. Mas os poderes de Noah não param por aí, claro. Ele enxerga, através dos olhos de pessoas como eles, ‘agraciados’ com dons, os momentos que antecedem sua morte: sabe o que se passa através dos pensamentos e sentimentos daquelas pessoas. Ah, e de quebra, ele tem um poderzinho básico de cura.

Depois dessa ambientação bem basicona, posso dizer que a nova série da Hodkin veio dar voz para Noah. Aqui a gente acompanha a narrativa sob a perspectiva dele, pouco tempo após o encerramento da trilogia Mara Dyer. Aqui eles estão junto e tentam descobrir o que fazer após os horrores que enfrentaram. É neste ponto que fica interessante acompanhar a jornada sob a perspectiva dele. Se sob o ponto de vista de Mara a gente tinha aquele medo que foi se transformando em puro ódio conforme ela descobriu sobre o que se tratava o que eles passaram e do que ela era capaz, aqui a gente conhece um carinha no auge da sua juventude, boa parte dela passada com um desejo suicida imenso, tentando se reconstruir e percebendo que ali basicamente não havia peça alguma para ajudar a fortalecer o alicerce.

“Uma vida com propósito. É o que supostamente devemos querer, ou criar. Carpe dien, aquela merda de sempre… Acontece que não tenho um.”

A narrativa é permeada de um humor negro e mórbido, e mesmo assim Noah se mostra um ser humano sensível e empático; mas não são esses sentimentos positivos que se sobrepõe. Ele é uma alma amargurada, sempre desconfiado de tudo e todos, é melancólico e sentimentalista e tudo isso escorre para as páginas. Não à toa o livro traz uma advertência bem antes da história: os temas aqui são pesados, e nenhum tipo de humor, ironia ou tentativa de pormenorizá-los através de tiradas satíricas tira o peso que eles têm. Então já aproveito para dizer que, embora esse seja um YA com toques de fantasia, mistérios e ficção, pode não ser adequado para ler naqueles momentos em que estamos mais fragilizados, sabe? É uma vibe dark que rola aqui.

De todo modo, tirando todo o lado negro da força, o livro me surpreendeu positivamente. Ele é acelerado, vem com mistério atrás de mistério, o que me deixou um tanto parecida com o Noah: frenética, tensa e paranoica. Esses sentimentos aumentam principalmente após eles se mudarem para Nova York, porque as mortes continuam, e a gente percebe que embora os pesadelos tenham terminado na trilogia anterior, aqui eles retornam maiores e mais fortes. Novos agraciados surgem, e nos deparamos com poderes particularmente interessantes, o que foi um acréscimo bem necessário para não deixar aquela sensação de mais do mesmo e contribuiu positivamente para a construção do mistérios que promete carregar essa história.

“As cicatrizes invisíveis são as que mais doem.”

Um deles (e talvez o mais importante, pois está diretamente ligado ao casal) quem leu os livros da Mara já sabe, mas se não leu descobre aqui, pois a pergunta se repete do começo ao fim. A questão é levantada por absolutamente todo mundo, cada um a sua maneira, o que nos leva a ficar a todo instante se perguntando: quem são os mocinhos aqui? quem são os vilões? No fim das contas talvez essas questões não importem, e o que a gente deva se perguntar ao acompanhar esta ‘nova’ série da Michelle é: como será possível sobreviver a tanta tensão (física, emocional e sexual) sendo que ela se utiliza de meios malignos de tortura como cliffhanger?Não tenho resposta para isso. Aliás, o que menos tive com a leitura deste livro foram respostas.

Além do fato de que muita coisa está por vir, nada fica muito claro na narrativa, pelo menos não com relação ao que raios está acontecendo ali. Sem dúvidas uma característica da escrita da autora é encher a história possibilidades e a cabeça do leitor com suposições que podem ou não ser confirmadas conforme a gente avança na leitura . O que me conforta é saber que ela é daquele tipo de costuma amarrar todas as pontas e responder cada perguntinha que deixa em aberto. Agora é torcer para que aqui as coisas funcionem de maneira semelhante. Então, se o que você procura é uma série bem capaz de mexer com seus nervos, que traz personagens bem construidos, com constantes referências à cultura pop, mas que te deixe em estado de nervos alterado por toda a narrativa, esta pode ser uma boa pedida  – levando em consideração o aviso acima ;)

Mas posso só dar uma diquinha? Leia antes a trilogia da Mara Dyer. Além de ser incrível, de já ter todos os livros lançados e deles serem bem rapidinhos de ler, te darão um parâmetro melhor para conhecer intimamente os personagens que aparecem aqui; suas motivações, seus sentimentos, suas necessidades. Claro que é possível iniciar a leitura pela Construção de Noah, até porque teoricamente é uma série nova, mas se já existem três livros ali cheios de uma história maravilhosa, por que não aproveitá-los, não é mesmo? O segundo livro da série, The Reckoning of Noah Shaw, ainda não tem previsão de publicação por aqui, mas espero que seja o quanto antes.

A CONSTRUÇÃO DE NOAH SHAW

Autor: Michelle Hodkin

Editora: Galera

Ano de publicação: 2018

Primeiro livro de Confissões de Noah Shaw, nova série do mesmo universo da série best-seller do New York Times Mara Dyer.
Neste volume, velhos esqueletos são descobertos e novas promessas se mostram mortíferas. É o que acontece depois do “felizes para sempre”. Noah Shaw enfrentou as forças do destino e o próprio pai para ficar com Mara. As mais absurdas provas se interpuseram no caminho do casal. De ter de escolher entre matar a amada ou seu irmão até lidar com uma médica psicopata, Noah precisou de toda a inteligência e perspicácia para viver seu amor.
Agora, os dois finalmente estão juntos e em paz. Mas algo está à espreita. Vários Agraciados morrem, aparentemente por suicídio. A habilidade de Noah de sentir o que eles sentem, no entanto, coloca em xeque essa versão: eles não queriam morrer. Então, por que se mataram? Stella, uma das companheiras de Mara no Horizontes, afirma que a garota é a responsável.
Noah se recusa a acreditar. Mara é uma força incontestável, mas ela não sente prazer em matar. Ou ele estaria equivocado? À medida que mais Agraciados morrem, ele precisa decidir se confia em seu coração ou nas evidências. E precisa decidir se seria capaz de viver seu amor, mesmo banhado em sangue.

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