A Coroa da Vingança é o terceiro e último livro da trilogia Deuses do Egito, da autora Colleen Houck. É um lançamento de 2018 pela editora Arqueiro.

*Essa resenha contém spoilers dos livros anteriores

SOBRE O LIVRO

Após retornar da batalha contra a Devoradora no submundo, Lily perdeu completamente a memória. Não lembra dos riscos e desafios que enfrentou, nem mesmo quem é Amon ou Seth. Sua única certeza, contudo, são as duas vozes que permeiam a sua mente: Tiaret e Ashley. Enquanto tenta entender tudo o que aconteceu e porque há duas vozes em sua cabeça, o Dr. Hassan vai ajudar Lily a se preparar para o maior de seus desafios: libertar o poder de Wasret, a deusa misteriosa que em teoria é a única capaz de detorar Seth, o desfazedor.

“Num momento eu era Lily, uma garota apanhada numa situação impossível, mais perigosa e mortal do que qualquer coisa que eu já havia lido em histórias. E no momento seguinte era algo totalmente diferente.”

O primeiro passo para Lily é retornar para o mundo dos deuses e procurar pelos três irmãos, Amon, Asten e Ahmose, que agora estão sendo caçados e por isso, foram escondidos em uma fortaleza que só a deusa Maat sabe a localização. Após reunir os irmãos, Lily então estará preparada para ir à batalha final.

Entretanto, muitos desafios serão encontrados pelo caminho, perdas acontecerão, e cada vez mais Lily se vê confusa em relação às suas memórias e ações. Enquanto Seth fica cada vez mais poderoso e constrói um exército, Lily ficará cada vez mais perturbada com as revelações que vai tendo ao longo de sua jornada, e no fim dela, uma escolha poderá decidir drasticamente o futuro da batalha – e de todo o universo.


MINHA OPINIÃO

Depois de dois anos, A Coroa da Vingança finalmente chegou para encerrar a jornada da jovem Liliana Young, a adolescente de 17 anos que se apaixona por um imortal e acaba se tornando peça elementar na salvação dos mundos mortais e imortais. Diferente dos dois primeiros livros, nesse observei que há uma exploração  maior da mitologia dos povos antigos, não apenas egípcia, mas também da greta e outras similares. De certa forma o que temos é uma grande releitura de todos os mitos passados em um contexto moderno – e com muito romance.

A vida da personagem não foi nada fácil nessa longa caminhada, tendo de enfrentar demônios, múmias, cães do inferno e outra infinidade de seres sobrenaturais não tão amigáveis. Se por um lado temos uma adolescente de 17 anos, mimada e com pouca experiência que se envolve em um mundo totalmente desconhecido, por outro também temos uma mudança radical em sua personalidade e espírito. Ao final da saga, Lily não se parece mais tanto com a garotinha do começo da série. Pelo contrário, já estava sabendo tomar diversas decisões importantes para os dois mundos.

“Às vezes, proteger significa entrar na batalha.”

O novo desafio da protagonista, entretanto, não é apenas se preparar para enfrentar Seth e seus exércitos, mas sim, descobrir quem ela de fato é. Todo mundo fica falando que ela deve se tornar Wasret, a deusa mítica e poderosa a ponto de destruir Seth. Mas como ela pode ter o poder de uma deusa quando na verdade ela não consegue ter lembranças de suas ações passadas? Além disso, outra dúvida permeia a jovem: o que vai lhe acontecer ao se transformar na suposta deusa? Cada vez mais o cerco vai se fechando e a jovem vai se encurralando em um beco sem saída.

A autora usa essas dúvidas e confusões para discutir alguns temas interessantes relacionados à adolescência. Essa fase costuma ser conturbada para a maioria das pessoas, pois são onde fazemos escolhas que influenciarão grande parte de nossas vidas: universidade, viagens, pessoas, relacionamentos, planos para o futuro. A confusão mental de Lily juntamente com Tiaret e Ashley pode até mesmo ser uma metáfora para mostrar quão complexo é tomar decisões nessa fase. Mesmo assim, também mostra como é importante contar com a ajuda das pessoas em quem confiamos e assim manter o controle das coisas.

Também é nesse ponto que vemos que a confiança é uma das virtudes mais importantes, independente das situações. Lily não tem uma relação muito boa com seus pais, mas com sua avó a coisa é outra. Ambas se entendem, se complementam, se ajudam. Não é a toa que durante a preparação inicial para Lily ir para o submundo, quem está por perto para lhe dar apoio seja a Sra. Melda, sua avó. É na imagem dela que Lily encontra forças para seguir o seu destino e fazer o que precisa ser feito.

“Wasret é de importância vital. Estive esperando que ela surgisse desde a alvorada dos tempos.”

Porém, precisamos ser honestos em relação à trama, e apontar também os seus problemas.  Primeiro de tudo – e isso não é novidade alguma em relação a mim – temos o foco exagerado no romance. Lily fica “mexida” pelos três irmãos (Amon, Asten e Ahmose) em vários momentos da história, sem saber em quem se apegar. Não o bastante, as vozes em sua cabeça também sentem atração pelos rapazes, e fica aquela melação constante. Sem contar as cenas em que, estando todo mundo no meio de algo perigoso, fugindo de uma besta ou mesmo em meio à batalha, aí a personagem para e solta um “seus olhos lindos e envolventes, seu corpo musculoso e..”. Sério? O mundo tá acabando e a garota olha pros músculos do cara?  Ok.

Outra questão também logo de cara que me deixou descrente na trama é a facilidade com que a avó da personagem aceita tudo o que está acontecendo. Em um momento, ela não sabe de nada. Aí aparece um deus, fala que o mundo dos imortais existe e ok, ela se prontifica em ajudar em tudo que for necessário. Tão simples e fácil quanto água caindo em gotas. Mesmo eu sabendo que a história é uma fantasia, pra mim, um personagem aceitar de imediato algo tão radical é muita “ingenuidade”.

“Se alguém tem força suficiente para isso, é você. Jamais acredite que não pode. Acreditar é vencer metade da batalha.”

Acredito que se a trama não tivesse pesado tanto em dilemas amorosos, quem fica com quem e etc, seria um bom desfecho para a trilogia. A narrativa é mais densa, explora melhor os mitos antigos e é muito bacana fazer a viagem para outro mundo, outra dimensão onde coisas grandes e fascinantes acontecem. Por exemplo, uma parte muito bacana é quando a protagonista conversa com um dos seres mais antigos do Cosmos, onde esta explica como era no início a criação do universo, e como com o passar dos milênios, as coisas foram mudando, a humanidade foi se tornando ambiciosa e esquecendo de observar a beleza de toda a criação. São pontos que fazem a gente parar um pouco e pensar de fato sobre isso.

A expectativa estava para o final do livro, mais achei muito simples e até meio patético a forma como o livro termina. Esperava uma batalha mais épica, um confronto realmente de roer unhas de tanta emoção, mas foi muito xoxo. É como se tudo o que os livros nos mostraram sobre Seth na verdade fosse mentira, e ele não passasse de um menininho brincando de deus. Nesse ponto, até o filme Deuses do Egito se sai melhor, ao mostrar a guerra entre Hórus e Seth. Poderia ter sido aqui, mas não foi.

A leitura dessa série se vale mais pelas abordagens mitológicas do que pela narrativa em si, na minha opinião. Para quem não gosta de romance certamente não recomendo a leitura, pois a frustração será constante. Já para quem ama isso, essa série é sem dúvida uma boa forma de conhecer a autora e suas fantasias mitológicas.

A COROA DA VINGANÇA

Autor: Colleen Houck

Editora: Arqueiro

Ano de publicação: 2018

Meses após sua pacata vida como herdeira milionária sofrer uma reviravolta e ela embarcar numa vertiginosa jornada pelo Egito, Lilliana Young está praticamente de volta à estaca zero. Suas lembranças das aventuras egípcias e, especialmente, de Amon, o príncipe do sol, foram apagadas, e só resta a Lily atribuir os vestígios de estranhos acontecimentos a um sonho exótico. A não ser por um detalhe: duas estranhas vozes em sua mente, que pertencem a uma leoa e uma fada, a convencem de que ela não é mais a mesma e que seu corpo está se preparando para se transformar em outro ser. Enquanto tenta dar sentido a tudo isso, Lily descobre que as forças do mal almejam destruir muito mais que sua sanidade mental – o que está em jogo é o futuro da humanidade. Seth, o obscuro deus do caos, está prestes a se libertar da prisão onde se encontra confinado há milhares de anos, decidido a destruir o mundo e todos os deuses. Para enfrentá-lo de uma vez por todas, Lily se une a Amon e seus dois irmãos nesta terceira e última aventura da série Deuses do Egito.

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